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Arquivo Mural Sonoro 4

Fred Martins (Músico, Compositor brasileiro)

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Fred Martins (Músico, Compositor brasileiro)

88ª Recolha de Entrevista

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Fred Martins nasceu no Rio, mas vive hoje em Santiago de Compostela. É um dos mais destacados compositores da sua geração na actualidade.

Intérprete e compositor, nesta recolha expressa o modo como se profissionalizou na música, o significado de algumas das suas músicas cantadas por intérpretes brasileiros já consolidados (Renato Braz gravaria ''Por um Fio", Ney Matogrosso: "Novamente" e "Tempo Afora", Maria Rita: "Sem Aviso" e "Perfeitamente" ou, entre outros, Zélia Duncan: "Hóspede do Tempo" e "Flores"), da distinção que a sua actividade na Música Popular, especialmente no domínio da composição musical, assumiu nos últimos anos (e lhe faria ganhar o Prémio Visa de Música Brasileira/9 ª edição, 2006 para melhor compositor por votação unânime do júri e do público). Reflecte também sobre algumas especificidades dos universos musicais que fazem parte da cultura popular brasileira: seja no Rio de Janeiro, São Paulo ou no Nordeste brasileiro.

Nas suas composições encontram-se algumas das influências e referências que apontam para algumas das expressões culturais do seu espaço geográfico de origem como o samba, a bossa nova e o que designa (e explica porquê) de 'nordeste modal', que mistura com outras características da Música Popular no mundo, fora destes universos.


Fred Martins desenvolveu uma relação muito próxima com a música popular que preenche um lado da História do Brasil ao transcrever, durante dez anos, partituras de compositores como Chico Buarque, Noel Rosa, Tom Jobim, Caetano Veloso e Gilberto Gil para os conhecidos Songbooks produzidos por Almir Chediak e tal facto servir-lhe-ia como uma escola influenciadora do papel que mais tarde, já como músico e compositor, veio a traçar.

O músico participou, entre outros, nos festivais internacionais "Lula World 2014" (Canadá), ''Músicas Portuárias", "Cantos na Maré" (Espanha), no "Festival de Verão de Músicas do Mundo de Vila Real" (Portugal) e no "Festival Jawhara" (Marrocos).

Colaborou também, como compositor e intérprete, no mais recente espectáculo de María Pagés (ballet/ flamenco) de nome "Utopia", inspirado na obra de Óscar Niemeyer.

À data em que esta recolha foi efectuada (Julho de 2014) Fred Martins encontrava-se no processo de gravação do seu primeiro álbum a solo a ser lançado na Europa, com músicas representativas dos seus 20 anos de carreira. No disco participam músicos do Brasil, Galiza, Portugal e Argentina.

Do seu legado fonográfico fazem parte os seguintes trabalhos:

GUANABARA
2009
Sete Sóis

ACROBATA
2011
Em dueto com
Ugia Pedreira
(Galiza)

TEMPO AFORA
CD e DVD
2008
Eldorado/
Canal Brasil

RARO E COMUM
2005
Universal/
MPB

JANELAS
2001
Deckdisc

© 2014 Fred Martins à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Som, Pesquisa, Entrevista realizada em 18 de 0utubro de 2014, Texto: Soraia Simões
Fotografia: Conversa ao Correr das Músicas de Soraia Simões (Museu Nacional da Música)
Mais aqui.

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António Pinto Basto (Intérprete de Fado)

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António Pinto Basto (Intérprete de Fado)

87ª Recolha de Entrevista

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BI: António João Ferreira Pinto Basto nasceu na cidade de Évora, Alentejo, no ano de 1952.

Cedo se destacou no Alentejo, entre os da sua geração, como um dos mais populares intérpretes de fado.

Tinha apenas 13 anos quando os pais o levaram a uma noite de fados na Feira dos Salesianos de Évora. Feira essa que lhe determinaria o gosto pelo universo do Fado.

O seu avô, João de Vasconcellos e Sá, teria de igual forma um papel importante no percurso que acabou por fazer. Autor de diversos poemas, António Pinto Basto acabaria por cantar letras originais nos fados tradicionais. A par do repertório deixado pelo avô, que o fadista acabou por não conhecer em vida, o seu tio, José de Vasconcellos e Sá, apreciando as interpretações do seu sobrinho, resolve levá-lo a Lisboa.

Nesta recolha de entrevista, da qual se disponibiliza uma parte no arquivo online, o fadista conta que com apenas 16 anos participou na Grande Noite do Fado, como representante da Casa do Alentejo e cantou em algumas casas de fado, fala dos primeiros fonogramas que gravou, da importância e do modo como lida com as diferenças que assumem os espectáculos ao vivo, o contacto com o estúdio  de gravação, com a casa de fados e com o registo televisivo e o playback. Nesta conversa é também crítico relativamente a algumas mudanças, fruto do avanço das sociedades, no universo do Fado exemplificando-as.

De ressalvar ainda desta conversa de cerca de três horas, que foi de facto por intermédio desse tio que grava o primeiro disco, em 1970. Um EP editado pela Alvorada, com letras do avô e do tio e músicas do fado tradicional (“Fado Franklin”, “Fado Vitória”, “Fado Dois Tons” e “Fado das Horas”). Sendo aos 17 anos, e por causa deste primeiro fonograma, que inicia a sua carreira como fadista. Nos anos de 1972 e 1973 gravou mais dois EPs. Depois foi estudar para Luanda e voltou um mês depois do 25 de Abril. Na conversa atenta também como o pré e pós revolução influenciariam o Fado e a actuação/impressão dos vários agentes sociais externos à sua prática em torno dele. Sobretudo os papéis assumidos pelo meio de publicação e difusão nestes períodos.

António Pinto Basto conta que fez o curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, estabeleceu-se nessa profissão, mas os espectáculos ao vivo que foi fazendo, em Portugal e no estrangeiro, actuando nos Estados Unidos, Brasil, Espanha, França e Angola, acabaram por se sobrepor à sua formação académica.  Em 1988 gravou o LP “Rosa Branca”, cujo tema título era um poema do seu avô. As vendas atingiram o disco de platina. Nos 3 meses que se seguiram deu 73 entrevistas e nesse ano realizou cerca de 120 espectáculos. Tornou-se incomportável manter a actividade profissional como engenheiro, que acabou por abandonar no final de 1989. 

Trabalhava como engenheiro na Siderurgia Nacional quando foi contactado pela Polygram para gravar. A sua ideia era pôr em disco as coisas que cantava há muitos anos mas que não eram conhecidas do grande público. A ideia da editora era concorrer com o sucesso de Nuno da Câmara Pereira, editado pela EMI, acabando por provocar um afastamento de Nuno da Câmara Pereira, que deixaria de lhe falar por este motivo.

Com a edição do primeiro LP o fadista recebeu vários prémios, caso do Grande Prémio "Revelação" da Rádio Renascença, do "Sete de Oiro - Revelação" e do "Sete de Oiro - Fado". No ano seguinte, 1989, receberia o Grande Prémio "Popularidade" e “Disco-Revelação” da Rádio Renascença, e o prémio "Popularidade" atribuído pela Casa da Imprensa. No final desse ano edita o álbum duplo “Maria” que, tal como o antecessor, atingiu números significativos de vendas. Dois anos mais tarde, em 1991, sairia “Confidências à Guitarra”.

Após o sucesso granjeado nestes anos, a Polygram decide no ano de 1993 editar a compilação “Os Grandes Sucessos de António Pinto Basto”. No final de 1995, na esteira de um concerto realizado na sua cidade natal, é editada uma vídeo-cassete intitulada "António Pinto Basto em Évora".

Na década de 90 sucedem-se os espectáculos fora de Portugal. Em 1992 faz espectáculos em quatro continentes, apresenta-se em Toronto (Canadá), em Macau e Hong-Kong, em Angola e em Sevilha, no âmbito da Expo’92. Ainda nesse ano volta ao Canadá para mais quatro concertos e alguns mais nos Estados Unidos da América.

No ano de 1994, é convidado pelo Instituto Cultural de Macau para ser solista numa digressão que a Orquestra Chinesa de Macau efectuaria em Portugal, onde se incluem dois espectáculos em Lisboa, um no Teatro S. Luís, no âmbito da Lisboa’94, Capital Europeia da Cultura e outro, de gala, no Teatro Nacional de S. Carlos. Novamente como solista apresenta-se, no ano seguinte, no VI Festival de Artes de Macau. Ainda em 1995 efectua dois concertos em Goa, na Índia, actua em Palermo e Sicília, na Itália, representando Portugal num Festival de Música Mediterrânica, e vai a Caracas, integrado no grupo de artistas que realizam o espectáculo da Festa das Comunidades Portuguesas promovido pela R.D.P.I.

Grava o CD “Desde o Berço”, em 1996, para a BMG. Continuam a chegar-lhe inúmeros convites para apresentações ao vivo e nesse mesmo ano volta ao Canadá e actua para a comunidade portuguesa em Londres. Em 1997 destacam-se dois concertos na Turquia, por intermédio da Comissão Europeia e da Embaixada de Portugal em Ancara, e as actuações em Bruxelas e, novamente, no Canadá.

No ano de 1998, António Pinto Basto realiza uma pequena digressão pelas comunidades portuguesas na Europa, actua na EXPO’98 e tem a seu cargo, como produtor, a programação do palco de fado durante cinco semanas. É o primeiro fadista a ter um espaço em nome próprio na Internet, que hoje (à data em que esta recolha é feita: Março de 2014) não existe. Ainda no ano de 1998 a Casa da Imprensa atribui-lhe o “Troféu Neves de Sousa".

Faz uma digressão pela América do Norte, com actuações em Montreal, Toronto, Ottawa e Newark, e alguns espectáculos em S. Paulo e no Rio de Janeiro, durante 1999. No ano seguinte integra o grupo “Land of Fado”, organizado por João Braga, que se apresenta em Newark, nos Estados Unidos.

Ainda em 2000, António Pinto Basto é convidado a produzir e apresentar, por convite da Radiotelevisão Portuguesa, um programa semanal dedicado ao Fado, nos canais R.T.P.I. e R.T.P. África, intitulado “Fados de Portugal”. 

O disco “Rendas Pretas”, editado em 2001, afasta-se do fado, apresentando músicas compostas por José Campos e Sousa para poemas seleccionados pelo compositor. No fonograma que se lhe seguiu, “Letras do Fado Vulgar”, o fadista interpreta poemas de Vasco Graça Moura, novamente com músicas compostas por José Campos e Sousa.

Paralelamente, António Pinto Basto concorre à presidência da Câmara Municipal de Estremoz e toma posse como vereador, pelo Partido Social Democrata, em 2002.

Na celebração dos seus 35 anos de carreira António Pinto Basto edita o CD “Bodas de Coral”, pela Zona Música, com apresentação de um espectáculo no Casino Estoril, a que se seguem actuações um pouco por todo o país. 

O disco “Bodas de Coral” marca a estreia de António Pinto Basto como autor de poemas, com o tema “Madrigal para Amália”, escrito em homenagem à fadista. Anteriormente, António Pinto Basto havia já composto algumas músicas, como é o caso de “Nobre Cidade Évora”, editada no disco “Rosa Branca”, ou de “Já Vives dentro de mim”, esta integrada no álbum “Maria”. Neste CD António Pinto Basto volta apresentar músicas de sua autoria nos temas: “Gostava”, com poema de Vasco Telles da Gama, e “O Castanheiro”, com poema do seu avô, João Vasconcellos e Sá.

Em  2004  António Pinto Basto integrou o projecto “Quatro Cantos”. Ao lado de Maria Armanda, Teresa Tapadas e José da Câmara,  interpretando alguns êxitos da história do Fado que foram já registados nos CDs e DVDs: “5 Décadas de Fado”, em 2004, e “Do Presente ao Passado no Fado”, em 2006.

Actualmente diz-se 'conformista' e 'adaptado' fase a algumas das mudanças a que tem assistido, nem sempre com agrado, no universo do Fado. Continua a ser nos espectáculos ao vivo que sente melhor aquele que é a actividade da qual escolheu viver há já quatro décadas.

 

© 2014 António Pinto Basto à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Recolha efectuada no Museu do Fado

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva

 

 

 

 

 

 

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Carlos do Carmo (intérprete de fado)

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Carlos do Carmo (intérprete de fado)

84ª Recolha de Entrevista

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BI: Carlos Alberto do Carmo Almeida é presentemente um dos intérpretes de Fado mais reconhecidos em todo o mundo. Filho único da  fadista Lucília do Carmo e do livreiro e empresário Alfredo Almeida, nasceu em Lisboa no mês de Dezembro do ano de 1939.

 

Nesta recolha de entrevista, de que disponibilizamos uma parte do registo áudio neste Arquivo online, o fadista lembra a importância primeira que as referências musicais que cultivou, fora do universo do Fado, tiveram para si e do mergulho dado posteriormente nas suas origens e nos fados tradicionais e nomes que a eles estavam ligados, quando toma o lugar do seu pai no ano de 1962, após a sua morte, como gerente da célebre Casa de Fados Faia, aberta pelos seus pais quando tinha apenas oito anos e onde a sua mãe foi a principal protagonista e por onde passaram praticamente todos os fadistas emergentes da sua época, reflecte também sobre a importância que a passagem pela Escola Alemã e o Curso Superior de Hotelaria na Suiça vieram a assumir não só nessa tarefa como mais tarde na facilidade com que, quando assumiu o seu percurso como fadista, se veio a expressar fluentemente em francês, inglês, alemão, italiano e espanhol pelos diversos palcos que percorreu pelo mundo a cantar. Mas, fala também do primeiro Fado que começou por cantar, o único que sabia na íntegra, "Loucura" da autoria de Júlio de Sousa, Fado esse que no ano de 1963, e pelo facto de ser elogiado ao cantá-lo e não comparado quando o fez à sua mãe («mas tu não cantas como a tua mãe» disseram-lhe quando o cantou pela primeira vez) que marcou a sua entrada no circuito de gravação, ao ser-lhe pedido para gravar essa faixa, editada num EP do seu amigo, figura bastante popular à época neste domínio, Mário Simões; explica a projecção que este Fado passou a ter na rádio, e que fruto dessa intensa e inesperada aceitação o levaram logo no ano seguinte à gravação de um EP em nome próprio (o fonograma «Carlos do Carmo com Orquestra de Joaquim Luiz Gomes»), mas reflecte também sobre outros lados do seu percurso como a passagem «acidental» pelo Festival RTP da Canção no ano de 1976 onde foi o intérprete escolhido para dar voz a alguns dos temas que ainda hoje canta nos palcos um pouco por todo o mundo (da autoria de, entre outros, José Luís Tinoco ou José Carlos Ary dos Santos), sobre as relações hostis geradas dentro de quadrantes políticos e intelectuais relativamente ao Fado, das interculturalidades que ele tem patenteado nas últimas décadas, da sua fraca relação com os novos dispositivos electrónicos de armazenamento e difusão da música que se faz, entre outros aspectos.

Carlos do Carmo continua a actuar, a gravar e a ser referenciado por um leque grande de músicos e autores da Música Popular no geral e do Fado em particular.

No ano de 1967 a Casa da Imprensa distinguiu-o com o prémio “Melhor Intérprete” e, em 1970, atribuiu-lhe o prémio Pozal Domingues para “Melhor Disco do Ano”, para o seu primeiro álbum, intitulado "O Fado de Carlos do Carmo", editado pela Alvorada em 1969.

 

Entre um número grandioso de EPs e LPs fazem parte do seu legado  fonogramas indispensáveis para uma melhor compreensão da história do Fado como “O Fado em Duas Gerações, Carlos do Carmo e Lucília do Carmo”, “Por Morrer uma Andorinha” ou “Carlos do Carmo”, "Um Homem na Cidade", editado em 1977 pela etiqueta Trova,  de que fala nesta conversa e onde o fadista interpreta poemas de José Carlos Ary dos Santos ligados a um grupo de criativas e intemporais composições, de vários autores  como José Luís Tinoco, Paulo de Carvalho, António Vitorino de Almeida, Frederico de Brito, Joaquim Luís Gomes, Fernando Tordo, Moniz Pereira ou Martinho d’Assunção; "Um Homem no País" de 1984 que se destaca como a primeira edição em formato Compact Disc de um músico português.

Os seus espectáculos têm, nestes últimos 51 anos de actividade, sido regulares e além-fronteiras em espaços como: Olympia de Paris, Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, Canecão do Rio de Janeiro, Savoy de Helsínquia, Auditório Nacional de Paris, Teatro da Rainha em Haia, Teatro de São Petersburgo, Place des Arts em Montréal, Tivoli de Copenhaga ou  Memorial da América Latina em São Paulo e é no palco que continua a sentir-se vivo e em contacto com as pessoas que o gostam de ouvir e lhe seguem o caminho na música e no fado em especial.

Até ao final do ano de 1979, o fadista juntou à gestão do Faia  o percurso artístico e passou a actuar com a sua mãe diariamente na sua casa de fados.  

As primeiras digressões foram realizadas no início da década de 1970, com espectáculos em Angola, Estados Unidos e Canadá estreando-se no Brasil em 1973 onde cantou ao lado de Elis Regina, no Copacabana Palace do Rio de Janeiro.

A sua passagem pela televisão seria marcada no ano de 1972 por um programa semanal na RTP que produziria e apresentaria de nome "Convívio Musical" onde acolheu figuras reconhecidas do panorama musical português e internacional.

No ano em que representou Portugal no Festival da Eurovisão na Holanda ( ano de 1976) com a canção "Uma Flor de Verde Pinho", poema de Manuel Alegre com música de José Niza, Carlos do Carmo foi o único intérprete do Festival RTP da Canção desse ano, tendo posteriormente editado o fonograma "Uma Canção Para a Europa", onde se incluíam, para além da canção vencedora, temas como "Estrela da Tarde" (Ary dos Santos – Fernando Tordo), "No teu Poema"(José Luís Tinoco) ou "Lisboa, Menina e Moça"( Ary dos Santos e Joaquim Pessoa – Paulo de Carvalho e Fernando Tordo).

O fadista realizou espectáculos comemorativos, com forte impacte, dos aniversários da sua actividade nomeadamente nos 25, 30, 35, 40 e 50 anos de percurso. 

Na comemoração dos seus 30 anos de actividade na música editaria com as Selecções do Reader's Digest a colecção "O Melhor de Carlos do Carmo", onde apresentava um depoimento sobre cada um dos seus discos.

Nos 35 anos de actividade de Carlos do Carmo como fadista edita um CD correspondente ao espectáculo ocorrido para marcar essa data no grande auditório do Centro Cultural de Belém, na soma de 40 anos de actividade o palco escolhido para a apresentação é o do Coliseu dos Recreios em Lisboa, com posterior lançamento de CD e DVD do espectáculo. O Museu do Fado aliou-se a esta celebração apresentando a exposição "Carlos do Carmo: Um Homem no Mundo".

Em 2013 Carlos do Carmo completou 50 anos de actividade e editou «Fado é Amor», fonograma para o qual convidou um conjunto de fadistas de gerações posteriores à sua, como Mafalda Arnauth, Camané, Mariza, Raquel Tavares, Ana Moura, Aldina Duarte, Marco Rodrigues ou Ricardo Ribeiro entre outros. Reuniu do seu vasto repertório onze fados e regravou-os, juntando às vozes escolhidas para o acompanhar de  gerações mais recentes, a da sua mãe Lucília do Carmo através de uma antiga gravação procurando, desta forma, prestar-lhe uma homenagem.

As comemorações que assinalaram as cinco décadas de percurso do fadista foram festejadas com dois concertos esgotados no Centro Cultural de Belém, nos quais participou a Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Carlos do Carmo sofreu um acidente durante um espectáculo em Bordéus no início do ano de 1990, uma queda de uma altura equivalente a um andar, que obrigou o fadista a uma longa recuperação. Em Março de 1991 o seu regresso foi feito no Casino Estoril com um espectáculo intitulado "Vim Para o Fado e Fiquei". Nesse  ano, a Casa da Imprensa, entrega-lhe o prémio “Prestígio”.

No dia 7 de Novembro de 2007,  o fadista apresentou no Museu do Fado o fonograma "À Noite", que reúne textos inéditos de Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Maria do Rosário Pedreira, Júlio Pomar, Luís Represas, José Luís Tinoco e José Manuel Mendes para as músicas de Fados tradicionais da autoria de Armandinho, Joaquim Campos e Alfredo Marceneiro. Um lançamento que seria acompanhado de uma pequena mostra descritiva em torno do álbum.

A participação  como intérprete no filme de Carlos Saura  valeu-lhe a atribuição, em 2008, do prémio Goya "Melhor Canção Original", para o tema "Fado da Saudade", distinção da Academia Espanhola das Artes Cinematográficas.

O seu sucesso é inquestionável e da História do Fado fazem parte alguns temas célebres popularizados na sua voz. 

À data em que esta recolha é efectuada decorre a exposição dedicada à sua obra "Carlos do Carmo - 50 Anos". Exposição promovida pelo Museu do Fado patente desde dia 17 de Abril de 2014 até  28 de Setembro do mesmo ano na Cordoaria Nacional na cidade de Lisboa.

Na exposição, o diversificado percurso do fadista congrega um vasto acervo documental que engloba várias áreas, das artes plásticas aos filmes.

© 2014 Carlos do Carmo à conversa com Soraia Simões de Andrade, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Edição, Texto: Soraia Simões de Andrade

Fotografias: Helena Silva

Recolha efectuada em Lisboa na casa de Carlos do Carmo

 

 

 

 

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José Luís Tinoco (músico: autor, pianista, compositor)

José Luís Tinoco (músico: autor, pianista, compositor)

71ª Recolha de Entrevista

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BI: José Luís Tinoco nasceu em Leiria no ano de 1932. É um músico, autor, compositor, ilustrador e cartoonista.

Neste excerto disponibilizado online, de uma recolha de conversa maior para o Arquivo, fala da importância da sua mãe (pianista, ex-discípula de Vianna da Motta, tocava regularmente com a Orquestra da Emissora Nacional a solo) e do seu pai (animador e organizador cultural) para o caminho que como autor, músico e compositor acabou por traçar, mas também da forte influência das bandas sonoras de filmes americanos das décadas de 30 e 40, dos tempos em Leiria, no Porto e posteriormente em Lisboa (nomeadamente no Hot Clube e Festivais RTP da Canção) e de como a ligação à música se ia mantendo, mudando e evoluindo, entre outros aspectos.

Autor de “Um Homem na Cidade” (música) em parceria com José Carlos Ary dos Santos (letra). 
Escreveu também a música e letra de “No Teu Poema” e muitas mais canções interpretadas por Carlos do Carmo e outros. Como, em exemplo, “Madrugada” (música e letra), que venceria o prémio RTP da Canção em 1975; “Os Lobos e Ninguém” ou “O Amarelo da Carris”, entre outras.

No final dos anos de 1990 foi autor de um fonograma cantado por Carlos o Carmo de nome “Margens”, para o qual compôs, arranjou todas as canções (há uma co-autoria apenas num tema desse disco, com Ivan Lins) e escreveu vários dos poemas dessas canções.

Muitas das canções que fez/musicou/escreveu foram feitas em parceria com poetas como José Carlos Ary dos Santos, António Lobo Antunes, Dinis Machado, Yvette Centeno, Pedro Tamen, Vasco Graça Moura, etc.

A sua formação académica : Arquitectura, não o impediu de se dedicar à música, como também à pintura e artes gráficas, ilustração, etc.

Fez parte do movimento que na década de 50 introduziu o jazz em Portugal, integrando regularmente os primeiros agrupamentos residentes do Hot Clube.

Nos anos 70 gravou um LP (para o qual escreveu a música, textos e arranjos) no universo do rock mas também do jazz de nome: “Homo Sapiens”.

Compôs igualmente música para peças de teatro, cinema e televisão.
O seu último CD, intitulado “Arquipélago”, é dedicado à sua vertente de compositor jazz. O CD inclui, entre outros, a participação dos músicos-pianistas Bernardo Sassetti, Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva.

A sua vertente de compositor de canções e ‘fado-canção’ é, no entanto, aquela que é mais conhecida por grande parte do público português. À data em que esta recolha é feita tem nas mãos um projecto que gravou com Cristina Nóbrega, o qual inclui ‘canções / fados’ e alguns músicos de jazz.

Esta variedade de influências musicais e visuais deveu-se, como explica na conversa, em grande parte ao facto de José Luís Tinoco ter familiares muito chegados na área das música, arquitectura, pintura e cenografia.

Pintura-de-José-Luís-Tinoco-Hot-Clube-1954.jpg

ilustração de José Luís Tinoco no ano de 1954, feita na Cave do Hot Clube, Lisboa

© 2013 José Luís Tinoco à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Pesquisa, Som sem edição, texto: Soraia Simões

Recolha efectuada em Lisboa na casa de José Luís Tinoco

Quiné Teles (músico: percussionista)

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Quiné Teles (músico: percussionista)

30ª Recolha de Entrevista

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BI: Joaquim Manuel Ferreira Teles, conhecido por Quiné, nasceu no distrito de Aveiro (Ílhavo) no ano de 1963 e vive no mesmo distrito actualmente.

Percussionista/Baterista, mas também produtor, autor e formador, com cerca de 30 anos de actividade, com um percurso transversal, desde o jazz à Música Tradicional Portuguesa.

Actualmente, para além das mais diversas participações como freelancer, desenvolve o seu trabalho a solo DaCorDaMadeira e faz oficinas de Percussão, Lengalengas e Movimento, como alternativa pedagógica à aprendizagem rítmica convencional.

Nesta recolha reflecte, entre outros aspectos, sobre o ser músico, e nomeadamente percussionista em Portugal, em algumas das características técnicas e artísticas intrínsecas à prática musical que desempenha, no significado de tocar/apresentar-se além-fronteiras para alguns dos músicos e autores portugueses, na escassa solidariedade por parte dos músicos no seu país, na pouca eficácia dos organismos locais ou autónomos no que concerne à divulgação e apoio da cultura musical, nas diferenças entre a criação no centro/capital e nos espaços afastados desse centro/cidade. ou do que um músico com anos de experiência ainda pode procurar na actividade que desempenha.

© 2012 Quiné Teles à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Recolha efectuada em LARGO Residências

 

 

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Pedro Calasso (músico, construtor. São Paulo)

Pedro Calasso (músico, construtor. São Paulo)

23ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00064 Europeana Sounds

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BI: Pedro Calasso nasceu em 1976 na cidade de São Paulo, no Brasil.

É um músico, construtor de instrumentos e autor brasileiro.

Com uma avó portuguesa esteve pela primeira vez em Portugal inserido num projecto que procurou firmar a relação entre as noções culturais de 'identidades' e partilha dessas 'identidades' (um programa de intercâmbio e difusão cultural do Ministério da Cultura do Brasil, que contou com o apoio do Turismo Lisboa e da Casa do Brasil). Na sua passagem por Portugal participou em oficinas teórico-práticas mediadas por organismos parceiros envolvidos neste propósito/aventura.Oficina ’Brasil, um Universo Musical’ aliou a construção de instrumentos oriundos de parte da 'tradição' de algumas das regiões do Brasil à, especialmente, construção rítmica de cada um deles.

Nesta recolha de entrevista fala das diferenças que patenteou entre o seu país de origem e, os 20 dias que esteve em, Portugal (e que se prendem sobretudo a 'um modo de estar' de culturas distintas ainda que possuam uma língua aparentemente semelhante), das motivações para a sua composição, das suas referências diárias e consciência pessoal que influenciam o modo como produz no âmbito musical, do grupo musical que já conta com 6 anos de existência, Preto Véio, e que o fez (com Dom Billy, Jahir Soares, Abuhl Júnior e Leandro) dar alguns concertos por Portugal (em Lisboa especialmente), do gosto e interesse que tem pela 'cultura afro indígena brasileira' e por alguns dos elementos musicais que a formam, etc.

© 2013 Pedro Calasso à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Billy Rodrigues

Artur Batalha (fadista)

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Artur Batalha (fadista)

58ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00063 Europeana Sounds

 

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BI: Artur Henrique dos Santos Batalha, ou simplesmente Artur Batalha como é conhecido no meio musical fadista, nasceu em Alfama a 14 de Abril de 1951.

Iniciou o seu percurso com 14 anos na Taverna do Embuçado, embora desde os 9 anos cantasse.

Nesta recolha de entrevista Artur fala um pouco das suas histórias com autores - letristas, poetas, compositores e fadistas - referenciais que conheceu (de Amália Rodrigues a Fernando Farinha), do seu bairro - Alfama - e do Museu do Fado, de algum do seu repertório mais peculiar, da ''dramatização'' que é feita em torno desta forma musical e com a qual não concorda, etc.

Artur Batalha trabalhou com uma série de músicos, ganhou a Noite de Fado em 1971 no Coliseu dos Recreios e foi contratado para cantar em vários países do Mundo. É uma figura refrencial do fado mais ''castiço'' e popular na cidade de Lisboa, a par de outros nomes, como Fernanda Maria, Beatriz da Conceição ou, entre outros, Argentina Santos ou os já falecidos Alfredo Marceneiro e Fernando Maurício.

© 2013 Artur Batalha à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Captação musical de Artur Batalha numa letra (a si oferecida) de Fernando Farinha, acompanhado por Paulo Machado (aluno de guitarra portuguesa)

Recolha efectuada em Alfama (Restaurante A Muralha)

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Augusto Fernandes

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Godelieve Meersschaert (Kola San Jon e Batuque)

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Godelieve Meersschaert (Kola San Jon e Batuque)

51ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00060 Europeana Sounds

BI: Meersschaert Good Lieve nasceu na Bélgica no ano de 1945 (uma semana antes do fim da II Guerra Mundial) e veio viver em Lisboa em 1978. A 01/11/1982, em conjunto com Eduardo Pontes, fixou-se na Cova da Moura para ficar uns meses na casa dum casal do Ribatejo (Couço) – Bairro que lhe mudaria, até hoje, a sua demanda.

Com formação em Psicologia, Lieve foi interiorizando desde o ano em que chegou ao Bairro as manifestações culturais trazidas de ilhas distintas de Cabo Verde, à medida que ia convivendo com cabo-verdianos que também viviam no Bairro.

Nesta recolha de entrevista, Live explica a sua ligação a duas manifestações distintas e aos seus valores mais intrínsecos: por um lado o Kola San Jon e por outro a prática do batuque, a evolução das mesmas ao longo dos últimos anos no que concerne ao entendimento profundo de ambas (na prática do batuque há, inclusivé, estudos que se debruçam sobre as suas funções profiláticas na maioria das mulheres que a pratica – como no caso da violência doméstica), explica ainda as diferenças entre ambas as manifestações, que embora no Bairro Cova da Moura se misturem, em Cabo Verde se encontram em diferentes ilhas e igualmente com propósitos diferentes junto das comunidades, da aproximação (após reconhecimento da Fundação Calouste Gulbenkian) dos mais jovens ao Kola San Jon, de espaços importantes no Bairro como o Moinho da Juventude, etc.

O Kola San Jon está envolvido num trabalho criterioso, com etnomusicólogos e antropólogos da Universidade de Aveiro, que tem como fim a candidatura desta festa religiosa a Património Imaterial da cultura cabo-verdiana. Lieve tem servido de ponte para a aproximação destas manifestações com as pessoas que nelas se inserem, maioritariamente residentes no Bairro, com investigadores ou instituições e orgãos de comunicação não só em Portugal, como no resto da Europa e até mundo.

© 2013 Meersschaert Good Lieve à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo


Recolha efectuada no Bairro Cova da Moura
Fotos de Eduina Vaz

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

nota: nesta recolha de entrevista há o cuidado de não fotografar Godelieve de frente, por pedido da mesma

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Aurélio Malva (Brigada Victor Jara)

Aurélio Malva (Brigada Victor Jara)

46ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00059 Europeana Sounds

BI: Aurélio Malva nasceu no ano de 1953.

Licenciado em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa e Docente, foi um dos principais responsáveis pelo Grupo rock Manifesto nos anos 80 e um dos integrantes mais (re) conhecidos da Brigada Victor Jara.

Músico, Compositor e Autor de diversos temas no contexto da música popular 'de cariz tradicional', é também, além da voz, um tocador (também professor, especialmente de Gaita-de-Fole em Ançã, onde presentemente vive) como: Gaita de Foles , Bandolim ou Cavaquinho.

Nesta recolha de entrevista refere, entre outras ideias, sobre alguma da militância assumida pelas Brigadas num determinado tempo e espaços no país, das suas referências musicais (de José Afonso a José Mário Branco), da importância de Sérgio Mestre (que tocara com Adriano Correia de Oliveira ou Zeca Afonso) na Brigada Victor Jara, do campo de intervenção musical e de recolha da Brigada Victor Jara (no folclore português de um modo globalizante; do Minho, Trás-os-Montes ou Beira-Beixa a todas as ilhas dos Açores),de ‘música modal’, ‘tonal’, ‘cromática’, de ‘chulas’, da importância de Michel Giacometti ('as últimas grandes recolhas foram feitas por Giacometti. Desengane-se quem acha que não. O que falta agora, neste contexto, é isto: entendê-las ou interpretá-las', refere o músico no fim desta gravação), de Raízes e Utopias.

Os temas presentes nesta recolha de entrevista coloca-os em duas áreas: Raízes ('Oh Bento Airoso', 'Moda da Zamburra' e 'Arruada') e Utopias ('Caminhos' e 'Chula da Liberdade').

© 2013 Aurélio Malva à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

recolha efectuada no Parque do Mondego em Coimbra
fotos de Susana Almeida