Afinações, cordas e palhetas
Notas extra:
O cavaquinho de origem portuguesa é o integrante mais agudo da família das violas europeias compostas de tampos achatados.
Transmitido em Espanha, levado para o norte de Portugal por executantes oriundos de Biscaia (hoje País Basco), foi na região do Rio Minho (Braga) que se notabilizou sendo comummente chamado de braguinha.
Em Portugal, é possível identificá-lo também como machimbo, machim, machete ou marchete, braguinho e cavaco.
No Minho encontramo-lo em práticas coreográficas e músicas tradicionais.
Em Lisboa, o cavaquinho em conjunto com bandolins, violas e guitarras, nas designadas tunas (não necessariamente em contexto universitário). De instrumento rudimentar dos camponeses, em que o braço e a caixa eram uma só peça (escala rasa), ganhou um melhoramento que ampliou a sua projecção sonora.
O espelho (ou escala), uma madeira de maior densidade situada sobre o braço e que avança por cima da caixa até a proximidade da boca. Tudo aponta para que tenha sido igualmente em Lisboa que a palheta passou a ser usada. Até então, no Minho, o cavaquinho era tocado num rasgo, com os dedos polegar e indicador da mão direita.
Congrega afinações várias sendo a mais conhecida Ré-Sol-Si-Ré. Em Portugal ainda encontramos:
•Ré-Sol-Si-Mi – usada em Coimbra
•Sol-Ré-Mi-Lá – chamada afinação para “malhão e vira na moda velha”
•Sol-Dó-Mi-Lá – afinação usada na região de Barcelos
•Ré-Lá-Si-Mi – considerada por muitos como a mais versátil harmonicamente
São usadas também afinações em que a corda mais aguda é a quarta e não a primeira.
No Brasil, por norma a afinação, é Ré-Sol-Si-Ré , mas existem executantes que usam a Ré-Sol-Si-Mi.
A afinação em quintas como no bandolim, Sol-Ré-Lá-Mi, modifica acentuadamente o timbre do instrumento, mas tem um resultado em acompanhamento que funciona bem no samba.
As cordas que um dia foram de tripa, hoje são de aço e as palhetas que antes usavam casco de tartaruga, hoje são feitas de variados compostos plásticos.
Notas: Foto de capa e restantes de Cavaquinhos construídos por Raul Simões (1891-1981) em Coimbra.
Demonstrações de dois dos mais reconhecidos músicos e tocadores de cordofones vários: Amadeu Magalhães e Pedro Caldeira Cabral (''Minho'') numa apresentação na cidade de Coimbra. Também na cidade de Coimbra o construtor Fernando Meireles gravado para o Arquivo Mural Sonoro e um dos intervenientes, com Óscar Cardoso, numa das Sessões do Ciclo Conversas em Volta da Guitarra Portuguesa com o Tema: Guitarras de Coimbra e de Lisboa. Sua construção, técnicas e difusão, se tem dedicado à feitura de cavaquinhos, foi até o primeiro instrumento que fez como construtor enquanto vivia numa República na cidade de Coimbra, explicando na recolha de entrevista efectuada para o Arquivo Mural Sonoro o porquê de ter decidido começar por este instrumento.
No vídeo abaixo o músico e construtor cabo-verdiano, Luís Baptista, na sua oficina no Mindelo (São Vicente)