76ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00045 Europeana Sounds

Nasceu há 94 anos numa aldeia de nome Rosmaninhal (Idanha-a-Nova). É  um dos nomes há mais tempo ligados à história do fado, especialmente pela integração da viola baixo no conjunto de instrumentos de acompanhamento do fado, e pelo seu talento interpretativo como executante do instrumento viola baixo. Profissionalizou-se no ano de 1949 e ainda hoje toca e actua.

Nesta recolha de entrevista maior de que se disponibiliza online uma parte recua até ao Rosmaninhal onde o seu interesse por instrumentos de cordas começou, expressa os primeiros contactos com o fado, e o primeiro instrumento que com 8 anos começou a tocar, comprado pelo pai numa viagem a Lisboa: um bandolim, tocou ainda viola e guitarra mas foi na viola baixo que detectou o talento que tinha como executante e acompanhante de fado, diz na recolha que apesar de saber música, ''o fado tem uma música própria'', reflecte ainda sob as condicionantes da sua aprendizagem autodidacta feita através da observação dos outros que tocavam.


No ano 1938 mudou-se para Lisboa e, como apreciador de fado, passou a ser presença assídua no Café Luso. Casa de Fados onde conheceu Martinho de Assunção que, em 1949, o convidou para integrar o Quarteto Típico de Guitarras de Martinho de Assunção, que intitula de ''um conjunto de exibição'', devido especialmente ao repertório clássico que tocavam.  É precisamente neste conjunto que Joel Pina se começa a dedicar à viola baixo e, tal como anteriormente referido, se profissionaliza como músico.

Em 1950 integrou o elenco da Adega Machado, com Francisco Carvalhinho, na guitarra, e Armando Machado, na viola. A presença da viola baixo no acompanhamento instrumental do fado, que até essa altura não era habitual, através de Joel Pina manteve-se no elenco desta casa durante dez anos.


Foi, com Fontes Rocha e Júlio Gomes um dos integrantes e fundadores do Conjunto de Guitarras com Raul Nery. Nesta recolha fala do alcance granjeado pelo Conjunto que chegou, por iniciativa de Eduardo Loureiro - chefe então do departamento de música da Emissora Nacional, a convite de Raul Nery para formar um conjunto, a apresentar-se na rádio, quinzenalmente, num programa de guitarradas.

A partir do ano de 1966 começou a acompanhar regularmente Amália Rodrigues, actividade que manteve ao longo de três décadas até ao final do percurso musical da fadista. Com ela tocou em palcos de todo o mundo, em inúmeros espectáculos e digressões que passaram, em exemplo, pelo Canadá, Estados Unidos e Brasil (diversas vezes), Chile, Argentina, México, Inglaterra, França, Itália (diversas vezes), Rússia, Japão (onde estiveram cinco vezes), Austrália, África do Sul, Angola, Moçambique, Macau, Coreia do Sul.

Joel Pina é chamado de ''O Professor'' pelo seu conhecimento, experiência e dedicação ao universo do fado.

2014 Perspectivas e Reflexões no Campo

 

Curiosidades:

A primeira audição no universo do fado de Joel Pina foi numa Grafonola de um vizinho na aldeia do Rosmaninhal quando tinha 8 anos de idade: ''Fado Proença'' cantado por Maria Alice.

O último espectáculo dado por Amália Rodrigues, no Coliseu, foi organizado por Ruben de Carvalho (do Partido Comunista Português)

 

 

Recolha efectuada no Museu do Fado
Som de Paulo Lourenço
Fotografias de Marta Gonçalves

 

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