A Associação Mural Sonoro esteve à conversa com Margarida Branco (dinamizadora da livraria/café/espaço cultural Ler Por Aí...). Foi dos primeiros espaços culturais a fechar nos Anjos no início da pandemia Covid-19 e é das últimas, no pós-confinamento, a reabrir. Será já no dia onze de Maio, com todas as precauções.
O café/livraria Ler por aí… vai reabrir as portas na segunda-feira, dia onze de Maio.
A livraria estará aberta, mas com as regras enunciadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para segurança de todos/as. Solicita aos seus clientes que «tragam consigo a máscara para sua e nossa protecção, temos álcool gel e luvas descartáveis para um atendimento correcto e comprometido face ao surto pandémico actual», refere Margarida Branco, a principal dinamizadora e fundadora deste interessante espaço literário e cultural no coração de Lisboa (Rua Jacinto Marto, entre os Anjos e a Estefânia).
Além dos livros, o café literário terá takeaway de café, chá, chocolate quente... Podem ainda encontrar garrafas de vinho ou de cerveja. Terão a habitual iguaria (de um dos lados do mundo) salgada e um doce por dia.
História do projecto [do website até ao Café literário]
O Ler por aí… surgiu em 2006, criado por Margarida Branco tinha como objectivo primordial tornar-se um guia de viagem literário. Através de uma plataforma digital que continua a existir aqui eram dadas sugestões de livros para levar em viagem, livros cuja história se passasse na cidade, no país ou na região para onde se ia.
Rapidamente a ideia se expandiu e no mesmo ano organizaram eventos em torno do livro-lugar. Iniciaram com um passeio desde Alfama até ao Rossio, com O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, que teve uma excelente aceitação e incentivou à criação de outros eventos, incluindo outros passeios por Lisboa (de Benfica a Carnide, com Cemitério de Pianos, de José Luís Peixoto) e noutras regiões do país (na Serra do Barroso, com Terra Fria de Ferreira de Castro), e fins de tarde (com Gente de Dublin, de James Joyce, e com O Leopardo de Tomasi di Lampedusa, que nos transporta para a Sicília).
Em 2010 juntou-se ao projecto Luís Serpa com o intuito de realizar o primeiro jantar do Ler por aí…, com Viagem por África de Paul Theroux (do Cairo a Cape Town). Seguiram-se outros jantares, com Tenda dos Milagres de Jorge Amado (Baía), Patriotas, de Sousa Jamba (Angola), Entre os Dois Palácios, de Naguib Mahfuz (Cairo). Lugares mais longínquos e exóticos, que se recriaram através da comida, da música e da literatura foram tendo um lugar no Ler por aí…
Em 2010 o Ler por aí… marcou presença no Correntes de Escritas, na Póvoa do Varzim, e no Ignite Lisboa.
No ano de 2011 o Ler por aí… contou com o apoio da Junta de Freguesia de Carnide e até 2013 teve instalações no edifício da junta e integrou a Rede de Cultura da freguesia. Foi um período de grande dinamismo, criatividade e experimentação de formatos mais abertos, um tempo de colaboração com outras entidades da Rede de Cultura. Salienta-se a participação no Festival Aplauso, com um evento infantil, Hiper-Meta-Geo-Texto onde, através do Google Earth, as crianças viajavam com Henriqueta A Tartaruga de Darwin, de José Jorge Letria, ou A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne.
Em 2012, com a entrada na equipa do Ler por aí… de Tânia Carvalho da Silva, realizaram o primeiro passeio noctívago, Opus Night, com Alexandra Alpha de José Cardoso Pires (integrado no festival da revista Ler), e o primeiro jantar erótico, Naughty Dinner, com Henry Miller e Anais Nin.
Em 2014, com a assinatura de Luis Serpa, realizou-se o primeiro evento de Odes ao Vinho, com os Rubaiyat de Omar Kayam (a Pérsia).
Nesse ano o projecto esteve suspenso. Renasceu três anos depois, retomou a sua essência e a sua demanda originais, com a renovação da sua plataforma digital e uma selecção dos melhores textos publicados a servir de ponto de partida para novas publicações.
Em 2019 o Ler por aí… renovou-se outra vez com a abertura do Ler por aí… Café, um dos espaços culturais mais interessantes da capital portuguesa numa área geográfica onde a vida cultural e literária em especial tem crescido.
Margarida Branco é a fundadora e teimosamente dinamizadora do Ler por aí…
Tem três filhos adolescentes. Estudou gestão, trabalhou em logística e em finanças, foi consultora e formadora. Faltava paixão ao seu mundo de rigor e exactidão. Apaixonada pela leitura e pelas viagens criou o projecto Ler por aí… em 2006. Estudou e formou-se em Programação Cultural e criou eventos. Convenceu o autor Luís Serpa e a programadora Tânia Carvalho da Silva de que o Ler por aí… era também deles. Trabalharam, criaram, caminharam, nem sempre em linha recta.