19ª recolha de entrevista
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BI: Fernando Abrantes nasceu no ano de 1960 em Lisboa. É um músico, engenheiro de som, produtor, arranjador e formador filho de pai português e mãe alemã.
Desde cedo que aprendeu a tocar instrumentos, como piano e guitarra. Tocou inicialmente em grupos musicais, que o irmão (também músico) integrou, em Portugal.
Estudava Engenharia de Som e imagem na Universidade de Dusseldorf, quando foi convidado para substituir Karl Bartos (percussionista electrónico) no grupo Kraftwerk.
Fernando nunca chegou a colaborar directamente na produção dos fonogramas de Kraftwerk, mas andou em tournée com os outros três integrantes do grupo alemão a seguir a The Mix (fonograma datado de 1991).
O grupo considerado ainda hoje por muitos produtores um dos 'pioneiros na vanguarda dos recursos tecnológicos (sincronismos, midi*, etc), da electrónica e das 'músicas de dança' era pouco dado à interacção com o 'seu público' (onde se encontravam algumas vezes fãs como David Bowie ou Billy Idol) contrariamente à postura performativa mais expansiva/efusiva de Fernando, que habitualmente se destacava pela diferença da sua atitude, em relação aos restantes, em palco.
Nesta recolha de entrevista, Fernando Abrantes viaja um pouco por essa fase na Alemanha, explica as diferenças do ponto de vista tecnológico ('cada vez menores') entre Alemanha e Portugal e do facto dessas diferenças terem sobretudo que ver com uma atitude ou génese comportamental diferencial entre ambos os 'povos'/culturas e nem tanto com a base tecnológica ao seu dispor, de como é trabalhar como formador/professor, de alguns dos músicos que admira (como Paulo de Carvalho) e com os quais tem trabalhado em Portugal, do interesse, volvidas cerca de duas décadas, por parte de um realizador alemão em fazer um filme de cariz documental sobre um 'Fernando Abrantes pós aventura alemã com Kraftwerk', etc.
A ligação e importância do músico com noções técnicas de som e do engenheiro de som que foi e/ou é músico ("Na Alemanha um engenheiro de som tem que ser músico" reflecte), a facilidade e entendimento célere em operar mediante ambas as experiências, a relevância de estar no espaço onde opera com olhos postos na educação, partilha, adaptação e transmissão de mecânicas facilitadoras no processo de produção e criação musical em Portugal.
© Fernando Abrantes à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografia: Nuno Santos
Recolha efectuada em Mafra
nota de autora:
*midi Musical Instrument Digital Interface. Designação dada para sintetizadores que reunem uma série de requisitos que vão além do 'MIDI mais comum'. Enquanto que a norma MIDI proporciona um protocolo de comunicações que assegura que diferentes materiais/ferramentas, instrumentos possam interagir de forma mais simples (tocando uma nota num teclado MIDI, fazemos com que um tipo de som reproduza uma nota musical, por exemplo), o 'General MIDI' vai um pouco mais longe. Com ele todos os instrumentos compatíveis com o GM passam a ter um número mínimo de especificações (como por exemplo, 24 notas de polifonia) e através dele associam-se algumas interpretações a vários padrões e mensagens de controlo que não tinham sido especificadas na norma MIDI (como a definição de sons de instrumentos para cada um dos muitos números dos programas).