31ª Recolha de Entrevista

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Quota MS_00023 Europeana Sounds

BI: Claudino de Jesus Borges Pereira conhecido por Dino d’Santiago (nome que adoptou em alusão à ilha cabo-verdiana de onde são oriundos os seus pais e em homenagem aos seus avós) para se representar no seio musical, nasceu no ano de 1982 na Quarteira (Algarve). É um músico e autor, que vive à data em que esta recolha é efectuada na cidade do Porto.


A sua ligação à música confunde-se com a sua incursão nela como uma actividade regular no seu quotidiano (relembra que começou bem novo, aos 7 anos e ainda na Quarteira, a cantar no âmbito religioso), no universo alargado de alguma da música popular que se faz no país de onde é oriunda a sua ‘família base’ (Cabo Verde) dentro de domínios (as mornas, coladeras, funanás) e práticas mais reconhecidos (do batuque, do violon, etc) e o universo musical que o espaço social ou religioso (igreja) que frequentava lhe proporcionou: como o gospel  e posteriormente, já como intérprete em busca de uma profissionalização,  o funk e o rap, que o vão atraindo e aproximando de várias formas de expressão sonoro-musical e de outros autores, que nessas expressões encontram a força para a sua criação. O seu primeiro fonograma, 'Eu e os Meus', é lançado em 2008 .

 

Nesta recolha de entrevista, Dino reflexiona um pouco sobre o seu percurso, as suas viagens, as proximidades que, com o passar do seu tempo na actividade, sente entre as suas raízes e o resto de parte do mundo por onde tem viajado, nas proximidades entre a ‘música tradicional’ feita em Portugal durante décadas (com os instrumentos no contexto da música popular, os seus cantores e autores, poetas, etc) e a feita em Cabo Verde ou Angola, na facilidade de concepção e adaptação do músico e compositor português a outros universos musicais e a outras realidades socio-espaciais e culturais, na importância dos públicos distintos (do público do interior ao público da metrópole), do papel fundamental das rádios locais, dos pequenos circuitos de espectáculo, mas também no papel da televisão ou das rádios de maior alcance (com todos os seus prós e contras), dos grupos musicais que integra (de Jaguar Band e Expensive Soul a Nu Soul Family ou Dino Soulmotion - o seu primeiro grupo), do seu trabalho individual, do seu novo disco ('Distinu d’um Criolo') e de outros criativos (músicos– rappers, compositores, arranjadores) com os quais tem trabalhado, como Virgul (ex integrante no grupo Da Weasel, com quem inicia Nu Soul Family), Jorge Fernando, Paulo Flores, Valete ou Sam The Kid, entre outros. Mas, incide também sobre a relação do músico com públicos distintos ao longo do país, das diversas significâncias em cantar em línguas distintas (como o crioulo, o português ou o inglês), da revolução que urge e que lhe parece cíclica (de tempos a tempos –‘cada 50 anos’ afirma em jeito de especulativo) no campo musical, e que parte dos seus intervenientes/fazedores e não do meio/mercado, que leva grande parte dos autores, mesmo no seio de algum descomprometimento do mercado para esse facto, a redescobrirem as ‘identidades’ dos seus espaços geográficos ou habitats para se representarem e sentirem representados no panorama musical, etc.

© 2012 Dino d'Santiago à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Edição, Som, Texto: Soraia Simões

Fotografia de recolha de entrevista: Augusto Fernandes

Nota: No ano passado  Dino D'Santiago  contou-me satisfeito que além de ter disco novo tinha assinado pela reconhecida Editora Lusafrica 

Em Março de 2014 Dino seria distinguido em Cabo Verde na Gala Cabo Verde Music Awards com dois prémios nas categorias de Melhor Batuku/Kola Sanjon, com a canção "Ka Bu Tchora", do disco "Eva", e de Melhor Álbum Acústico, "Eva".

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