Música Popular no Contexto das Tecnologias de Produção Sonora e Musical

Música Popular no Contexto das Tecnologias de Produção Sonora e Musical

Com os Engenheiros de Som, Produtores, Formadores e músicos Fernando Abrantes e Tó Pinheiro da Silva

Esta sexta no Museu da Música pelas 16h Soraia Simões esteve à conversa com os António Pinheiro da Silva e Fernando Abrantes.


A primeira parte desta sessão de cerca de uma hora andou em torno do esclarecimento de questões como: o Midi, o seu surgimento, o que significa, para que serve esta ferramenta em conjunto com um computador com software Midi, como evoluiu da era dos gravadores multipista analógicos até à era digital com sequenciadores Audio/Midi, os problemas e as formas de funcionamento nas eras analógica e digital. 0s dois intervenientes fIzeram demonstrações da implementação de algumas das ferramentas no âmbito da música popular que por eles foi produzida em Portugal nos últimos anos. Em discos e temas específicos.


Na segunda parte da Sessão falou-se do Estúdio como outro Instrumento Musical. Houve exemplificações de António Pinheiro da Silva (utilização midi/masterização, apresentação de exemplos em pistas, apresentação de trabalho/gravação em que os processadores são/substituem os instrumentos de uma Orquestra Sinfónica) e Fernando Abrantes (implementação de novas ferramentas e instrumentos no tema ''O Cacilheiro'' de José Carlos Ary dos Santos e Paulo de Carvalho).

Demonstrações de midi, explicações do seu surgimento, de como se usa e para que serve esta ferramenta em conjunto com um computador com software midi, dos problemas de funcionamento assumidos nas eras analógica e digital, acerca do processo evolutivo da era dos gravadores multipista analógicos até à era digital com sequenciadores Audio/midi, estiveram assim na base desta sessão e registo para arquivo.



 

*As Sessões do Mural Sonoro que acontecem desde Janeiro de 2013 no Museu da Música estarão, a partir de Setembro, disponíveis na Fonoteca do Museu da Música. Excertos de algumas Sessões e pequenos textos serão publicados nesta área deste Portal.


Para estar a par dos temas e intervenientes de cada uma destas Sessões durante o presente ano pode-se consultar não só a área Iniciativas Mural Sonoro como o Portal do Museu da Música.

31 de Janeiro de 2014

Autoria, Pesquisa e Moderação de Soraia Simões

Imagem de Marta Gonçalves

Som, Montagem: de Paulo Lourenço

Fotografias da Sessão de Helena Silva

Outras Literaturas para Fado

Outras Literaturas para Fado

Nova Literatura para Fado.jpg

Dia 26 de Janeiro regressou o *Ciclo, que resulta da Parceria entre o Projecto Mural Sonoro e A Muralha: Conversas em Volta da Guitarra

Outras Literaturas para Fado com Manuela de Freitas (A Comuna) e José Luís Gordo (Senhor Vinho)

Retratos de Helena SilvaFotos da Sessão: Patrícia MachadoGravação Imagem: Bruno CativoGravação Som: Soraia SimõesPoster: José Félix (Museu da Música)

Retratos de Helena Silva

Fotos da Sessão: Patrícia Machado

Gravação Imagem: Bruno Cativo

Gravação Som: Soraia Simões de Andrade

Guião: Soraia Simões de Andrade

Poster: José Félix (Museu da Música)

apoios: A Muralha, Museu da Música

Luís Varatojo (intérprete, guitarrista)

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Luís Varatojo (intérprete, guitarrista)

74ª Recolha de Entrevista

 

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BI: Luís Varatojo nasceu em Lisboa no ano de 1965. É um músico, guitarrista e produtor com trabalho feito durante mais de duas décadas na Música Popular que é feita em Portugal.

Nesta conversa, da qual se disponibiliza online uma parte ficando a restante transcrita e possível de consultar em meados de 2014 em livro e como documentação em Arquivo físico, tal como as restantes feitas para este trabalho, fala das lembranças de tenra idade: dos serões em família e do que se escutava em sua casa através dos seus pais ou em casa das suas tias, das festas organizadas por uma  espécie de colectividade pós-laboral  onde o pai (os pais trabalhavam no Beato num espaço de nome Manutenção Militar, mas onde existia uma espaço dedicado à actividade cultural) e a mãe se juntavam e que frequentava em criança e onde se fazia teatro ou onde o pai, de um modo amadoristico, tocava bateria, a mãe cantava e ele próprio cantava e tocava, mas reflecte também sobre algum do seu percurso musical, primeiro como guitarrista (guitarra eléctrica) e vocalista de grupos portugueses como: Peste & Sida, Despe e Siga e Linha da Frente e depois no grupo A Naifa onde passa a tocar guitarra portuguesa. Também fala, entre outros aspectos, do seu apreço pelo instrumento guitarra portuguesa, de músicos que o influenciam criativamente ligados a este cordofone (Carlos Paredes, que escutou ao vivo pela primeira vez numa Festa do Avante) e de tocadores que considera talentosos (destacando Armandinho, José Nunes e José Manuel Neto), fala ainda da importância de ter um ”bom instrumento” para o som e musicalidade que procura e do seu contacto com construtores de guitarras para esse efeito à medida que foi conhecendo melhor este instrumento, como G.Grácio e Óscar Cardoso (construtor da guitarra sem fundo que actualmente utiliza no grupo musical A Naifa), bem como da importância da passagem de alguns conhecimentos de Carlos Gonçalves (guitarrista acompanhante de Amália Rodrigues) para si, mas é também crítico e peremptório relativamente a algumas das directrizes que lhe são lançadas nesta conversa e descortina sobre elas, como sejam: as relações de avanço e retrocesso da indústria fonográfica, as relações estabelecidas ao longo destes anos com os media (nomeadamente as rádios), com a recepção musical (públicos), com os novos dispositivos electrónicos para divulgar, escutar e fazer música, etc.

© 2014 Luís Varatojo à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Edição, Pesquisa, Som, Texto: Soraia Simões


Recolha efectuada no espaço A Popular em Alvalade
Fotografia de Ivo Palitos

 

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Luanda Cozetti (intérprete, autora)

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Luanda Cozetti (intérprete, autora)

72ª Recolha de Entrevista

 

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BI: Luanda Cozetti de Freitas, conhecida por Luanda Cozetti, é uma intérprete brasileira residente em Portugal.
Filha de Wanda Cozetti Marinho e de Alípio de Freitas, começa por reflectir nesta recolha, de que se disponibiliza online uma parte, em que medida a vivência dos pais (exilados políticos. O pai especialmente: preso politico no Brasil e que inspirou uma canção de José Afonso) influenciaram o seu percurso como indivíduo e intérprete, expressa ainda o significado da sua estadia em África, acompanhando a mãe no exílio no período entre os 9 e os 15 anos, e o papel estruturante assumido no periodo em que viveu em Brasília especialmente pelos corais onde cantou, os Bares onde actuou ou as participações com outras vozes e outros músicos com que se envolveu, atenta ainda sobre o seu apreço pelas palavras nas canções e na importância primeira que lhes atribui durante a escolha do seu repertório, mas também acerca do gosto que nutre pelo baixo acústico e da relação cumplice deste instrumento com a voz e sobre a importância de algumas das bandas/trilhas sonoras em que colaborou (a intérprete gravou, entre outros, músicas para a banda sonora da versão SBT da novela “Escrava Isaura” e para a série “Jamais te Esquecerei”).

Desde 1986, altura em que começou a cantar em casas nocturnas de Brasília, até à data em que esta recolha é efectuada Luanda esteve envolvida em diversas colaborações com músicos e compositores distintos e nesta conversa destaca projectos como o grupo vocal ‘Bico de Veludo’, ‘Projeto Sarau’, ‘Projeto Exião do Lazer’, entre outros.
Participou no CD “Sol” de Flávio Fonseca, no fonograma “Esperanto Internacional”, no CD “3ª ASA” de Manduka, na colectânea “Prá pirá Brasília” e no CD “Diversos” de Carlos Zimbher, mas só em 2001 gravou o seu primeiro fonograma a solo, e fala dele igualmente.
Formou o grupo Couple Coffee com o baixista Norton Daiello e é na sua chegada a Portugal que gravam o fonograma “Puro”, datado de 2005. Segue-se, com este grupo e em 2007, a publicação do fonograma “Tamanquinhas do Zeca”, dedicado a José Afonso e no ano 2008 “Young And Lovely”, uma homenagem aos 50 anos da ‘bossa nova’.

Em 2007 participou no fonograma “1970″, de JP Simões, e em 2009 com Sir Scratch no tema “Quanto Menos Esperas” da banda sonora do filme “Esperança está onde menos se espera” de Joaquim Leitão. Integrou também o projecto “Rua da Saudade”, uma homenagem ao poeta José Carlos Ary dos Santos, com as cantoras Viviane, Mafalda Arnauth e Susana Félix e que era, como conta na recolha, ‘um sonho antigo de Renato Junior’ (produtor do projecto).

Das, já mencionadas, múltiplas colaborações que atravessam o seu percurso na música são ainda de realçar até ao momento em que esta conversa aconteceu: a sua interpretação vocal no fonograma “Batacotô 3″ no ano de 2002 e colaborações nos “Projeto Prêt-a-porter – Coleção Outono inverno da MPB”, do poeta Sergio Natureza e Dakar Produções, e no CD relativo ao “Projeto Novo Canto”.

© 2013 Luanda Cozetti à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Recolha efectuada em Lisboa, na casa de Luanda

Som, Pesquisa, Texto, Fotografia: Soraia Simões

Conversa ao Correr das Músicas (ciclo Museu Nacional da Música), aqui

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José Luís Tinoco (músico: autor, pianista, compositor)

José Luís Tinoco (músico: autor, pianista, compositor)

71ª Recolha de Entrevista

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BI: José Luís Tinoco nasceu em Leiria no ano de 1932. É um músico, autor, compositor, ilustrador e cartoonista.

Neste excerto disponibilizado online, de uma recolha de conversa maior para o Arquivo, fala da importância da sua mãe (pianista, ex-discípula de Vianna da Motta, tocava regularmente com a Orquestra da Emissora Nacional a solo) e do seu pai (animador e organizador cultural) para o caminho que como autor, músico e compositor acabou por traçar, mas também da forte influência das bandas sonoras de filmes americanos das décadas de 30 e 40, dos tempos em Leiria, no Porto e posteriormente em Lisboa (nomeadamente no Hot Clube e Festivais RTP da Canção) e de como a ligação à música se ia mantendo, mudando e evoluindo, entre outros aspectos.

Autor de “Um Homem na Cidade” (música) em parceria com José Carlos Ary dos Santos (letra). 
Escreveu também a música e letra de “No Teu Poema” e muitas mais canções interpretadas por Carlos do Carmo e outros. Como, em exemplo, “Madrugada” (música e letra), que venceria o prémio RTP da Canção em 1975; “Os Lobos e Ninguém” ou “O Amarelo da Carris”, entre outras.

No final dos anos de 1990 foi autor de um fonograma cantado por Carlos o Carmo de nome “Margens”, para o qual compôs, arranjou todas as canções (há uma co-autoria apenas num tema desse disco, com Ivan Lins) e escreveu vários dos poemas dessas canções.

Muitas das canções que fez/musicou/escreveu foram feitas em parceria com poetas como José Carlos Ary dos Santos, António Lobo Antunes, Dinis Machado, Yvette Centeno, Pedro Tamen, Vasco Graça Moura, etc.

A sua formação académica : Arquitectura, não o impediu de se dedicar à música, como também à pintura e artes gráficas, ilustração, etc.

Fez parte do movimento que na década de 50 introduziu o jazz em Portugal, integrando regularmente os primeiros agrupamentos residentes do Hot Clube.

Nos anos 70 gravou um LP (para o qual escreveu a música, textos e arranjos) no universo do rock mas também do jazz de nome: “Homo Sapiens”.

Compôs igualmente música para peças de teatro, cinema e televisão.
O seu último CD, intitulado “Arquipélago”, é dedicado à sua vertente de compositor jazz. O CD inclui, entre outros, a participação dos músicos-pianistas Bernardo Sassetti, Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva.

A sua vertente de compositor de canções e ‘fado-canção’ é, no entanto, aquela que é mais conhecida por grande parte do público português. À data em que esta recolha é feita tem nas mãos um projecto que gravou com Cristina Nóbrega, o qual inclui ‘canções / fados’ e alguns músicos de jazz.

Esta variedade de influências musicais e visuais deveu-se, como explica na conversa, em grande parte ao facto de José Luís Tinoco ter familiares muito chegados na área das música, arquitectura, pintura e cenografia.

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ilustração de José Luís Tinoco no ano de 1954, feita na Cave do Hot Clube, Lisboa

© 2013 José Luís Tinoco à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Pesquisa, Som sem edição, texto: Soraia Simões

Recolha efectuada em Lisboa na casa de José Luís Tinoco

Música Popular, Ensino e Experimentação

Música Popular, Ensino e Experimentação

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Estação do Metropolitano Alto dos Moinhos – Rua João de Freitas Branco, 1500-359 Lisboa

*Tema “Música Popular, Ensino e Experimentação”
Intervenientes:
Maria João Magno (Projecto Tigelafone, formada em Ciências Musicais);
Victor Palma (Coordenador dos Serviços Educativos do Museu da Música, músico).
Moderadora: Soraia Simões


 

 

*As Sessões do Mural Sonoro que acontecem desde Janeiro de 2013 no Museu da Música passam a estar disponíveis a partir de Setembro de 2014 na Fonoteca do Museu. Excertos de algumas Sessões e pequenos textos serão publicados nesta área deste Portal.


Mantenham-se a par dos temas e intervenientes de cada uma destas Sessões durante o presente ano não só na área Iniciativas Mural Sonoro como no Portal do Museu da Música e apareçam para assistir que a entrada é gratuita.

 

Kabeção (músico professor, ''handpan'': construtor, tocador)

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Kabeção (músico professor, ''handpan'': construtor, tocador)

57ª Recolha de Entrevista

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Quota MS_00020 Europeana Sounds

BI: Carlos Rodrigues, ou Kabeção como é conhecido no meio musical, nasceu em Lisboa no ano de 1989.

É um músico e formador com experiência com os mais diversos tipos de instrumentos de percussão, como darbuca, cuica ou hang (handpan). Em 2006 fundou o seu primeiro projecto com o nome de "Tribolados", juntamente com Joana Gomes e Hugo Franganito. Em 2010 estudou na Escola de Música JB jazz em Lisboa, onde aprendeu e desenvolveu a cultura e a teoria musical.

Nesta recolha de entrevista o músico entre outros assuntos fala da descoberta do 'handpan' em 2008 e de algumas das características do mesmo, da introdução e aceitação do mesmo no ensino (através das aulas que dá), da experiência e gosto em tocar na rua que sempre teve e permanece, da importância da acústica e espaço sonoro para o seu desempenho com este instrumento em particular, da importância do registo fonográfico com este instrumento no seu percurso musical, ou do papel do público e dos Festivais para a difusão, aproximação e aceitação do mesmo.

Desde de 2006 que Carlos Rodrigues já partilhou palco com músicos e grupos musicais de diversos universos dentro da música popular, como: Kumpania Algazarra, Roncos Do Diabo, Katharsis, Farra Fanfarra, Winga (Blasted Mechanism), Puntzkapuntz, Sebastião Antunes, Didge n'Bass, Rizumik, Terra Livre, No Joke Soundsystem, El Gadzé, Richie Campbell, Green Echo e artistas internacionais mundialmente conhecidos como Wild Marmalade , Drubravko Lapaine, Iban Nikolai e Sidy Sissokho.

Desde que conheceu o instrumento que dá pelo nome Hang, em 2008, pelas mãos de Ortal Pelleg que tocava nas ruas de Lisboa, tem explorado os mais variados registos rítmicos e melódicos deste instrumento.

Até à aquisição do primeiro Handpan (também chamado 'Disco Armónico' vindo de Itália feito por Marco Della Ratt) e apreensão dos métodos para o construir e afinar gravou o seu primeiro EP a solo"High Awakening Natural Gain'' em Inglaterra no estúdio de Mário Figueiredo.

Carlos está ligado à execução e evolução de uma série de instrumentos, alguns já referidos outros evocados durante o registo desta conversa para o Arquivo Mural Sonoro, como Bateria, Tablas, Hang, Didgeridoo, Darbuca, Cuica, Daf, Cajon, Bansuri, Sansula, Metalofone, Taças Tibetanas, tem também sido construtor de Handpans ("GuruzPan") e de Didgeridoos (utilizando na construção os mesmos materiais, como Piteira/Avenca).

© 2013 Carlos Rodrigues (Kabeção) à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Edição, Pesquisa, Som, Texto: Soraia Simões

Recolha de Entrevista e Musical em LARGO Residências

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João Sousa (Oleiro/Construtor de Instrumentos em Barro)

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João Sousa (Oleiro/Construtor de Instrumentos em Barro)

56ª Recolha de Entrevista

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Quota MS_00019 Europeana Sounds

BI: João Sousa nasceu no ano de 1974 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique.

É um Oleiro português, que estudou em Coimbra alguma da arte da Cerâmica e Olaria e mais tarde com um 'mestre chinês' a confecção de ocarinas em barro.

Dos primeiros objectos construídos com barro (com um fim decorativo e seguindo os métodos tradicionais) passou para a construção dos mais diversos instrumentos de percussão (como membranofones: adufes em barro por exemplo), cordas ou sopros e foi evoluindo na construção dos mesmos.

No momento em que esta recolha é efectuada (em Março de 2013) João Sousa dedica-se exclusivamente ao desenvolvimento das práticas em prol da construção dos instrumentos explorando, com a ajuda de músicos e investigadores, as mais variadas técnicas para tirar diferentes sons e até melodias dos instrumentos que desenvolve.

Nesta recolha é crítico em relação às dinâmicas em Portugal que incentivem a prática e difusão da Olaria nacional e sente-se como o único no presente com essa papel dentro de uma arte considerada 'saloia' e em que há pouco investimento ou disponibilidade por parte dos poderes locais, explica também as diferentes formas de produzir alguns dos instrumentos que constrói, como tem chegado ao público, nomeadamente autores/compositores/músicos (embora também o cinema e performance tenha já recorrido a este género de instrumentos musicais que elabora para introduzir nas suas criações/apresentações performativas e de espectáculo), etc.

© 2013 João Sousa à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Edição, Pesquisa, Som, Texto: Soraia Simões
Recolha Efectuada em Areeiro (Atelier 'Red Clay' de João Sousa

Fotografias: Augusto Fernandes

 

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Luís Cilia (músico, compositor)

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Luís Cilia (músico, compositor)

64ª Recolha de Entrevista

 

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Luís Cília nasceu no Huambo (Angola) no ano 1943.
Veio para Portugal em 1959, onde deu continuidade à sua formação académica.

Em 1962 conheceu o poeta Daniel Filipe que o incentivou a musicar poesia. É nesse ano que tem as suas primeiras experiências nesse âmbito (“Meu país”, ”O menino negro não entrou na roda”, que viriam a ser incluídos no seu primeiro registo fonográfico gravado em França, para a editora Chant du Monde). Em Abril de 1964 partiu para Paris, onde viveu até 1974.

Em França estudou guitarra clássica com António Membrado e composição com Michel Puig.

Entre 1964 e 1974 realizou recitais em quase todos os países da Europa.
Depois do seu regresso a Portugal continuou a gravar discos, como compositor e intérprete e a realizar recitais. Como intérprete gravou dezoito discos, alguns dos quais dedicados exclusivamente a poetas tais como Eugénio de Andrade (“O Peso da Sombra”), Jorge de Sena (“Sinais de Sena”) ou David Mourão Ferreira (“Penumbra”).

Nos últimos anos tem-se dedicado apenas à composição, nomeadamente para Teatro, Bailado e Cinema.

Nesta recolha de entrevista Luís Cilia recorda as motivações que estiveram na origem do seu percurso como músico, intérprete e sobretudo compositor e produtor, as suas referências culturais e musicais, alguns sectarismos que o fizeram gerar polémica nos universos por onde à data gravitava (como, em exemplo, conta a respeito de uma célebre entrevista que deu, logo no dia 25 de Abril de 1974 a Mário Contumélias, em que afirmava que o fadista Alfredo Marceneiro era um cantor revolucionário, dizendo isto para contrariar a envolvência sectária de alguns ‘militantes da época’ a respeito do universo do fado), de algumas das histórias e ideias que vivem em alguma da sua obra discográfica, etc.

Luís Cilia foi o primeiro cantor que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. A sua actividade constante, a partir de 1964, tanto discográfica como no que diz respeito à realização de recitais, fê-lo profissionalizar-se em 1967. Durante vários anos dedicou-se ao estudo de harmonia e composição. Formação musical e experiências que o tornaram num dos mais respeitados compositores do século XX e da actualidade, procurado pelas mais distintas instituições, nomeadamente desde que, nos anos 80, optou exclusivamente pela composição devido às muitas solicitações, e elogiado por outros autores de modo frequente como o caso do músico José Mário Branco, do escritor Urbano Tavares Rodrigues ou dos músicos Pedro Caldeira Cabral e Sérgio Godinho, entre tantos outros.

© 2013 Perspectivas e Reflexões no Campo

Fotografias: Augusto Fernandes

Recolha em Casa de Luís Cilia

Nota: Projecto da RTP on-line Extrema-Esquerda: porque não fizemos a revolução?, temáticas do filme O Salto, por Soraia Simões, aqui »»»

Nota importante: Em Março de 2017 relembrava a Luís Cilia o concerto “La Chanson de Combat Portugaise”, do qual a RTP, cumprindo a sua missão de serviço público, disponibiliza agora uma boa parte no seu arquivo on-line* (1), hoje recebo uma mensagem do Luís «Soraia, tem o (ignóbil) panfleto que esse grupo distribuiu à entrada da Mutualité? Se não tem posso enviar-lhe (...)». «Envie-me Luís. Adorava ver isso». E aqui está ele, servindo-me no trabalho e cumprindo (me) também na minha missão.

O panfleto é assinado pelo Comité «Viva a Revolução, mas Proletária». (1)*RTP Arquivos** aqui »»»

para mais detalhes acerca deste documento, contacte-me

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Carlos Guerreiro (músico, construtor de instrumentos, Gaiteiros de Lisboa)

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Carlos Guerreiro (músico, construtor de instrumentos, Gaiteiros de Lisboa)

61ª Recolha de Entrevista

 

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Quota MS_00033 Europeana Sounds

BI: Carlos Guerreiro nasceu em Lisboa no ano de 1954. É um músico, construtor de instrumentos, marceneiro-entalhador, escultor e professor, que começou por aprender guitarra. No ano em que acabou o liceu (ano em que se dá a Revolução de Abril) Carlos Guerreiro foi para o Conservatório para o curso de Educação pela Arte e no fim dos estudos iniciou um percurso de professor a dar aulas a alunos invisuais no Centro Helen Keller. Estudou mais tarde, a Arte de Trabalhar a Madeira, na Fundação Ricardo Espírito Santo, e esteve 20 anos a ensinar música a doentes com paralisia cerebral. Em 1991 fundou o Grupo Gaiteiros de Lisboa.

Nesta recolha de entrevista Carlos fala do seu percurso, da associação ao universo de onde os Gaiteiros surgiram (de uma 'música tradicional') e daquele a que poderão ter sido associados (a 'um universo musical e cultural político'), dos vários fonogramas editados e das suas actuações em toda a Península Ibérica, da relação entre música e educação, das evoluções e retrocessos na indústria cultural no geral e fonográfica em particular desde a sua estreia (com o colectivo que ajudou a criar - Gaiteiros de Lisboa) ao vivo a 21 de Março de 1994, do que representam para si conceitos como ''música portuguesa'' ou ''identidade'', etc.

No legado fonográfico do grupo Gaiteiros de Lisboa contam-se até à data em que a recolha é efectuada os seguintes álbuns: Invasões Bárbaras (de 1995), Bocas do Inferno (de 1997), Dança Chamas (de 2000), Macaréu (de 2002), Sátiro (de 2006) e Avis Rara (editado no ano de 2012).

© 2013 Carlos Guerreiro à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Augusto Fernandes

Recolha efectuada em casa de Carlos Guerreiro

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Vitorino (músico, intérprete)

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Vitorino (músico, intérprete)

39ª Recolha de Entrevista

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BI: Vitorino Salomé Vieira nasceu em 1942 no Redondo (Alentejo).

É um cantor e compositor de 'música popular portuguesa' de longo percurso, com uma forte tradição familiar na música.

Cursou Belas Artes, mas cedo enveredou por circuitos musicais associados a alguma boémia.
Emigrou para França (Paris) onde se reuniu com outros autores como José Mário Branco ou Sérgio Godinho, passou por Cuba, Rio de Janeiro, Israel e aos 20 anos veio para Lisboa.

Amigo de Zeca Afonso colaborou em alguns dos seus fonogramas (Coro dos Tribunais), bem como nos de Fausto Bordalo Dias, entre outros.
O seu primeiro single foi lançado em 1974 (‘Morra Quem Não Tem Amores’), o mesmo ano em que participa no célebre concerto de Março de 1974 (no Coliseu) ‘Encontro da Canção Portuguesa’.

Desde o ano de 1975 (em que apresenta o seu primeiro longa duração: Semear Salsa ao Reguinho – e onde se encontram canções populares como ‘Menina Estás à Janela’ ou “Cantiga d'um Marginal do séc. XIX”, entre outras) até 2012 (em que lança ‘Moda Impura’, com textos maioritariamente de António Lobo Antunes) vai um longo caminho que o estruturaram enquanto homem e músico, e onde ficaram outros fonogramas da sua autoria (além das participações várias noutros grupos e com outros músicos de panoramas musicais diversos*) como: Os Malteses (de 1977) , O Cante da Terra (de 1979), Romances (de 1980), Flor de la Mar (de 1983), Leitaria Garrett (lançado em 1984), Sul (de 1985), o maxi-single “Joana Rosa” (de 1986), Negro Fado (de 1988), co-produzido por António Emiliano e José Manuel Marreiros, e que venceria o Prémio José Afonso, Lua Extravagante (um Quarteto composto por Filipa Pais e os seus irmãos Janita e Carlos Salomé e que originaria o álbum, com o mesmo nome do Quarteto, editado no ano de1991, Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada (de 1992, com textos de António Lobo Antunes, que venceria pela segunda vez, no ano a seguir ao seu lançamento, o Prémio José Afonso, assim como, no mesmo ano, o Se7e de Ouro para Música Popular), a compilação As Mais Bonitas de 1993 (com regravações de “Laurinda” e de “Menina Estás à Janela” e a gravação de Vitorino para “Ó Rama Ó Que Linda Rama”), A Canção do Bandido (de 1995).

*Não esquecendo, como referido, as suas colaborações ou projectos de que foi fundador, como entre outros, Rio Grande (com Rui Veloso, Tim, João Gil e Jorge Palma), os dois espectáculos (de um repertório menos conhecido de Zeca Afonso) ‘A Utopia e a Música’ no âmbito do Festival 100 dias da Expo 98 apresentado no Centro Cultural de Belém, o disco gravado, no ano de 1999, em Cuba com o Septeto Habanero, a solidariedade, através da música, com Pedro Barroso e Isabel Silvestre, com a campanha da Fenprof para recolocar o sistema educativo timorense (fonograma Uma Escola Para Timor, de 2000), o álbum Os Amigos - Coimbra nos arranjos de António Brojo e António Portugal ( com a sua participação e as de Luís Góis, Janita Salomé, Almeida Santos ou Manuel Alegre),Tango, El Perro Negro Canta (gravado em Buenos Aires , mas com três temas gravados em Lisboa, o qual dedicou à memória do pintor João Vieira), as colaborações com Brigada Vitor Jara, José Cid, Couple Coffee, entre alguns mais.

Nesta recolha Vitorino atenta um pouco o seu percurso na música e do qual não se dissociam as questões de uma ‘identidade cultural’, do surto de manifestações socio-culturais e musicais que não lhe são indiferentes, repassando simultaneamente para as ‘culturas e práticas musicais locais’, sobre a conjectura socio-política de um tempo e dos seus avanços e recuos, da sua evolução no meio musical, do seu afastamento e aproximação tardia a uma indústria cultural implementada e irregular, de uma possível ‘esquerda militante’ fomentada especialmante no seio académico associada à canção e numa outra protegida por uma política de Estado Novo, sobre uma noção de cosmpolitismo e do pensar as músicas através de uma periferia e de outras ideias como ‘tradição’, ‘invasão anglo-saxónica’ ou práticas musicais como o ‘cante alentejano’ ou ‘as modas’, o ‘fado’, mas também coreográficas como ‘o tango’e ‘o flamenco’, entre outras perspectivas suas que poderá escutar nesta gravação.

© 2013 Vitorino à conversa com Soraia Simões Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Inês Teles

Recolha efectuada em LARGO Residências, Lisboa

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Ivan Lins (músico: autor, compositor, pianista, intérprete)

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Ivan Lins (músico: autor, compositor, pianista, intérprete)

65ª Recolha de Entrevista

 

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Quota MS_00031 Europeana Sounds

BI: Ivan Guimarães Lins, conhecido por Ivan Lins, é um músico e compositor reconhecido pelos mais diversos compositores do mundo. Nasceu no ano de 1945 no Rio de Janeiro.

Nesta recolha de entrevista expressa algumas interpretações que faz dentro do percurso musical que já traçou: dos Grammys que recebeu (fruto das inúmeras gravações da sua obra pelo mundo) da importância e facilidade que observou desde criança em si com o ritmo e dos arranjos mais sofisticados que com a evolução e profissionalização na música foi atingindo, da influência e importância dos quadrantes sociais e políticos na música que produziu e gravou e da mesma influência/importância para a geração de músicos dos anos 70, do seu apreço pelas músicas tradicionais em Portugal e da ligação (sobretudo no contexto melódico e harmónico) com as executadas no Brasil, do papel das gravadoras (editoras discográficas) no período de maior censura da música popular no Brasil e de algumas da sua autoria que não passaram nesse censor, etc

Ivan Lins editou inúmeros fonogramas, muitos deles de grande repercussão. Procurou ligar-se às questões contemporâneas de cada época, e foi expandindo a sua forte linguagem de compositor.
A partir da segunda metade dos anos de 1980, principalmente nos EUA, onde foi gravando com intérpretes ou produtores relevantes no panorama mundial, como Sarah Vaughan, Quincy Jones, Ella Fitzgerald, Carmen McRae ou Barbara Streisand entre outros, tornou-se no músico brasileiro com mais gravações feitas, até hoje, internacionalmente. No Brasil gravou com nomes como Elis Regina, Simone, Quarteto em Cy, Gal Costa, Emílio Santiago, Djavan, Gonzaguinha entre tantos mais.

Em 1991 fundou a editora discográfica Velas, de que também fala na recolha, em conjunto com o seu parceiro de longa data: Vitor Martins. uma editora independente e nacional que editou fonogramas e lançou, na altura, estreantes como Guinga, Chico Cesar ou Lenine e apoiou nomes já reconhecidos como Edu Lobo, Fatima Guedes, Zizi Possi, etc.

Ivan Lins também compôs música para cinema (destaque para os filmes “Dois Córregos” e “Bens Confiscados” de Carlos Reichenbach, tendo ganho o prémio de “Melhor Trilha Sonora” no III Festival Luso-Brasileiro Santa Maria da Feira). Além das suas composições para diversas trilhas e temas para Séries e Novelas.

No seu legado fonográfico, até à data em que este registo (disponibilizado apenas parte, já que constará de um livro com as várias recolhas de entrevistas transcritas) é feito, destacam-se: 
Agora (1970)
Deixa O Trem Seguir (1971)
Quem Sou Eu (1972)
Modo Livre (1974)
Chama Acesa (1975)
Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977)
Começar de novo (1977)
Nos Dias de Hoje (1978)
A Noite (1979)
Novo Tempo (1980)
Daquilo Que Eu Sei (1981)
Depois dos Temporais (1983)
Juntos (1984)
Ivan Lins (1986)
Mãos (1987)
Love Dance (1988)
Amar Assim (1989)
Awa Yiô (1993)
A Doce Presença de Ivan Lins (1994)
Anjo de Mim (1995)
I'm Not Alone (1996)
Acervo Especial, Vol. 2 (1997)
Ivan Lins/Chucho Valdés/Irakere/Ao Vivo (1996)
Viva Noel: Tributo a Noel Rosa Vols. 1, 2 (1997)
Live at MCG (1999)
Dois Córregos (1999)
Um Novo Tempo (1998)
A Cor Do Pôr-Do-Sol (2000)
Jobiniando (2001)
Love Songs - A Quem Me Faz Feliz (2002)
I Love Mpb - Amor (2004)
Cantando Histórias (2004)
Acariocando (2006)
Saudades de Casa (2007)
Regência: Vince Mendoza (2009)
Abre Alas (2009)
Ivan Lins & Metropóle Orchestra (2009)
Perfil (2010)
Íntimo (2010)
Amorágio (2012)

© 2013 Ivan Lins à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Augusto Fernandes

Recolha efectuada em LARGO Residências (Lisboa)

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Quiné Teles (músico: percussionista)

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Quiné Teles (músico: percussionista)

30ª Recolha de Entrevista

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BI: Joaquim Manuel Ferreira Teles, conhecido por Quiné, nasceu no distrito de Aveiro (Ílhavo) no ano de 1963 e vive no mesmo distrito actualmente.

Percussionista/Baterista, mas também produtor, autor e formador, com cerca de 30 anos de actividade, com um percurso transversal, desde o jazz à Música Tradicional Portuguesa.

Actualmente, para além das mais diversas participações como freelancer, desenvolve o seu trabalho a solo DaCorDaMadeira e faz oficinas de Percussão, Lengalengas e Movimento, como alternativa pedagógica à aprendizagem rítmica convencional.

Nesta recolha reflecte, entre outros aspectos, sobre o ser músico, e nomeadamente percussionista em Portugal, em algumas das características técnicas e artísticas intrínsecas à prática musical que desempenha, no significado de tocar/apresentar-se além-fronteiras para alguns dos músicos e autores portugueses, na escassa solidariedade por parte dos músicos no seu país, na pouca eficácia dos organismos locais ou autónomos no que concerne à divulgação e apoio da cultura musical, nas diferenças entre a criação no centro/capital e nos espaços afastados desse centro/cidade. ou do que um músico com anos de experiência ainda pode procurar na actividade que desempenha.

© 2012 Quiné Teles à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Recolha efectuada em LARGO Residências

 

 

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Milton Gulli (Philharmonic Weed, Cool Hipnoise, Cacique' 97)

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Milton Gulli (Philharmonic Weed, Cool Hipnoise, Cacique' 97)

15ª Recolha de Entrevista

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BI: Milton Gulli nasceu em Lisboa no ano de 1978. É um autor, músico, compositor e produtor português filho de moçambicanos, que reside actualmente em Moçambique (Maputo).

Criou e integrou os Philharmonic Weed, foi vocalista convidado do grupo Cool Hipnoise, que diz ter sido a sua "universidade na música", trabalhou com vários rappers portugueses e é uma das forças motriz do grupo Cacique' 97. Criou, além disso, com um grupo de intervenientes na música, uma espécie de Colectivo Artístico/Associação Cultural ligado aos grupos musicais lisboetas, com o nome Grasspoppers. O Colectivo produziu, fez reportagens, pequenos filmes que acompanhavam os músicos com os quais trabalhavam e propôs-se a compor e gravar numa semana um álbum de 'dub' com algumas das músicas mais conhecidas, e conseguiu-o.

Nesta recolha de entrevista reflexiona sobre a diferença entre o público moçambicano e o português - o apreço ou reconhecimento do público de Moçambique, contrariamente ao português, para com os músicos não lhes é incutido por mediações como a rádio ou os media - os interesses dos órgãos de comunicação e difusão, a recepção musical com os seus consumidores, a persistência do músico perante variáveis que nem sempre lhe são favoráveis, a tentativa de reencontrar as raízes e outros círculos de interacção com a sua música, etc.

© 2013 Milton Gulli à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Hugo Valverde no âmbito do Ciclo «África Move» de Mural Sonoro integrado no Festival Escrita na Paisagem em Évora no ano de 2012

Nota de autora:

O tema ‘Kodé’, do fonograma Karam de Kimi Djabaté (ver 14ª recolha), foi composto por Milton Gulli e gravado pelos Cacique´97, incluindo-se depois a kora do músico Brahima Galissa e a voz e balafon de Kimi Djabaté.
Além do disco Karam de Kimi Djabaté, o tema acabou por figurar no disco de Cacique´97.

Milton explica à parte desta recolha que: o tema foi composto por mim para o primeiro disco de Cacique´97. Na altura eu tinha escrito uma letra que pedi a um amigo guineense para traduzir. Mas, quando chamámos o Kimi para cantar, a letra não encaixava no tema. O Kimi acabou, então, por sugerir outra letra, que acabou por ficar.

Entretanto, eu peguei na letra do Kimi e traduzi algumas frases para 'chuabo' (língua da zona de Quelimane), com a preciosa ajuda da minha avó, e é essa parte que eu canto no tema.

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Músico Profissional que futuro?

Músico Profissional que futuro?

O papel do músico, independentemente das práticas musicais e performativas que produz na sociedade actual, tem-se cruzado com dois géneros de intenções discursivas: as indispensáveis e as acessórias.

Indispensáveis; as clarificadoras, explicativas, com metodologias que trabalham na aproximação entre a sua actividade e os círculos de interesse, que o poderão trazer mais perto de um estádio de relação unicamente com aquilo que trabalha/faz (música) diminuindo tensão e fosso entre a importância do que faz e o público; acessórias as que sob o artifício da linguagem negligenciam a sua profunda compreensão e favorecem os compartimentos estanque.

A música, nos processos de apropriação, legitimação de discursos em seu redor e transmissão foi requerendo, cada vez mais, um empreendimento reflexivo em relação aos compromissos socio-musicais, etnomusicológicos, técnicos e antropológicos. Empreendimento que, sobretudo a partir dos anos de 1980, deixou claramente de interessar à maioria dos veículos de mediatização. O fosso entre a realidade no campo musical e musicológico – com os seus intervenientes – e a recepção – com seus consumidores, públicos alvo – dada a escassez empreendedora presente nos agentes de difusão, procurados por ‘esse’ público, agigantou-se.

Foram perdendo os músicos profissionais, tem perdido algum público, aumentando o seu desconhecimento, ganharam as retóricas de costumes e cultura de uma ‘estética musical’ que favoreceram o ressurgirmento dos opinares de bancada agarrados ao descortinar único e pouco fundamentado do produto final (o fonograma), saltaram para as salas de espectáculos os ‘fenómenos sónicos urbanos’ e os portugueses foram-se habituando, condizendo com a ilusão informativa musical difundida, a ser os principais produtores da ausência do músico como profissional nas salas de espectáculos, convencidos que estão dos ‘poderes’ e ‘saberes’ dos meios com que julgam andar informados sobre os seus ‘artistas ou entertainers de eleição’.

A desresponsabilização e falta de compromisso com o profissional músico, submetido a um esquema labiríntico quádruplo – disseminação fonográfica, agências/produtores, media, público, nem sempre o beneficiou ou beneficia.

A destituição do músico enquanto profissional deveu-se, em grande parte, a um significativo aumento de conceitos sem ligação ao âmbito
musical, que acomodaram as suas retóricas em noções abstractas implícitas como: o entertainer, o que serve para animar, o que pode ser enaltecido ou destituído das suas funções por alguém que sabe menos que ele em graus de avaliação que se prendem com um ‘gosto’ ou uma ‘cena musical’. O aumento de uma crítica desinformada, desinteressada, paralisada num escrutínio de artefactos sem ligação à génese do som e música produzidos, ao músico, à sua intervenção, aos recursos tecnológicos de produção, aos materiais, circunstâncias e espaços em que opera alastrou aos novos meios de mediação informativa como a internet.

Se por um lado, há quem o faça com critérios que dizem respeito à música e ao seu criador, executante, intérprete, por outro lado há quem o faça sem esse método, ora pela escassa mediação de saberes ora pela irreflexão ou falta de prudência no que respeita ao tratamento que lhes foi sendo atribuído: ao músico e à música que faz.

Mas, é também ao músico que cabe a defesa dos seus interesses, zelando pelo prestígio da ‘classe’, pelo melhoramento das instituições musicais e, em geral, pelo que interessa ao colectivo, rejeitando contratos propostos por pessoas ou instituições não credenciadas, inteirando-se de tudo quanto for necessário no que se trata de serviços prestados dentro ou fora do seu país, na aplicação da sua ‘arte/prática’ em prol da educação, no incentivo e alerta para a recriação e cultura do povo, da integração no mesmo espaço comunitário de partilha publicando teses musicais e apreciações críticas, etc. Porém, provocar ou entreter debate que não seja de interesse da colectividade ou do beneficiamento da sua actividade no campo musical em que actuar, não usar os órgãos de difusão, nos quais não revê a evolução da classe, como promoção, não deverá ter qualquer
receio de desagradar a outrem, ou incorrer em impopularidade no cumprimento e dignificação da sua profissão. Em suma, a importância da sua função não poderá permitir abusos sobre a condição económica de
quem contrata, nem o proveito que dele possam usufruir socialmente em quadrantes que lhe são alheios, tem de ser reconhecido no âmbito das suas funções em valor monetário sempre, em prestações de serviços não pagas em prol de causas sociais ou outras de seu interesse, se o entender.

O estudo e a compreensão de processos, situações e estratégias utilizados para a transmissão de saberes musicais em Portugal urge, se um etnomusicólogo, ao trabalhar com uma determinada tipologia no terreno (género/estilo/cultura) de música, vê-se diante da necessidade de compreender de que forma os saberes musicais relacionados ao campo abordado são valorizados, seleccionados e transmitidos culturalmente,
porque não aproximar o músico de um campo de acção onde ele é abordado como profissional e não um animador de ocasião? Porque não fruir de espectáculos, fonogramas ou, tendo essa vontade e possibilidade, do contacto/experiência com instrumentos musicais em aulas, de forma a que a valorização da actividade do músico, como aqui é sugerida seja alcançada?

O acesso facilitado à fruição, opinião e aproveitamento desta profissão poder-se-á tornar cada vez mais problemático para o músico e tal facto permanece, infelizmente, conectado com esse facilitismo que o etnomusicólogo Bruno Nettl resumiu de modo esclarecedor na sua célebre frase: “o modo pelo qual uma sociedade ensina sua musica é um factor de grande importância para o entendimento daquela música*” (NETTL,1992: 3).

*NETTL, Bruno. Ethnomusicology and the teaching of world music. In: LEES, Heath. Music
education: sharing musics of the world. Seul: ISME, 1992.

Notas:Texto originalmente publicado em Revista CAIS 

Vídeo correspondente a uma Sessão Mural Sonoro no Museu da Música no ano de 2013

Pedro Calasso (músico, construtor. São Paulo)

Pedro Calasso (músico, construtor. São Paulo)

23ª Recolha de Entrevista

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BI: Pedro Calasso nasceu em 1976 na cidade de São Paulo, no Brasil.

É um músico, construtor de instrumentos e autor brasileiro.

Com uma avó portuguesa esteve pela primeira vez em Portugal inserido num projecto que procurou firmar a relação entre as noções culturais de 'identidades' e partilha dessas 'identidades' (um programa de intercâmbio e difusão cultural do Ministério da Cultura do Brasil, que contou com o apoio do Turismo Lisboa e da Casa do Brasil). Na sua passagem por Portugal participou em oficinas teórico-práticas mediadas por organismos parceiros envolvidos neste propósito/aventura.Oficina ’Brasil, um Universo Musical’ aliou a construção de instrumentos oriundos de parte da 'tradição' de algumas das regiões do Brasil à, especialmente, construção rítmica de cada um deles.

Nesta recolha de entrevista fala das diferenças que patenteou entre o seu país de origem e, os 20 dias que esteve em, Portugal (e que se prendem sobretudo a 'um modo de estar' de culturas distintas ainda que possuam uma língua aparentemente semelhante), das motivações para a sua composição, das suas referências diárias e consciência pessoal que influenciam o modo como produz no âmbito musical, do grupo musical que já conta com 6 anos de existência, Preto Véio, e que o fez (com Dom Billy, Jahir Soares, Abuhl Júnior e Leandro) dar alguns concertos por Portugal (em Lisboa especialmente), do gosto e interesse que tem pela 'cultura afro indígena brasileira' e por alguns dos elementos musicais que a formam, etc.

© 2013 Pedro Calasso à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Billy Rodrigues

Marta Miranda (OqueStrada)

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Marta Miranda (OqueStrada)

32ª Recolha de Entrevista

                                                                                                                                     Only with permission

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BI: Marta Miranda ou ‘Marta e Miranda’ como a conhecem no projecto musical que ajudou a formar (OqueStrada) nasceu em Lisboa no ano de 1972, mas cedo se habituou a ser uma migrante no seu país, devido à profissão liberal da sua mãe (professora) pelos vários espaços onde ia sendo destacada para trabalhar.

‘Como digo muitas vezes a Marta trabalha para a Miranda poder cantar’ refere aludindo também, durante a recolha, à forma como no grupo OqueStrada acaba por se fazer de tudo. Da montagem à produção, da distribuição dos pagamentos ao agenciamento, da música, composição e performance à construção de cenários e instrumentos particulares (como o caso da ‘contrabacia’ tocada por Pablo).

No grupo de que faz parte a todos atribuiu um nome fictício (‘Lima o Arquitecto’, e a sua guitarra portuguesa, ‘Pablo, O Construtor’, e a sua contrabacia ‘Miranda, a Adorável’, e a sua voz)

Nesta recolha Marta reflexiona, entre outros aspectos, sobre os primeiros anos de concepção do seu trabalho e do trabalho com oqueStrada, dos locais distintos (ruas, cafés, bares, jardins, lojas numa procura do património acústico dos espaços) onde tocaram das primeiras vezes e da importância do espaço público comum (a rua) e do contacto directo com o público, das migrações com que sempre se rodeou (no seio familiar, com o seu avô, oriundo de Angola, e social, com as comunidades e culturas a que se ligou tanto em Lisboa como no subúrbio onde se sediou), da dramaturgia acústica e das imagens sonoras que resgatou do teatro popular para a música que cria (m), do diálogo/ intercâmbio musical construído por cada músico em OqueStrada e desse com os ‘artistas esquecidos’ que convidam para os espectáculos que dão, da importância de pensar a cidade/o urbanismo através da periferia, do seu radicar em Almada e da ressonância do espaço com a criação artística e musical, da pesquisa relevante/ recolha de material e histórias acerca das colectividades para a concepção musical de OqueStrada (a Associação de Artes de Rua, a Piajio associação, possui um forte olhar e consciência sobre o espaço público e do que ele oferece de encontro e reflexão no âmbito artístico), da concentração da actividade da Piajio no espaço Incrível Club – antigo cinema da colectividade Incrível Almadense (um ‘espaço de artistas para artistas’ como define Marta em conversa. De acolhimento à arte e à promoção artística, onde a música, o ‘novo-circo’ ou o documentário sempre tiveram destaque) – e de a mudança na falta de apoio/financiamentos às diversas manifestações culturais e artísticas da actualidade poder ser, aos poucos, ultrapassada com uma filosofia próxima dos espaços geográficos pequenos onde se opera – de um modo autónomo, individual, atento e empreendedor.

© 2013 Marta e Miranda à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

recolha efectuada em Alfama

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia do áudio: Paulo Machado, A Muralha Alfama

Fotografia de capa: Augusto Fernandes no âmbito do Ciclo de Debates e Colóquios  Mural Sonoro no Museu da Música em 2013 com o tema: «Viver a Música a Partir da Periferia (?)» que contou com Marta Miranda, o rapper e sociólogo Chullage (Nuno Santos) e António Avelar Pinho (Banda do Casaco, Filarmónica Fraude)

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Mário João Santos (TocáRufar, músico, baterista/percussionista)

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Mário João Santos (TocáRufar, músico, baterista/percussionista)

66ª Recolha de Entrevista

 

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BI: Mário João Santos nasceu em Lisboa no ano de 1970. É um músico e formador português (especialmente baterista-percussionista).

Neste registo de conversa fala do seu percurso, do despertar para as percussões, mas também das suas formações musicais, no Hot Clube de Portugal, Academia dos Amadores de Música de Lisboa e Drummers Collective em Nova Iorque, da importância que atribui aos tambores e de algumas das tarefas, que com este fascínio, tem executado, etc.
Leccionou bateria na Escola de Música de Cascais. Como baterista e percussionista (com instrumentos de percussão vários) colaborou com diversos músicos e compositores portugueses, Quadrilha, Carlos Barretto, José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias, Três Cantos, Rui Júnior e o Ó que som tem?, Boémia, Navegante entre outros, é co-fundador do projecto TOCÁ RUFAR, sobre o qual expressa nesta recolha as horas de dedicação que tem conferido ao projecto e a sua relevância no universo musical popular em Portugal e não só, e membro da direcção. 
Como músico, no seu legado fonográfico (discos em que foi convidado/parte integrante), até à data em que a recolha é feita constam: com Fausto Bordalo Dias - Atrás dos tempos vêm tempos (1996), Grande grande é a viagem (ao vivo) (1999), 18 canções de amor e mais uma de ressentido protesto (2007), Em Busca das Montanhas Azuis (2011), Três Cantos ao vivo (2009) -com José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias, com Rui Júnior e O ò que som tem?:O mundo não quer acabar (1998), com Carlos Barretto Suite da Terra (1998), com Navegante: Cantigas Partindo-se (1987), com Quadrilha Contos de Fragas e Pragas, 1992, Até o Diabo de Ria, Entre Luas, 1997, Madrigal, Ovação 1999, com Mário Mata: Sinais do tempo SPA 2012.

© 2013 Mário João Santos à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo


Recolha efectuada em casa de Mário joão Santos, em Lisboa

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Augusto Fernandes

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Artur Batalha (fadista)

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Artur Batalha (fadista)

58ª Recolha de Entrevista

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BI: Artur Henrique dos Santos Batalha, ou simplesmente Artur Batalha como é conhecido no meio musical fadista, nasceu em Alfama a 14 de Abril de 1951.

Iniciou o seu percurso com 14 anos na Taverna do Embuçado, embora desde os 9 anos cantasse.

Nesta recolha de entrevista Artur fala um pouco das suas histórias com autores - letristas, poetas, compositores e fadistas - referenciais que conheceu (de Amália Rodrigues a Fernando Farinha), do seu bairro - Alfama - e do Museu do Fado, de algum do seu repertório mais peculiar, da ''dramatização'' que é feita em torno desta forma musical e com a qual não concorda, etc.

Artur Batalha trabalhou com uma série de músicos, ganhou a Noite de Fado em 1971 no Coliseu dos Recreios e foi contratado para cantar em vários países do Mundo. É uma figura refrencial do fado mais ''castiço'' e popular na cidade de Lisboa, a par de outros nomes, como Fernanda Maria, Beatriz da Conceição ou, entre outros, Argentina Santos ou os já falecidos Alfredo Marceneiro e Fernando Maurício.

© 2013 Artur Batalha à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Captação musical de Artur Batalha numa letra (a si oferecida) de Fernando Farinha, acompanhado por Paulo Machado (aluno de guitarra portuguesa)

Recolha efectuada em Alfama (Restaurante A Muralha)

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Augusto Fernandes

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Guitarras de Coimbra e Lisboa, breves notas

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Guitarras de Coimbra e Lisboa, breves notas

Página de Facebook conferida à obra de Raul Simões (Guitarra de Coimbra construída por Raul Simões.

Página de Facebook conferida à obra de Raul Simões (Guitarra de Coimbra construída por Raul Simões.

imagem (Guitarra de Coimbra construída por Fernando Meireles)

imagem (Guitarra de Coimbra sem o fundo construída por Óscar Cardoso)

imagem (Guitarra de Coimbra sem o fundo construída por Óscar Cardoso)

O instrumento que hoje chamamos guitarra portuguesa assumiu, até ao século XIX, por toda a Europa nomes como: cistre (França), cetra e cetera (Itália e Córsega), Cítara (Portugal e Espanha), Cittern (Ilhas Britânicas), cister e cithern (Alemanha e Países Baixos).

A afinação nominal, ainda hoje usada na guitarra, mantém características das cítaras do Renascimento (as mesmas relações intervalares).

A guitarra apresenta-se hoje em dois modelos diferentes. A de Lisboa (mais aguda) e a de Coimbra (mais grave). A diferença tímbrica de ambas é notória e tal facto deve-se não só às diferenças da sua construção como da sua execução, além da diferença, já mencionada, de tessitura (mais aguda/mais grave).

A afinação nominal é então, do agudo para o grave, a seguinte: si (3), lá (3), mi (3), si (2), lá (2) , ré (2) no caso da Guitarra de Lisboa e lá (3), sol (3), ré (3), lá (2), sol (2), dó (2) no caso da Guitarra de Coimbra.

Curiosidade: Entre as mais variadas perspectivas, e teses, acerca de Guitarreiros em Coimbra difundidas nos meios de comunicação, mas também académicos, não consta a obra de Raul Simões, um dos primeiros guitarreiros de Coimbra e construtor de Artur Paredes.

Raul Simões tinha por profissão marceneiro, dedicando-se à construção e reparação de instrumentos de cordas na oficina da sua residência, cita na Rua Dr. Felipe Simões, nº 9, Bairro de Santana. Para António Nunes, Raul Simões tem sido referenciado como o último grande violeiro de Coimbra, “elogio que também enuncia um lamento sobre práticas artesanais em vias de desaparecimento no tecido urbano de Coimbra pela década de 1970”. Armando Simões, na sua obra A Guitarra. Bosquejo histórico descreve com pormenor a morfologia da antiga guitarra de Coimbra (toeira), não evidenciando “o papel desempenhado por Raul Simões nem individualizando o novo modelo de guitarra, que se implantou decisivamente na Academia de Coimbra na década de 1950” (Manuel Nunes). Nesta obra, publicada em 1974, o autor refere: “Raul Simões – actualidade – é o único guitarreiro existente em Coimbra. Não começou pela arte, mas fez-se um bom guitarreiro como construtor e restaurador de instrumentos de corda, inclusivamente, instrumentos de arco” (Simões, 1974:130). Na obra “No rasto de Edmundo de Bettencourt. Uma voz para a modernidade”, publicada em 1999, António Nunes refere o papel de Raul Simões na reforma da Guitarra Toeira na década de 1920, precisando que “quando Joaquim Grácio toma contacto com esta realidade, as linhas de força reformadoras do instrumento já estavam basilarmente enunciadas por Artur Paredes e Raul Simões”. Após o estudo sobre a vida, obra e legado de Bettencourt, António Nunes e José dos Santos Paulo deram continuidade a recolhas sobre outros importantes artistas da cidade de Coimbra. Na obra Flávio Rodrigues da Silva. Fragmentos para uma guitarra reproduziram uma imagem da guitarra associada à oficina de Raul Simões e uma ficha técnica com detalhes de construção. As guitarras de Raul Simões estão ainda associadas a executantes como Flávio Rodrigues da Silva, Peres de Vasconcelos, Afonso de Sousa, António Carvalhal e Artur Paredes, entre outros. A guitarra toeira de Coimbra da década de 1920, com a qual Artur Paredes fez gravações para a voz de Edmundo Bettencourt (1927), actualmente exposta no Museu Académico, representa um instrumento fundante e revolucionário, mediante o qual Artur Paredes instaurou pioneiramente o ADN da Guitarra de Coimbra, e foi com ela que Afonso de Sousa gravou as suas próprias peças instrumentais em 1929. Em 1953 Petrónio Ricciulli comprou uma guitarra de Coimbra de 22 trastos a Raul Simões, instrumento que inicialmente fora uma encomenda feita por Artur Paredes, episódio que poderá justificar a ruptura entre Raul Simões e Artur Paredes.
Nos finais da década de 1950, Raul Simões gravou para a Alvorada duas faixas com a cantadeira conimbricense Estrela Abrantes (EP Alvorada, 60.133, 1959); Lado 1 Grupo de Silvares, com os temas: “Que Diacho” e “Farrapeira”. Lado 2 Raul Simões (viola toeira) e Estrela Abrantes (voz), temas: “Estalado” e “Vira de Coimbra”. Como singular executante da arte do toque popular da Viola Toeira, Raul Simões recebeu na sua oficina Ernesto Veiga de Oliveira em 1965, que fixou breves apontamentos de afinação da viola e de exemplificação do toque. Raul Simões interpreta trechos do “Estalado” e do “Vira”, utilizando notável toque misto à base de ponteio, rasgado e percussão. Os originais das gravações estão arquivados no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, no arquivo sonoro que serviu de base ao livro Instrumentos Musicais Populares Portugueses. Em 2001, o Prof. Domingos Morais orientou a digitalização destas recolhas, acessíveis online: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/arqetnoevo.html. Num artigo do Jornal de Coimbra, “Raul Simões, o último tocador de viola toeira”, Manuel Dias, salienta: “Raul Simões faleceu levando consigo um património imaterial de Coimbra Popular, da Coimbra dos Futricas, ficando-nos a grata recordação do seu talento”. Raul Simões faleceu a 4 de Novembro de 1981 na freguesia dos Anjos, em Lisboa.

Notas:

A GUITARRA DE COIMBRA (2019, RTP2), um filme de Soraia Simões

Um olhar sobre a Guitarra de Coimbra realizado por Soraia Simões [RTP]

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