RAPromoção e publicações de conteúdos nos anos 1990

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RAPromoção e publicações de conteúdos nos anos 1990

A terceira sessão do Ciclo de Conferências e Debates no âmbito do projecto RAPortugal 1986 - 1999 aconteceu no dia 11 de Outubro no LARGO Café Estúdio. A sessão teve como título ''RAPromoção e publicações de conteúdos nos anos 1990''. À conversa com Soraia Simões estiveram  José Mariño (autor durante este período dos programas Novo RAP Jovem e ReptoDjoek Varela (rapper que inicia o seu percurso durante este período cantando maioritariamente em crioulo de Cabo Verde) e António Pires (chefe de redacção do então jornal Blitz onde se iniciou em 1986 e permaneceu durante vinte anos).

Ciclo de Conferências e Debates no âmbito do projecto RAPortugal 1986 - 1999 financiado pela Direcção-Geral das Artes
Reportagem fotográfica de Pedro Gomes Almeida 

Nesta sessão falou-se da relação entre a promoção e divulgação de conteúdos no domínio da rádio e da imprensa nacional e o RAP e ''cultura hip-hop'', de relações de proximidade e resistência.

 

As sessões anteriores, temas e convidados, podem ser consultados aqui: http://www.muralsonoro.com/qd-intro

 

 

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RAProduzir: da QY10 ao estúdio de gravação

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RAProduzir: da QY10 ao estúdio de gravação

A segunda sessão do ciclo de Conferências e debates do projecto RAPortugal 1986 - 1999 decorreu no Centro Cultural Juvenil de Santo Amaro - Casa Amarela, no Laranjeiro, dia 28 de Setembro pelas 18.00. Acarinhado e apropriado pela comunidade juvenil, o Centro Cultural Juvenil de Sto. Amaro é também conhecido por Casa Amarela, nome adoptado pelo público em geral. A sessão teve como tema "RAProduzir. Da QY10 ao estúdio de gravação".  Participaram na sessão, a convite de Soraia SimõesFrancisco Rebelo (Cool Hipnoise) e Virgilio Varela (Double V/Grupo Family, Colectânea RAPública, 1994). Além  do enquadramento histórico inicial a cargo de Soraia Simões, houve demonstrações e partilha de algumas das possibilidades, limitações e histórias que a máquina "rainha" para um grupo de jovens rappers no início da década de 90 ofereceu.

Evento aqui

A sessão de abertura deste ciclo decorreu no pátio da FCSH no passado dia 7 e teve como convidados Lince (grupo New Tribe, na colectânea RAPública de 1994), Fernando Rosas (IHC/FCSH NOVA), José Falcão e a moderação de Soraia Simões (IHC/FCSH NOVA, Associação Mural Sonoro). 

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CONFERÊNCIA, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, 1 de Outubro, 11.45, Soraia Simões

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CONFERÊNCIA, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, 1 de Outubro, 11.45, Soraia Simões

1 de Outubro - 11.45, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, Comunicação de Soraia Simões "Mural Sonoro: Memórias e sons locais sem paredes"

Info:

A Câmara Municipal de Penacova tem a decorrer desde 1 de Julho o ciclo de Conferências sobre o Património Imaterial de Penacova. A 1 de Julho a conferência versou sobre literatura oral, no dia 5 de Setembro sobre Museus e Património Cultural Imaterial.

Soraia Simões (Instituto de História Contemporânea - FCSH NOVA, Associação Mural Sonoro) é uma das conferencistas convidadas pela Vereação da Cultura da Câmara Municipal de Penacova para a Conferência de dia 1 de Outubro sobre música, arquivos e memória.

Apresentará uma comunicação de cerca de 40 minutos com o título ''Mural Sonoro: Memórias e sons locais sem paredes''.

Convidamos quem andar por perto este sábado a assistir. A entrada é livre. Mais informações: Largo Alberto Leitão, 5 | 3360-191 Penacova www.cm-penacova.pt | geral@cm-penacova.pt

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BONS SONS'16, Viver a Aldeia!

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BONS SONS'16, Viver a Aldeia!

BONS SONS'16

Os parceiros da Associação Mural Sonoro já aí com um belo cartaz. De 12 a 15 de Agosto. 10 anos dando espaço à música e aos autores que produzem em Portugal. Incentivando outros a mudar o foco das suas programações.

 

BONS SONS'16 12 - 15 de Agosto

Sugestão para gente que gosta de ouvir o que é produzido por cá em ambiente bucólico e interessante.

Relembramos nesta imagem a passagem da Associação Mural Sonoro pelo auditório do BONS SONS'15 com o ciclo ''Conversa ao Correr das Músicas''. Aqui Manel Cruz numa conversa interessante com Soraia Simões, coordenadora do ciclo (http://www.bonssons.com/bs2015/).

 

Este ano, dado o volume de trabalho a decorrer no projecto ''RAPortugal 1986 - 1999'' (Fevereiro 2016 - Março 2017), não nos é possível estar presente com o mesmo ciclo. Porém, estamos na mesma com os nossos parceiros naquele que é dos ajuntamentos (nem eles nem nós usamos o termo ''festival'' quando nos queremos referir ao trabalho desenvolvido pela Associação de Cem Soldos - Tomar) que melhor interiorizam a relação entre a produção cultural relevante, a musical em concreto, ''o local sem paredes'' como dizia Miguel Torga. Naquele que foi o primeiro, há uma década, a juntar em 4 dias o mais interessante do que é produzido cá em domínios musicais, culturais e sonoros diversos, procurando não se repetir nas escolhas no ano seguinte de modo a poder trazer o que de melhor se faz até à aldeia, e servindo de inspiração a outros que depois deles, um pouco por todo o país, começaram a surgir dando espaço nos seus cartazes exclusivamente à música e aos autores que realizam e produzem os seus trabalhos cá dentro.

Força ao BONS SONS'16 e à persistência do Luis Sousa Ferreira e dos seus companheiros (equipa) nesta iniciativa que já conta com 10 anos de actividade, contribuindo para o desenvolvimento local e da aproximação entre os vários espaços físicos, culturais e musicais que formam a Música que tem sido feita neste país.

 

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DIPANDA'75, Documentário

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DIPANDA'75, Documentário

Dipanda'75 é um projecto documental (1) que pretende retratar um período musical muito particular na história da música que foi feita em Angola.

 

Documentário de Alexandre Nobre, fotógrafo e documentarista angolano, em homenagem ao pai, militante de um dos movimentos independentistas africanos, com consultoria e ajuda no argumento da investigadora do Instituto de História Contemporânea da FCSH NOVA Soraia Simões, em curso (2017).

Iniciado há quase 10 anos por Alexandre Nobre o trabalho de campo para este projecto em Angola. Título Dipanda'75.

«Dipanda'75» é um projecto documental que pretende retratar um período musical muito particular na história da música que foi feita em Angola. 

No ano de 2007, na cidade de Luanda, recolheram-se dezenas de depoimentos (de músicos e compositores a historiadores e diplomatas angolanos que marcaram de modo explícito este período), registos de imagens de arquivo, de arquivos pessoais e estatais fonográficos (Rádio Nacional de Angola), dos lugares que marcaram esta história (Muxima, musseques, entre outros). 

Este Filme abrange o período que antecede a data da independência de Angola. Foca a música popular de carácter intervencionista. Num período que vai da década de quarenta até à independência de Angola.

A Música Popular, no domínio da «canção de protesto», enquadrada na luta de libertação de Angola, teve um papel de afirmação, mobilização e confrontação com o antigo regime.

A música desenvolvida nesta altura, ao utilizar línguas autóctones, o quimbundo, umbundo, quicongo, bem como os papéis fundamentais da língua oficial e de Liceu Vieira Dias ou N´Gola Ritmos, a evolução técnica e musical a partir das músicas tradicionais, são algumas das características afloradas ao longo deste projecto documental.

Pretende-se que seja a música, as letras das músicas, a contarem a história. Em conjunto com o testemunho de alguns músicos intervenientes neste processo, procuramos construir uma narrativa documento sobre este momento de importância vital para o povo angolano.

Não sendo um documentário político, a temática do documentário envolve um período de grande actividade política e partidária, a qual não se pode alhear de toda a movimentação partidária que se gerou. Não tomando partido, cinge-se a actividade partidária a factos. Cabe a cada um interpretar como entender.

(1) Blogue do Projecto: http://dipanda75.blogspot.pt/ e  Página do Projecto no Facebook: https://www.facebook.com/DIPANDA75
Equipa
Equipa
Autoria, Fotografia, Realização: Alexandre Nobre
Argumento: Soraia Simões
Montagem; Maria Joana
Recolhas fase 1 e 2 em Luanda: Alexandre Nobre (fase 1 e 2), Luís Moreira (fase 2), Arlete Leandro (fase 1 e 2), Transcrição de entrevistas e de formato analógico para digital: António Ferreira
Produção: Associação Mural Sonoro

Contextualização histórica, Narração, Textos  Blogue, Textos no Facebook: Soraia Simões

Registo IGAC, Junho de 2015

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Janelo da Costa (autor, músico, Kussondulola)

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Janelo da Costa (autor, músico, Kussondulola)

111ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00094

                                                                                                


 Janelo da Costa nasceu em Luanda e veio para Portugal no ano 1976, tendo depois regressado a Angola, para dois anos depois vir de novo para Portugal. Foi um dos actores da canção mais expressivos na década de 90 na sociedade portuguesa, fazendo crescer a prática do «reggae» cantado em português. 

Foi uma das forças motrizes, com Messias, do grupo Kussondulola. Aprendeu música de forma autodidacta, mas com o grupo que ajudou a fundar habituou-se a contribuir para as ideias dos arranjos e das produções do mesmo. 
Conta nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma boa parte no acervo deste arquivo online, que cresceu no bairro  do Prenda com alguns dos agrupamentos que ouviu de um pavilhão perto da casa onde vivia e que tinha espectáculos ao vivo, os quais ouvia com proibição expressa de entrar do lado de fora e que já veiculavam nos repertórios das suas práticas teor crítico. Muitos que escutava em criança eram conjuntos eléctricos que passaram mais tarde a ser referenciais para si como os grupos Kiezos, Merengues ou Jovens do Prenda, entre outros.

Conta que foi no bairro do Prenda que teve o primeiro contacto com um instrumento musical: a guitarra, mas que foi o facto de mais tarde começar a tocar com músicos jamaicanos pela Europa, que aproximou aquilo que já eram as suas memórias dos sons e palavras emitidos por agrupamentos angolanos que preencheram a sua infância em Luanda do «reggae», percebendo em ambos os universos algo semelhante: por um lado as questões económicas e sociais que levava a que um  numeroso conjunto de músicos suportasse os intérpretes vocais em Angola era semelhante ao que se passava no grupo de músicos jamaicanos com quem tocou pela Europa onde encontrou o mesmo espírito colectivo e de entreajuda, por outro lado o teor político e social expresso nos repertórios poético-literários que norteou ambos os domínios culturais.

Refere-se aos intérpretes, no decorrer desta conversa, como «trovadores», porque entende que a música que fez ou de que fez parte tem de servir, tal como a que fora feita pelas suas referências, para mobilizar pessoas num determinado contexto, ela não se dissocia do mundo social, cultural e económico ao qual pertence, embora alguma se aliene disso. É, na sua óptica, «a menos interessante».

Os registos discográficos de Kussondulola representaram um conjunto de actuações, expressões orais e conteúdos novos em Lisboa e posteriormente na sociedade portuguesa, no geral. Expressões que faziam parte da cultura angolana ganharam, através da amplificação do seu primeiro registo fonográfico, Tá-se Bem (1995), maior força no quotidiano dos portugueses.

As temáticas em que incidiu o repertório do grupo fez com que a sociedade portuguesa estivesse atenta na década de 90 a  um conjunto de realidades que, com o conjunto de grupos que começaram a afirmar-se no universo do «hip-hop», passam a ser discutidas em mais domínios culturais: como o cinema, o teatro e o mundo das ciências sociais e humanas. No caso concreto de Kussondulola, com temas originais, que  relatavam a vida e as dificuldades dos africanos na Europa, a necessidade do regresso às dinâmicas e experiências culturais das origens que tinham estado no período colonial condenadas ao esquecimento, da destreza para se sair de situações de sufoco ou conflito, da ausência de identificações com os valores culturais portugueses ou da fé. 

Do legado fonográfico do grupo fazem parte discos como: Tá-se Bem (1995, EMI), Baza Não Baza (1998, EMI),
O Amor é Bué (2001, EMI), Survivor (2005, Som Livre), Guerrilheiro (2006, Zona Música), a compilação Cumué? - O Melhor dos Kussondulola (2004, EMI) e o álbum gravado ao vivo Vive! Tens de Viver (2002, Kussondulola - Edições Musicais).

2015 Perspectivas e Reflexões no Campo

Fotografias: Alexandre Nobre

[1] as canções usadas nesta recolha, as edições discográficas e anos nos quais se incluem, estão identificados na parte final do vídeo. As temáticas e contextos em que se inseriram são aflorados nesta conversa.

Curiosidade/ pequeno glossário de expressões usadas:

«kumbu»: dinheiro

«tá-se bem»: na paz

«baza»: foge, desaparece

«kambuta»: Pessoa baixinha

«pancos»: sapatos

«mauas»: óculos

«mauanas»: óculos escuros

«quedes»: ténis ou sapatilhas

«chwinga»: pastilha elástica

«kiquache»: pão

«parro»: relógio

 

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Mural Sonoro no Europeana.eu

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Mural Sonoro no Europeana.eu

Biblioteca Nacional de França acerca do Mural Sonoro:

 BnF - Bibliothèque nationale de France: Découvrez une archive où les souvenirs sont conservés vivants

Mural Sonoro no Europeana.eu liderado pela The British Library

Algum do trabalho desenvolvido por Soraia Simões na nossa Associação Mural Sonoro, especificamente o trabalho de arquivo e documentação, resultado da sua coordenação de entrevistas, conferências, debates e recolhas de memórias, contextualização e identificação dos mesmos, encontra-se agora neste projecto europeu, que congrega outros trabalhos no âmbito, das mais destacadas bibliotecas e instituições europeias. 

A sua autora, e restantes integrantes da Associação Mural Sonoro, que congrega no seu trabalho entre outros estudos e documentos esta base de dados online, dedicam esta integração especialmente aos músicos, autores, compositores, construtores de instrumentos que com Soraia Simões partilham desde 2011 as suas memórias ajudando ao trabalho de contextualização, enquadramento, enriquecendo a compreensão da História social e cultural do país e da Música que foi feita em Portugal nos últimos 50 anos, através das suas histórias, mas também a produção literária e científica.

Encontrarão, assim, junto de outras instituições de destaque, alguns dos metadados do arquivo da Associação Mural Sonoro no Europeana Collections.

Encontram os metadados disponibilizados do seguinte modo:
Subject:
Oral histories
Language:
Português
Data provider:
Associação Mural Sonoro
Provider:
Europeana Sounds
Providing country:
Portugal
Metadados (seguir este link)

Saudações sonoras,

Associação Mural Sonoro

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Mural Sonoro, Discurso Directo: RTP2, Antena 1,  Antena 2, Antena 3

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Mural Sonoro, Discurso Directo: RTP2, Antena 1, Antena 2, Antena 3

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RTP - «Extrema - Esquerda: Porque não Fizemos a Revolução?»

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RTP - «Extrema - Esquerda: Porque não Fizemos a Revolução?»

Foi ontem , 24 de Novembro de 2015, lançado o Portal “Extrema-esquerda – porque não fizemos a revolução?”, do qual o Mural Sonoro é parceiro.

 

O site “Extrema-esquerda – porque não fizemos a revolução?”, cujo objectivo é contar essa história, através dos depoimentos dos diversos participantes nesse vasto movimento foi ontem lançado pelas 17h no Museu do Aljube - Resistência e Liberdade. Trata-se, assim, de um repositório de história oral, apoiada também numa recolha de documentação. Ao mesmo tempo, conta-se com a participação de todos os interessados em contribuir para o crescimento do site, enviando depoimentos e documentos.

 

Este é um projecto desenvolvido pela RTP, em parceria com o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, com o Mural Sonoro e com o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que assume um papel fundamental na garantia do rigor histórico.

Soraia Simões - RTP

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Palestra proferida no I Encontro «Semba Samba», por Amanda Palomo Alves

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Palestra proferida no I Encontro «Semba Samba», por Amanda Palomo Alves

por Amanda Palomo Alves*

Palestra proferida no I Encontro Semba Samba.

Rio de Janeiro

“Angolano segue em frente”: a canção urbana de Angola do século XX e as novas possibilidades de pesquisa e investigação histórica.  

Prezados colegas,

Para dar início à nossa conversa, eu gostaria de dizer que do meu ponto de vista, toda pesquisa revela muito de nossas vontades e inquietudes, então, fiquei me questionando: como poderia começar esta fala? E cheguei à conclusão de que a melhor maneira,  talvez, seria recuperar um pouco a trajetória da pesquisa e minhas principais motivações na escolha do tema.  De imediato, já posso afirmar que durante a minha breve trajetória acadêmica, história e música andaram sempre de mãos dadas. No doutorado, por exemplo, busquei apontar novos caminhos para a investigação da história recente de Angola. A pesquisa intitulada “Angolano segue em frente: um panorama do cenário musical urbano de Angola entre as décadas de 1940 e 1970” teve a cuidadosa orientação do Prof. Marcelo Bittencourt, foi defendida recentemente na Universidade Federal Fluminense e sinalizou um interesse particular, que tomou forma logo após a finalização de meu mestrado, em 2010, na cidade de Maringá. 

Na verdade, o tema da pesquisa começou a ser desenhado já em 2009, quando estive pela primeira vez no Rio de Janeiro a fim de fazer a minha pesquisa de campo e entrevistar o cantor e compositor brasileiro, Tony Tornado. Como nós sabemos, Tony Tornado tem uma história importante no cenário musical e político brasileiro dos anos 1970. Durante a entrevista ele me revelou que um dos países por qual passou, na época do exílio, foi Angola.  Não por acaso, uma de suas composições, “Manifesto” – presente no álbum “Alma Negra”, de 1988 - fala justamente da luta pela independência no país.  Fiquei com essa canção durante muito tempo na minha cabeça, sobretudo, porque eu desconhecia a história de Angola e, como a curiosidade é o que nos move e é, também, um dos motores da história, decidi dedicar a minha pesquisa de doutorado em compreender um pouco da história desse país e escolhi como fio condutor, a canção urbana.  

Apesar de reconhecer a importância e valorizar as fontes disponíveis no Brasil, uma viagem a Angola tornou-se indispensável, até mesmo para um melhor encaminhamento da pesquisa. Assim, durante a minha curta, mas, frutífera, pesquisa de campo, realizada em Luanda entre os meses de outubro e novembro de 2013, pude consultar parte do acervo do Arquivo Histórico Nacional de Luanda; visitei e pesquisei parte do acervo da Rádio “Vial”; realizei entrevistas com músicos, compositores, jornalistas, radialistas e produtores culturais. 

A coleta e a análise do material que tive acesso durante a viagem me permitiu perceber que a música urbana de Angola passou por diferentes fases em sua história, sobretudo no decorrer da segunda metade do século XX. Todos esses apontamentos me levaram a compreender que a canção oferece um conjunto de possibilidades de investigação particularmente rico. E mais: que toda canção está inserida em uma historicidade específica e se evidencia pelo contexto social que a incorpora e a identifica. Neste sentido, eu gostaria de destacar a importância e a preocupação de vários escritores e poetas angolanos em recuperar a tradição oral do passado. Ora, recuperar o patrimônio cultural africano que, como sabemos, estava condicionado pelas autoridades coloniais ao esquecimento, e construir uma visão nacionalista da cultura foram algumas das formas encontradas para driblar a censura e as duras imposições daquele contexto histórico. 

Em 1950, surge o “Movimento dos Novos Intelectuais de Angola” (MNIA). Uma das características fundamentais da poesia do movimento era ser uma poesia social. Nesta perspectiva, destaco textos como “Muimbu ua Sabalu” (“Canção de Sabalu”), de Mário de Andrade. Referencio este poema, em especial, porque foi uma importante iniciativa de utilização integral da língua quimbundo, e nós não podemos esquecer que as línguas nativas de Angola foram marginalizadas e marcadas com o “selo da inferioridade” durante o período colonial. 

De modo geral, o poema retrata o sofrimento de uma mãe que chora pelo desaparecimento do filho, enviado como mão-de-obra forçada para as plantações de São Tomé. Alguns versos da letra da canção nos informam: Nosso filho caçula/Mandaram-no pra São Tomé/Não tinha documentos/Nosso filho chorou/Mamã enlouqueceu/ Mandaram-no pra São Tomé/Nosso filho já partiu/Partiu no porão deles/Mandaram-no pra São Tomé /Cortaram-lhe os cabelos/Não puderam amarrá-lo/ Mandaram-no pra São Tomé/Nosso filho está a pensar/Na sua terra, na sua casa/Mandaram-no trabalhar/Estão a mirá-lo, a mirá-lo/ Mamã, ele há de voltar/Ah! A nossa sorte há de voltar/Mandaram-no pra São Tomé./Nosso filho não voltou/A morte levou-o / Mandaram-no pra São Tomé (Tradução disponível no site casacomum.org).  

O poema foi gravado por Ruy Mingas, no CD “Memórias”, de 2006, e por Bonga, no álbum “Angola 72”. 

O empenho dos envolvidos com o movimento se torna ainda mais expressivo se pensarmos que a palavra escrita chegava, naquela época, a uma parcela ínfima da população de Angola, ademais, o índice de analfabetismo na colônia era muito elevado. Para vocês terem uma ideia, de acordo com o Anuário Estatístico de Angola – documento de 1958, o número de analfabetos (entre negros e mestiços) representava quase 97% da população total do país. Assim, musicar poemas ou, ainda, dar ao texto literário, harmonia, melodia e ritmo foi o caminho encontrado por alguns dos poetas da chamada “geração de 50” para que seus textos pudessem atingir de maneira direta a população, sobretudo, a população não alfabetizada. Um exemplo deste esforço pode ser percebido no poema “Castigo pro comboio malandro”, de Antônio Jacinto, porque existe uma tentativa do autor em assumir os recursos que valorizam a sonoridade, seja pelo uso da mistura das línguas portuguesa e quimbundo, seja pela repetição de palavras ou pelo uso intencional de onomatopeias. Todos esses elementos, somados, contribuem para dar “harmonia e ritmo” ao poema, auxiliando na percepção do leitor-ouvinte que passa a compreender de outra maneira aquela poesia. Importante lembrar que “Castigo pro comboio malandro” foi gravado por Fausto Bordalo Dias no álbum “A preto e branco” (1980’s). 

Sabemos que os múltiplos saberes nas sociedades africanas são apreendidos por meio da palavra, da oralidade. Aliás, como explica o estudioso africano Amadou Hampâté-Ba as sociedades africanas são “sociedades da palavra” e o papel socialmente integrador da  música permaneceu como um aspecto característico da vida cultural em África. O aprendizado musical encontra-se, neste sentido, inscrito na memória e é transmitido oralmente, de geração em geração. E é neste contexto que eu insiro o surgimento e a atuação do emblemático grupo angolano “N’gola Ritmos” no fim dos anos 1940. 

Jorge António, diretor do documentário “O lendário tio Liceu e os Ngola Ritmos” explica que o grupo surge, não apenas, num contexto político muito particular, mas ele aponta que seus integrantes fizeram, sobretudo, um trabalho de “antropologia musical”, ao recuperarem as canções populares e tradicionais de Angola e dando-lhes um novo arranjo. Nesta perspectiva, a atuação de Liceu Vieira Dias foi altamente expressiva, pois ele assumiu a tarefa de pesquisar e recuperar as tradições musicais de Angola. Posso afirmar que Liceu buscou fazer em Angola o que J. e Alan Lomax buscaram fazer no sul dos EUA e Mário de Andrade aqui no Brasil, por exemplo. 

Paralelamente aos seus trabalhos de investigação musical, Liceu Vieira Dias fundou a orquestra “Ritmo Tropical” e, pouco depois, nos anos 1930, o “Grupo dos Sambas”. 

Todos os anos de pesquisa desenvolvidos em grupos anteriores influenciaram na formação de seu novo conjunto, o “N’gola Ritmos”. 

A minha opção em destacar o grupo e Liceu Vieira Dias se deve ao fato de eu julgar proeminente sua posição de liderança naquele contexto. O grupo elaborava seu  repertório de maneira singular, valorizando canções de origem popular, compostas, na maioria das vezes, na língua quimbundo.  Algo a destacar, também, é que o grupo se apresentava em vários lugares, mas, de modo especial, nos musseques e bairros suburbanos de Luanda (lembro que o termo musseque significa “lugar de areia” e com o tempo passou a designar os bairros pobres com casas feitas, geralmente, de papelão e lata). 

A performance e o modo de cantar do grupo também são bastante peculiares. Em relação ao canto africano, o etnomusicólogo Kazadi Wa Mukuna nos explica que existem alguns cantos que são assumidos apenas pelo solista; outros, são entoados em uníssono pelo grupo e existem, ainda, aquelas formas de cantar divididas entre o solista e o coro, onde o solista entoa a melodia e o grupo a completa. Este é o chamado de canto responsorial (ou execução antifônica), uma forma de cantar característica de vários povos da África e foi uma forma de cantar bastante utilizada pelo grupo “N’gola Ritmos”. 

O “puxador”, cantador ou mestre é designado como o responsável pelo canto inicial e o coro pode ser acompanhado por instrumentos musicais. A canção “N’birin Birin”, interpretada pelo grupo, é um típico exemplo desse modo de cantar. A música foi gravada, também, por Ruy Mingas, sobrinho de Liceu Vieira Dias, no CD Memórias; pelo filho do Liceu, Carlito Vieira Dias no álbum As vozes de um canto e, se não me engano, o músico Waldemar Bastos também a gravou. 

Cumpre frisar, também, a presença da dikanza, um instrumento típico de Angola. Grande parte do repertório do “N’gola Ritmos” inclui a utilização do instrumento, sobretudo, na performance de Fontinhas, com “N’zaji”. Todas essas características do grupo que acabei de mencionar se tornam ainda mais relevantes se nós lembrarmos que em meados dos anos 1940 e 1950, as canções e as línguas tradicionais africanas eram rejeitadas pelo sistema colonial e vistas como sinais de uma cultura não civilizada. 

Com o passar do tempo, como não poderia deixar de ser, o grupo passou a ser visto com “desconfiança” pelas autoridades coloniais, sobretudo, porque alguns de seus membros estavam politicamente envolvidos com o Movimento para a Independência de Angola (MIA) e, também, com o trabalho de panfletagem. O primeiro passo, então, foi o de afastar os componentes do grupo: Fontinhas foi transferido para o Moxico, em 1957; Zé Maria afastado para o Lubango e, logo depois, Amadeu Amorim e Liceu Vieira Dias foram presos pela então polícia política portuguesa, a PIDE. A partir daí, o “N’gola Ritmos” entraria numa outra fase. 

É importante frisar que neste contexto – meados dos anos 1960 - ganha força as ideias do lusotropicalismo e a chamada ação psicossocial. Através da defesa da ideia de uma colonização não racista, os ideólogos do Estado Novo passam a apresentar o período de colonização em África como resultado de uma relação harmoniosa entre portugueses e os povos nativos das colônias. Foi desenvolvida uma agenda de entretenimento e diversão voltada às populações da província. Assim, a canção, a radiodifusão, a gravação de discos e programas de variedades, como “Aquarela Angolana” e o “Dia do trabalhador” (Luís Montez), foram instrumentos utilizados pelos agentes da ação psicossocial. 

Durante os anos 1960 (e início da década seguinte), a programação radiofônica estaria voltada, quase exclusivamente, à transmissão de canções de músicos de Angola, inclusive, a maioria dos músicos que entrevistei em Luanda afirmou que até o advento da independência era natural gravar discos. 

Para construir uma “nova imagem de si”, o estado colonial passa a exaltar a existência de sociedades multirraciais, que estariam surgindo em Angola. Trata-se, claramente, de uma força enquanto propaganda. 

Mas, conforme já mencionei, nos anos 1960 o grupo “N’gola Ritmos” entre numa outra fase. Com as prisões de Liceu Vieira Dias e Amadeu Amorim e a transferência de Fontinhas para o Moxico, permanecem no “N’gola Ritmos” como principais impulsionadores, José Maria (Zé Maria) e Nino Ndongo. Quando o Zé Maria foi afastado para o Lubango, cumprindo ordem da PIDE/DGS, o grupo é reforçado com as participações de Ricardo Vaz Borja (Xodó), José Ferreira (Gegé), José Cordeiro dos Santos (Zé Cordeiro), Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem. E é esta nova formação do grupo que viaja para Portugal, em meados dos anos 1960. 

Evidentemente, não podemos negligenciar a repercussão da notoriedade obtida pelo “N’gola Ritmos” durante essa viagem a Portugal que, de certa maneira, implicou uma forma de ascensão social do conjunto. Deu, inclusive, a oportunidade ao grupo de gravar seus dois álbuns. Todavia, o que quero destacar neste momento é o modo como a chegada do grupo à Lisboa foi noticiada por várias revistas portuguesas da época. 

Destaco, a título de exemplo, trechos de uma matéria publicada na revista “Plateia”, em meados dos anos 1960: 

“N’gola Ritmos fará ecoar nos céus metropolitanos toda a magia das batucadas angolanas, a beleza do seu ritmo estridente e exótico; este conjunto lançou a música do folclore até aos meios civilizados. Esse ritmo dos morros e das florestas entrou, assim, no conhecimento das plateias que, fascinadas, ouvem um novo ritmo”. 

Ao analisarmos este pequeno fragmento da matéria enquanto uma construção discursiva historicamente datada, nós podemos depreender que ele está o permeado pelo discurso lusotropicalista. Vale destacar a forte presença da ideia de folclore como algo distante e exótico e, ao mesmo tempo, como, exatamente por isso, ele podia ser agradável aos “meios civilizados”, ainda que saído “dos morros e das florestas”. Ora, como bem argumentou o pesquisador e músico Mário Rui Silva, o sentido da palavra folclore em África sempre esteve relacionado a “algo de aspecto pitoresco e sem significação profunda”, utilizado para classificar certas manifestações, consideradas “menores” pelos europeus. 

Com relação ao repertório do grupo, gostaria de destacar que além da gravação das composições “N’birin Birin” e “N’zaji”, o grupo gravou algumas canções tradicionais portuguesas. O mais importante a destacar, contudo, é que essas canções foram estilizadas pelo grupo, seja pela utilização de instrumentos tradicionais de Angola, como no uso da dikanza, ou pela adaptação do violão, ou, ainda, pelo modo de cantar, caracterizado pelo canto e contracanto, que já mencionei. Ou seja, o sentido primeiro da canção foi deliberadamente subvertido por uma nova performance. Afinal interpretar implica também compor, pois, quando alguém canta e/ou apresenta uma música, atua, inevitavelmente e num determinado sentido, como compositor. Dito de outra maneira, a performance do grupo “N’gola Ritmos” – enunciadora de sentido – subverteu seu significado original ao adaptar aquelas canções com a utilização de instrumentos angolanos, com a readequação dos instrumentos trazidos pelos europeus para a África e com o modo de cantar. 

Não poderia deixar de mencionar, mesmo que brevemente, a importância e a contribuição do “Duo Ouro Negro” para o cenário musical angolano dos anos 1960 e 1970 no sentido da internacionalização da música angolana. Com um repertório e uma linguagem musical bastante híbrida, os músicos gravaram – além de canções angolanas e de outros povos da África - canções de artistas e grupos internacionais, como “Agora vou ser feliz”, uma versão de “I wanna hold your hand” dos Beatles” - gravam “La mamma”, canção famosa na interpretação do músico francês Charles Aznavour e, ainda, diversas canções brasileiras, como “Construção”, de Chico Buarque de Holanda, “Menino de Braçanã”, “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa, e “Upa, neguinho!”, composição de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, famosa na voz de Elis Regina. Mas, infelizmente, e supreendentemente, encontrei pouquíssimo material sobre a dupla. Constatação esta que evidencia, talvez, a necessidade de mais trabalhos e pesquisas sobre a dupla de músicos.  A efervescência cultural que ainda se via nos primeiros anos da década de 1970 - expressa pela intensa gravação de discos, pelo surgimento de grupos musicais e as inúmeras edições de concursos de variedades e festivais da canção - se alterou de modo bastante significativo a partir de 1974. 

Com a chegada do Movimento Popular de Libertação de Angola ao poder a música popular urbana de Angola, sobretudo a de Luanda, se tornou uma importante ferramenta de legitimação política e ideológica do movimento. A canção deste período pode ser considerada um caminho importante para percebermos a divulgação do novo projeto político do MPLA, logo após a independência. Além disto, em um país caracterizado pela alta taxa de analfabetismo, a canção se tornou um forte e eficiente instrumento de divulgação das ideias do então partido. 

Vários músicos e compositores se destacaram neste período, todavia, a atuação do grupo “Kissanguela” foi preponderante. O grupo – formado em 1974 por membros da JMPLA (Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola) - fazia parte da delegação presidencial e acompanhava Agostinho Neto em todas as digressões que ele fizesse às diferentes províncias do país. Neste sentido, o papel do “Kissanguela” seria, também, o de transmitir, através da canção, a fala que os principais representantes do partido proferiam em seus discursos. 

Em Angola eu tive o grande prazer de entrevistar alguns dos integrantes do “Kissanguela”. E dois dados que me chamaram bastante a atenção em suas falas é o de que havia de 20 a 30 pessoas no grupo e que o “Kissanguela” não se tratava, apenas, de um grupo musical, pois envolvia outros segmentos artísticos, como dança, teatro, jograis e poesia. Entre os vários músicos e instrumentistas que compunham o grupo, destaco os nomes de Artur Adriano, Beto, Carlos Lamartine, Calabeto, Cristiano Veloso, El Belo, Fató, Filipe Mukenga, Jorge Varela, Nito, Manuelito, Manuel Faria, Santos Júnior, Vivi e Tonito. 

A partir de uma breve análise dos registros fotográficos, somos capazes de observar aspectos materiais daquele contexto, como a infraestrutura dos comícios, os instrumentos musicais, as roupas utilizadas pelos integrantes do “Kissanguela” e o público participante; somos capazes, também, de visualizamos as bandeiras de Angola, da UNTA, da JMPLA e do MPLA. 

De modo geral, fotografias como essas que apresentei a vocês buscavam atingir interlocutores específicos ao propagarem valores e sinalizarem as marcas de um ideal pretendido pelo MPLA. Além de que, essas imagens poderiam desempenhar uma função de extrema relevância, tendo em vista as altas taxas de analfabetismo e a multiplicidade de línguas existente em Angola.

Ao concluir, também, que o conteúdo temático de uma canção, assim como a sua construção composicional, estão ligados a um contexto e à condições de produção específicos, pude constatar que várias músicas presentes nos cinco álbuns gravados pelo “Kissanguela” revelam o didatismo do MPLA e tornaram-se um importante instrumento de divulgação de seu novo projeto político, no período posterior à independência do país.

A título de exemplo destaco a composição de Santos Júnior “Cada cidadão é e deve sentir-se um soldado”, gravada no álbum “Progresso, Disciplina, Produção e Estudo”, do “Kissanguela”. Ao orientar as ações e os comportamentos que os cidadãos deveriam seguir, as mensagens impressas na letra da canção sinalizam para a necessidade da continuidade da luta, seja ela nas cidades ou nas matas e incentiva a mobilização da população civil a entrar para o exército. 

Com essa canção de Santos Júnior vou finalizando a minha contribuição para este evento. Ao longo do meu percurso surgiram muitas questões que me fizeram constatar que as análises que eu apresentei ainda estão muito longe de se esgotarem. Infelizmente, a insuficiência de material sobre as compositoras e cantoras que se destacaram no cenário musical do período compreendido por mim nesta pesquisa, me limitou a apresentar com maior profundidade suas trajetórias. Outro obstáculo a ser superado foi a falta de tradutores para as canções compostas em língua nacional, especialmente o quimbundo. Porém, as dificuldades que encontrei em minha caminhada foram amenizadas pelas amizades estabelecidas e pelos laços de confiabilidade conquistados em Angola. É preciso destacar o modo gentil como os músicos entrevistados me receberam em suas casas - ou nos lugares onde ocorreram as respectivas entrevistas -, compartilhando comigo suas memórias, seus discos e fotografias de seu acervo pessoal. 

Ao me empenhar em traçar brevemente um panorama do cenário musical urbano de Angola – elegendo grupos e músicos representativos dos anos situados entre 1940 e 1970 - foi possível sinalizar momentos específicos da história recente daquele país. 

Assim, espero ter amenizado (ao menos um pouquinho) a sensação de profundo desconhecimento que ainda temos sobre a história musical angolana. As possibilidades de pesquisa não se esgotam, pelo contrário, são diversas, instigantes e se fazem cada vez mais necessárias.  

Muito obrigada a todos pela atenção e parabéns pelo lindo evento.

 

Amanda Palomo Alves* Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Integrante da Associação Mural Sonoro

(a fotografia de capa usada neste artigo é do fotógrafo angolano Alexandre Nobre, durante pesquisas na Rádio Nacional de Angola no âmbito do seu filme «Dipanda 75» )

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Associação Mural Sonoro no Festival BONS SONS

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Associação Mural Sonoro no Festival BONS SONS

 A Associação Mural Sonoro marcou presença no Festival BONS SONS este ano com o «Conversa ao Correr das Músicas»

Depois de em Agosto de 2014 Soraia Simões ter recebido o Prémio Megafone Sociedade Portuguesa de Autores, no Palco Lopes-Graça deste Festival, durante a cerimónia de entrega destes Prémios nas Categorias Música e Missão, pelo trabalho que tem desenvolvido no seio da música e cultura populares e na Associação e Projecto Mural Sonoro, este ano deu início a uma parceria com o BONS SONS e marcou presença no mesmo para guiar duas conversas com momentos musicais.

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Manel Cruz - Auditório de Cem Soldos - 13 de Agosto de 2015
Fotos: Carlos Manuel Martins

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Criatura (Ricardo Coelho (flautas, gaita de foles e percussões várias) - Auditório de Cem Soldos - 16 de Agosto de 2015 Fotos: Carlos Manuel Martins

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Criatura (Ricardo Coelho (flautas, gaita de foles e percussões várias) - Auditório de Cem Soldos - 16 de Agosto de 2015
Fotos: Carlos Manuel Martins

fotografia: Sofia Figueiredo  com Criatura (Ricardo Coelho: músico, tocador e construtor de aerofones diversos e instrumentos de percussão variados, Acácio Barbosa: guitarra portuguesa, vozes)

fotografia: Sofia Figueiredo

com Criatura (Ricardo Coelho: músico, tocador e construtor de aerofones diversos e instrumentos de percussão variados, Acácio Barbosa: guitarra portuguesa, vozes)

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Vasco Ribeiro Casais (intérprete/multi-instrumentista, compositor)

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Vasco Ribeiro Casais (intérprete/multi-instrumentista, compositor)

BI: 110ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00093

 

                                                                                                       Rights reserved - Free access

Europeana Sounds

Vasco Ribeiro Casais é um intérprete e compositor nascido no ano de 1977, que conta já com cerca de 17 anos de actividade na música popular que tem sido feita em Portugal.

Nesta recolha de entrevista expressa aquelas que foram as suas referências de adolescência, sobretudo no domínio do rock, e aborda lembranças que vão da aprendizagem da guitarra clássica numa paróquia próxima e da ligação primeira à guitarra eléctrica, do seu percurso com o grupo Dazkarieh, que ajudou a fundar e o faria no final dos anos 90 profissionalizar-se na música e dela viver até hoje, a outros trabalhos musicais que encetou ou presentemente abraça (Chocalhos, Seiva ou Omiri).
O papel do circuito de produção e venda de discos e espectáculos ao longo da última década, a procura pelas recolhas do património oral, sonoro e musical português e a sua introdução directa (especialmente com o grupo Omiri onde os instrumentos musicais dialogam com registos sonoros) ou indirecta (no caso das recolhas que serviram de inspiração para a criação de canções) e a introdução de vários instrumentos musicais, que foi tocando e aperfeiçoando, ao longo do seu percurso musical são algumas das tónicas presentes nesta conversa registada.
Foi com o grupo Dazkarieh que maior popularidade granjeou, inclusivé fora de Portugal, de 1999 a 2012 o grupo editaria 6 fonogramas e tocou em países diversos como Suíça, Canadá, Bélgica, México, Cabo Verde, República Checa, Espanha, Áustria, Estónia e na Alemanha, país onde teve um maior destaque. Instrumentos das mais diversas categorias musicais foram tocados, especialmente neste grupo, como gaita de foles galega, acordeão, flauta transversal, ''tin whistles Irlandeses'', vários géneros de instrumentos de percussão africanos e árabes, baixo, guitarra, cavaquinho, viola braguesa ou bouzouki.

© 2015 Perspectivas e Reflexões no Campo

Fotografias: Alexandre Nobre

Recolha em Lisboa

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Bilan (intérprete, compositor cabo-verdiano)

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Bilan (intérprete, compositor cabo-verdiano)

109ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00092

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Europeana Sounds

Elton Jorge Martins Lima, ou Bilan como é conhecido no meio musical, é um músico e compositor nascido na ilha de São Vicente (Mindelo) em Cabo Verde no ano de 1981, vinte anos de experiência como autor e intérprete.

Teve a sua primeira experiência como músico de modo profissionalizante no Festival Baía das Gatas, conhecido Festival de Música de São Vicente, no universo do «pop-rock», veio para Portugal, para a cidade do Porto, no ano de 1999 para tirar o curso superior de Desporto (Educação Física), mas foi nessa cidade que acabou por conciliar com actividade de estudante universitário a de músico, tocando numa série de bares com outros músicos do Porto, especialmente nos domínios do «jazz» e do «pop rock».

Conta, entre outros aspectos, nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma boa parte neste acervo online, como se reconciliaria com a música e os músicos do seu país, do que aprendeu, ao radicar-se na cidade de Lisboa, do ponto de vista musical, cultural e linguístico sobre o seu Cabo Verde e de que modo passou a viver o seu espaço de origem não estando lá fisicamente, salientando nesse processo alguns dos que formam os seus principais rochedos de inspiração do ponto de vista composicional e interpretativo, como Bau, Bana, Vasco Martins, Titina, Tubarões ou Cesária Évora. Vive exclusivamente da música e explica de que modo o 'ritmo' e o recurso a instrumentos sobretudo percussivos que não os cordofones (igualmente percussivos, tanto mais consoante o modo como são executados) é importante na procura de um 'som', 'musicalidade' e 'identidade' específicos na música que faz, tanto como os músicos com que em Lisboa se cruzaria e que acabaram por se mostrar decisivos, ao se juntarem aos primeiros agrupamentos que integrou, no seu caminho musical.

Tem crescido como autor e intérprete na cidade de Lisboa e é a partir dela que tem intensificado as suas parcerias e colaborações, na música como no teatro e cinema documental.

Tem, até à data em que esta recolha é realizada, três trabalhos gravados.

Recolha realizada em Lisboa

Fotografias de Alexandre Nobre

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Mural Sonoro parceiro do projecto Memórias da Revolução (IHC -FCSH)

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Mural Sonoro parceiro do projecto Memórias da Revolução (IHC -FCSH)

O Projecto Memórias da Revolução, o portal Memórias da Revolução, promovido pelo Instituto de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL, junta o Mural Sonoro (1) às suas entidades parceiras.


Em parceria e com a colaboração de diversas instituições como, entre outras, a RTP, a Associação 25 de Abril ou a Assembleia da República este projecto com uma durabilidade de 9 meses (de 11 de Março de 2015 a 25 de Novembro de 2015) inscreve-se num programa anual, plural e diversificado, dedicado às comemorações dos 40 anos do PREC (Processo Revolucionário em Curso).


O projecto Memórias da Revolução procura, por isso, sensibilizar a população em geral para a importância da memória e da sua preservação enquanto património colectivo. É através do diálogo com o passado, da promoção do debate e da divulgação científica, e tendo presentes as novas práticas e necessidades socioculturais, que se busca o novo, numa continuidade histórica activa e dialogante entre passado, presente e futuro, de forma consciente e empenhada.
Fazer História é também um exercício de liberdade e de cidadania.

Memórias da Revolução Parceiros

(1) Domínio do trabalho: práticas musicais, recolha de memórias de protagonistas da música e cultura populares neste período histórico, coordenação de debates, apresentação e organização de encontros científicos no âmbito

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Carlos Martins (músico, compositor)

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Carlos Martins (músico, compositor)

107ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00090

Only with permission

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Nasceu no Alentejo, numa aldeia chamada Etiópia, no ano de 1961. É  um dos mais activos e consolidados músicos em Portugal.


Saxofonista, compositor e formador conta nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma parte no acervo deste projecto online, que começou por tocar percussões na rua em criança e que o ensino da música de modo 'oficial' é encetado na Banda Filarmónica de Grândola, onde estudaria clarinete, música e teoria musical.

O ambiente em que aprendeu música (a importância, entre outros, da perseverança do maestro Jorge Picoito para a sua aprendizagem de música) no Alentejo foi, como recorda, de um valor inestimável, mas o quadro social, cultural e ideológico em que cresce revelaram-se de igual importância. É neste campo que Carlos Martins fala dos desejos, ânsias e angústias que se viviam nesse período:  a suposição, utopia e  desejo de liberdade, a vontade e curiosidade do 25 de Abril de 1974, o incentivo à leitura de Karl Marx e Friedrich Engels, o estudo e a reflexão de disciplinas como a filosofia, as relações de proximidade e ambiente colaborativo, o lado afectivo e um sentido de transformação e idealismos fora do que apelida de 'determinismo revolucionário',  mas que convivia com o lado mais impenetrável do poder local partidário de esquerda. Foi líder dos estudantes comunistas, integrou um grupo de baile tendo como ideia inicial tocar bateria, o Conjunto Inovação, mas rapidamente passaria para os saxofone alto, emprestado para o efeito, e clarinete, onde chegou a tocar repertório do caboverdiano Luís Morais. Neste contexto, intuitivamente,  arriscaria as primeiras improvisações, sem saber exactamente que o fazia. 


Lembra ainda que com 19 anos, já em Lisboa, tocava com um conjunto alargado de músicos oriundos de Cabo Verde, vendo aí uma possibilidade de ficar  a tocar até tarde, desenvolvendo as suas capacidades interpretativas.

Os papéis assumidos, no seu crescimento como músico e indivíduo participativo na sociedade, que a sua passagem, de cerca de ano e meio, pela Banda da GNR, destacando os músicos de vários instrumentos de sopro que dali saíram e integravam neste período orquestras clássicas reconhecidas, ou pela Orquestra de Jazz do Hot Clube, com a facilidade que já tinha ganho em ler música - elemento decisivo para a sua integração -, os livros de solfejo que se estudavam na banda, são fundamentais e também por isso aflorados nesta conversa. Viria a juntar à sua formação os estudos realizados na Escola de Música do Conservatório Nacional.


Diz que se apercebeu nestes anos que é o ritmo que «faz a diferença da música entre os mundos», o ritmo inclusivé da voz em vários domínios musicais, dando de igual forma na fundamentação desta sua ideia o Fado (cantar Fado) como exemplo.


O racismo durante a década de 1990 na cidade de Lisboa, a criação da  Orquestra Sons da Lusofonia, Lisboa Capital da Cultura no ano de 1994, que teve Ruben de Carvalho como programador da área musical, e as primeiras tentativas de incentivo à organização de encontros e sessões, tendo a prática musical como motor, de fomento à reunião das diversidades de credos, espaços de origem, línguas e etnias, a entrada na UE,  são outros aspectos que enformam temporo-espacialmente o seu percurso e também por isso abordados e reflectidos nesta conversa.


Fez parte da Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, da Academia de Música de Setúbal, da New Jersey Performing Arts Center e foi responsável pela fundação do Quinteto de Maria João, do Quarteto de Jazz de Lisboa e do Sexteto de Jazz de Lisboa.

Trabalhou e gravou com músicos  como Cindy Blackman, Ralph Peterson Jr., John Stubblefield, Don Pullen e Bill Goodwin,  com o Grupo Colectiva (Teatro e Música) colaboraria com a compositora Constança Capdeville, actuou em vários concertos da Oficina Musical do Porto, dirigida pelo maestro Álvaro Salazar, bem como com os músicos solistas do Teatro Nacional de São Carlos, dirigidos pelo maestro João Paulo Santos. Tais actividades marcam indelevelmente o seu caminho como músico.


Em 1992 fundou o Festival Lisboa em Jazz, que deu origem à Festa do Jazz  que dura, até à data em que é realizada esta recolha, há 13 anos, o primeiro festival dedicado à apresentação de músicos portugueses de jazz, organizado em Portugal.

É presidente há 20 anos da Associação Sons da Lusofonia e foi nesta condição que iniciou há 10 anos o Lisboa Mistura, dirigindo-o até ao presente.


Escreveu música para teatro, cinema e bailado, tendo colaborado com o coreógrafo Rui Horta, ou com a bailarina e coreógrafa Vera Mantero. No cinema fez a banda sonora do filme "Filha da Mãe" de João Canijo, a banda sonora e a música da exposição "A Queda de um Anjo" do escultor António Quina e bandas sonoras do filme ‘PAX’ de Eduardo Guedes (1994) e do vídeo "Sétima Colina", de Lisboa 94.

Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Helena Silva
Recolha efectuada em LARGO Residências, Lisboa

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«memoriamedia» e-Museu. O que é?

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«memoriamedia» e-Museu. O que é?

MemoriaMedia  é um Portal online que congrega nele um grupo de investigadores, de ligações a trabalhos nos campos audiovisual, informativo, investigativo, arquivístico numa rede complementar de partilha de interesses comuns.

José Barbieri (director, realizador e responsável pelos meios multimédia) apresenta-nos um Museu Público que junta o campo da comunicação e da imagem com o da investigação: partilha vídeos, documentários e estudos sobre manifestações culturais do património cultural imaterial – expressões orais, saberes, celebrações e práticas performativas. A plataforma está organizada segundo critérios baseados nas recomendações da UNESCO e na legislação nacional para inventariação do Património Cultural Imaterial. O projecto agregador pretende valorizar quer as diversas comunidades  como o diálogo intercultural.

Pode navegar livremente, partilhar todos os vídeos, baixar documentos e arquivos sonoros. Os conteúdos estão organizados em secções. 

Pode, para melhor se inteirar, visitá-lo aqui 

Referência ao Mural Sonoro entre outros Projectos de Investigação, aqui

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Sérgio Godinho (músico e escritor)

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Sérgio Godinho (músico e escritor)

106ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00089

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Nesta recolha explica a importância das suas viagens, o que daí recolheu do ponto de vista cultural no geral e literário e musical em particular, da fase do exílio em França e dos espaços onde tocava nesse período, mas também reflecte sobre temáticas como o uso de conotações datadas no âmbito da recepção musical e/ou dos mass media , como sejam o desígnio «música de intervenção» bem como acerca de  algumas das características patentes no seu legado discográfico, nas opções que tomou e no seu repertório, explicando, entre outros aspectos, que parte sempre de uma estrutura musical quando compõe surgindo a letra ou o poema já depois nesse processo, passando pelo repertório pensado e produzido para as crianças mas que não se confina apenas a essa faixa etária (exemplificando porquê), foca ainda de que modo inscreve a sua performance em espaços distintos: o estúdio de gravação e o espectáculo ao vivo e a importância dos músicos que o acompanham nessa acção.

Ao longo do seu percurso Sérgio Godinho escreveu para outros intérpretes e compositores de destaque na sociedade portuguesa, e também alude às circunstâncias em que tal acontece no decorrer desta conversa, a sua música serviu outros domínios culturais e artísticos como o cinema, a televisão, o teatro, tendo também participado  em alguns deles quer como intérprete como realizador/dramaturgo.

A sua vivência do Maio de 68 em Paris, a participação na produção francesa do musical "Hair", onde se manteria por dois anos, bem como as suas primeiras composições, muitas ainda em francês, acabariam por ajudar aos primeiros contactos daquele que viria a ser o seu caminho  no seio da música e cultura populares.
O seu papel na escrita de canções começa a tomar forma no ano de 1971 quando participa no fonograma que marca a  estreia a solo de José Mário Branco, "Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades" como explica ao longo deste registo, sendo autor de quatro das letras d este disco (colaboraria também como letrista no disco de José Mário Branco "Margem de Certa Maneira" do ano seguinte, editado em França).


Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Alexandre Nobre
Recolha realizada em Lisboa na casa de Sérgio Godinho

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Alexandre Frazão (músico/baterista, autor, formador)

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Alexandre Frazão (músico/baterista, autor, formador)

105ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00088

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Europeana Sounds

BI: Alexandre Frazão é um músico e compositor brasileiro que conta já com trinta e três anos de actividade na Música Popular.
Natural de Niteroi acompanharia a imigração dos, acabando por se radicar desde 1987, tinha dezanove anos de idade, na cidade de Lisboa.

Nesta recolha explica de que modo se liga à bateria, e a importância dos primeiros agrupamentos de garagem no domínio do 'pop-rock', ainda em Niterói, que integrou e onde acabaria por dar os primeiros passos como baterista, ou o primeiro Rock in Rio, ano de 1985, no Rio de Janeiro, Festival que pelo cartaz da altura reforçaria ainda mais o seu gosto por música. Reflecte ainda sobre a sua chegada a Portugal e os músicos com quem acabaria por intersectar os primeiros diálogos musicais, especialmente no domínio do 'jazz', através do Hot Clube de Portugal, como, entre outros, Mário Delgado ou Bernardo Sassetti e o naipe de músicos e compositores de outros domínios musicais com quem acaba, ao longo do seu caminho como músico, por colaborar quer na gravação de  fonogramas como em espectáculos ao vivo como: Luís Pedro Fonseca e Lena D'Água, Mafalda Veiga, Júlio Pereira, Pedro Abrunhosa, o projecto Resistência, Rui Veloso, Ala dos Namorados, Nuno Rebelo, Rão Kyao,  Tim Tim por Tim Tum (onde as baterias têm o lugar de protagonista), Jim Black, entre tantos outros.

Alexandre Frazão reflecte, entre outros assuntos, nesta conversa sobre o modo como vê as mudanças estruturais do ensino da música em Portugal e o papel do computador e do disco nessa aprendizagem, nas novas plataformas de armazenamento e reprodução do som e da música, na forma como compõe em cada contexto para o qual é chamado, ou que o tem como autor, e nas transformações que se patenteiam ao longo do seu percurso neste campo, muito por causa dos vários domínios que abraçou (tanto como intérprete como autor).

Juntou a Tuba e Guitarra à Bateria em 1994 e gravaria, já nos anos 2000, o disco com o mesmo nome com os músicos Mário Delgado (guitarra) e Sérgio Carolino (tuba), com quem fundou o Trio TGB, do qual também fala, expressando algumas características na produção do repertório para este grupo, entre outros aspectos, neste registo de conversa.

Com os vários agrupamentos que integrou ou integra tem actuado quer em Portugal como em países como  França, Alemanha, Espanha, Brasil, China, Bélgica, Dinamarca e participado em vários festivais, como por exemplo, Jazz em Agosto, Festival Europeu do Porto, Jazz em Serralves ou Festival Internacional de Macau.

Do seu percurso faz também parte o grupo Led On, grupo que reúne músicos de outros agrupamentos musicais para um tributo ao grupo Led Zeppelin.

No seu legado fonográfico, acerca do qual também acede a um conjunto de questões que o norteiam, contam-se discos de outros músicos, como já referenciado, como em exemplo: “Nocturno” de Bernardo Sassetti, “Filactera” de Mário Delgado, “Undercovers” de Maria João e Mário Laginha, “Tempo” de Pedro Abrunhosa, os DVDs de Rui Veloso, “O Concerto Acústico”, e Ala dos Namorados ou “Ao Vivo no S. Luiz”. 

Destacam-se na sua obra as seguintes edições:
Ascent - Bernardo Sassetti Trio2 - (Clean Feed, 2005)
Terranova - Afonso Pais – (Clean Feed, 2004)
A Luz - Laurent Filipe – (Clean Feed, 2004)
Tribology - Rodrigo Gonçalves – (Capella, 2004)
TubaGuitarra&Bateria - TGB – (Clean Feed, 2004)
Nocturno - Bernardo Sassetti – (Clean Feed, 2002)
Filactera - Mário Delgado – (Clean Feed, 2002)
Sempre - Carlos Martins – (EMI/VC, 1999)
Diálogos de Bateria - Tim Tim por Tim Tum – (BMG, 1997)

© 2015 Alexandre Frazão à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Alexandre Nobre
Recolha realizada em LARGO Residências

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