No texto que aqui escrevi acerca da viola de corações referi que em breve lhe deixaria  um levantamento acerca de alguns violeiros, artesãos desta ilha, que até finais do século XIX construíram e transmitiram a arte de construir a viola da terra de modo ora profissional ora amadorístico. 

 

Convém não esquecer que a viola açoriana tem hoje uma representação em Museus, Colecções particulares, tanto da região autónoma dos Açores como em várias regiões de Portugal continental. Museu de Vila Franca do Campo, Museu Carlos Machado em Ponta Delgada, Casa-Museu Dr Armando Côrtes-Rodrigues em Ponta Delgada, Museu de Angra do Heroísmo, Museu de Arte Sacra e Etnografia da Ribeira Chã,  Museu Etnográfico das Flores ou coleccionadores e tocadores com considerável espólio pessoal como Miguel Braga Pimentel em Ponta Delgada ou, em exemplo,  José Lúcio Ribeiro d’Almeida e Luís Manuel Carreira Garcia ambos em Lisboa.

 

Por sentir que a maioria dos nomes divulgados no campo da construção e organaria no que respeito dizia a estas violas se concentram nos século XX e XXI e por temer que os artesãos que contribuíram para a sua transmissão permanecessem, salvo algumas pequenas excepções, no esquecimento, na minha pesquisa para este item usei algumas fontes bibliográficas, catálogos de Museus, na minha pesquisa anterior baseei-me na interpretação de  impressões sobre instrumentos musicais e sua feitura de coleccionistas privados com quem conversei durante o trabalho no Mural Sonoro, seja presencialmente: como quando o fiz em Coimbra com o médico-psiquiatra Louzã Henriques, seja por via electrónica com pessoas como Maria Fraga ou o formador e tocador Rafael Carvalho. 

Como prometido, destaco então nesta área do Portal alguns dos dados que vou acumulando neste trabalho, ou seja os seguintes violeiros, bem como as respectivas fontes através das quais fui tendo acesso a alguma informação relevante especialmente no ano de 2013 :

.‘’Catálogo da Exposição de Arte, Ciências e Letras Micaelenses’’ inaugurada a 7 de Maio de 1882 no extinto edifício Convento da Graça: Linhares (violeiro em Ponta Delgada — uma rabeca, Luís A.B Arruda), Luís José Nunes Jr. (uma guitarra — Licínio Tavares), Luís José Nunes Jr. um cavaquinho — António M. de F.Mais). 

.Luís José Nunes, construtor de instrumentos de corda, distinguido co uma menção honrosa de primeira classe na Exposição Distrital de Ponta Delgada do ano de 1895 e premiado com uma medalha de ouro na Exposição de Indústrias Artes e Ciências de Ponta Delgada do ano de 1901. De ressalvar que no ano de 1989 Maria Luísa Vasconcelos Van-Hoof doou ao Museu Carlos Machado uma guitarra deste fabricante onde consta alguma desta informação.

.Joseph S.Castanha&Sons, All Kind of String Instruments, Fan&Silva of the best quality, Brass and Nickel Plating, em Boston — onde se concentra uma  considerável comunidade de violeiros oriundos do arquipélago dos Açores, cujo nome aponta a sua possível origem.

.Mariano Jacinto de Melo, Miguel Jacinto de Melo (conhecido por ‘’mestre Charuto’’ e filho de Mariano Jacinto de Melo), Adelino Vicente (1935 — 15 de Dezembro de 1999), João Vieira Pacheco (conhecido como ‘’mestre Formiga’’), António José de Sousa Melo (filho de Miguel Jacinto de Melo — emigrado) todos da Ilha de São Miguel, Vila Franca do Campo mais concretamente.

.José de Medeiros, António de Medeiros (filho de José de Medeiros — emigrado), Manuel de Medeiros (filho de António de Medeiros, conhecido por ‘’Breta’’) todos da Ilha de São Miguel, mais concretamente São Roque.

.José Luís Nunes, Miguel de Braga Pimentel, Fernando Manuel Oliveira Raposo, Dinis Raposo, Jacinto d’Oliveira (conhecido por ‘’Galocha’’) todos oriundos de Ponta Delgada.

.Nemésio José Pimentel da Silva e o seu pai João Barbosa da Silva (conhecido por ‘’mestre João Miguel’’) de Bretanha.

. Amorim de Sousa Massa de Arrifes

.António Pombal de Lagoa

.Manuel Viveiros Rego (conhecido por ‘’Marcolino’’) de São Vicente Ferreira

.Hugo Raposo de Pico da Pedra

.Manuel Flora Mendonça de Lomba da Fazenda

 

Mas, não só a ilha de São Miguel concentra um número de construtores-fabricantes, unidos pelas relações de fortes laços familiares e aprendizagens que foram passando através da oralidade sobretudo entre pais e filhos,  de cordofones característicos no arquipélago açoriano, também as Ilhas Terceira, Faial, Pico e Graciosa concentram nomes importantes neste capítulo, a saber:

.Manuel Augusto Lobão (10 de Abril de 1908 — 5 de Agosto de 2006), João de Sá e Silva, José Augusto Lobão (filho de Manuel Augusto Lobão. 30 de Julho de 1937 — 12 de Julho de 2004), Carlos Rodrigues, Ernesto da Costa da Ilha Terceira.

.Manuel Goulart Garcia, Francisco Pinheiro, Guilherme Henrique Bettencourt da Ilha do Faial.

. ‘’Caniço’’, epíteto para Manuel Rodrigues Amaral (nome real) da Ilha do Pico.

.Citrino da Cunha Santos e Juventino Ávila (‘’mestre ou professor José Juventino’’ como é carinhosamente apelidado da, ambos da Ilha Graciosa.

 

outras referências bibliográficas e documentais usadas na pesquisa: Documentação, Monogramas, Museu Machado Castro, Leite de Ataíde, Etnografia, Arte e Vida dos Açores, Vol II, pág.  327, 328 e 329, Documentação/Colecção de Maria António Esteves — Vila Franca do Campo, Dicionário de Música, Almanach Popular dos Açores para 1870, Ponta Delgada, Typographia da Rua do Frias, número sete.

Fotografia usada na capa deste texto correspondente a encontro de violas em Ponta Delgada promovido pela RTP Açores. De Luciano Barcelos, publicada online no site RTP em 23/08/2011.

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