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Arquivo Mural Sonoro 4

Janelo da Costa (autor, músico, Kussondulola)

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Janelo da Costa (autor, músico, Kussondulola)

111ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00094

                                                                                                


 Janelo da Costa nasceu em Luanda e veio para Portugal no ano 1976, tendo depois regressado a Angola, para dois anos depois vir de novo para Portugal. Foi um dos actores da canção mais expressivos na década de 90 na sociedade portuguesa, fazendo crescer a prática do «reggae» cantado em português. 

Foi uma das forças motrizes, com Messias, do grupo Kussondulola. Aprendeu música de forma autodidacta, mas com o grupo que ajudou a fundar habituou-se a contribuir para as ideias dos arranjos e das produções do mesmo. 
Conta nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma boa parte no acervo deste arquivo online, que cresceu no bairro  do Prenda com alguns dos agrupamentos que ouviu de um pavilhão perto da casa onde vivia e que tinha espectáculos ao vivo, os quais ouvia com proibição expressa de entrar do lado de fora e que já veiculavam nos repertórios das suas práticas teor crítico. Muitos que escutava em criança eram conjuntos eléctricos que passaram mais tarde a ser referenciais para si como os grupos Kiezos, Merengues ou Jovens do Prenda, entre outros.

Conta que foi no bairro do Prenda que teve o primeiro contacto com um instrumento musical: a guitarra, mas que foi o facto de mais tarde começar a tocar com músicos jamaicanos pela Europa, que aproximou aquilo que já eram as suas memórias dos sons e palavras emitidos por agrupamentos angolanos que preencheram a sua infância em Luanda do «reggae», percebendo em ambos os universos algo semelhante: por um lado as questões económicas e sociais que levava a que um  numeroso conjunto de músicos suportasse os intérpretes vocais em Angola era semelhante ao que se passava no grupo de músicos jamaicanos com quem tocou pela Europa onde encontrou o mesmo espírito colectivo e de entreajuda, por outro lado o teor político e social expresso nos repertórios poético-literários que norteou ambos os domínios culturais.

Refere-se aos intérpretes, no decorrer desta conversa, como «trovadores», porque entende que a música que fez ou de que fez parte tem de servir, tal como a que fora feita pelas suas referências, para mobilizar pessoas num determinado contexto, ela não se dissocia do mundo social, cultural e económico ao qual pertence, embora alguma se aliene disso. É, na sua óptica, «a menos interessante».

Os registos discográficos de Kussondulola representaram um conjunto de actuações, expressões orais e conteúdos novos em Lisboa e posteriormente na sociedade portuguesa, no geral. Expressões que faziam parte da cultura angolana ganharam, através da amplificação do seu primeiro registo fonográfico, Tá-se Bem (1995), maior força no quotidiano dos portugueses.

As temáticas em que incidiu o repertório do grupo fez com que a sociedade portuguesa estivesse atenta na década de 90 a  um conjunto de realidades que, com o conjunto de grupos que começaram a afirmar-se no universo do «hip-hop», passam a ser discutidas em mais domínios culturais: como o cinema, o teatro e o mundo das ciências sociais e humanas. No caso concreto de Kussondulola, com temas originais, que  relatavam a vida e as dificuldades dos africanos na Europa, a necessidade do regresso às dinâmicas e experiências culturais das origens que tinham estado no período colonial condenadas ao esquecimento, da destreza para se sair de situações de sufoco ou conflito, da ausência de identificações com os valores culturais portugueses ou da fé. 

Do legado fonográfico do grupo fazem parte discos como: Tá-se Bem (1995, EMI), Baza Não Baza (1998, EMI),
O Amor é Bué (2001, EMI), Survivor (2005, Som Livre), Guerrilheiro (2006, Zona Música), a compilação Cumué? - O Melhor dos Kussondulola (2004, EMI) e o álbum gravado ao vivo Vive! Tens de Viver (2002, Kussondulola - Edições Musicais).

2015 Perspectivas e Reflexões no Campo

Fotografias: Alexandre Nobre

[1] as canções usadas nesta recolha, as edições discográficas e anos nos quais se incluem, estão identificados na parte final do vídeo. As temáticas e contextos em que se inseriram são aflorados nesta conversa.

Curiosidade/ pequeno glossário de expressões usadas:

«kumbu»: dinheiro

«tá-se bem»: na paz

«baza»: foge, desaparece

«kambuta»: Pessoa baixinha

«pancos»: sapatos

«mauas»: óculos

«mauanas»: óculos escuros

«quedes»: ténis ou sapatilhas

«chwinga»: pastilha elástica

«kiquache»: pão

«parro»: relógio

 

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Vasco Ribeiro Casais (intérprete/multi-instrumentista, compositor)

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Vasco Ribeiro Casais (intérprete/multi-instrumentista, compositor)

BI: 110ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00093

 

                                                                                                       Rights reserved - Free access

Europeana Sounds

Vasco Ribeiro Casais é um intérprete e compositor nascido no ano de 1977, que conta já com cerca de 17 anos de actividade na música popular que tem sido feita em Portugal.

Nesta recolha de entrevista expressa aquelas que foram as suas referências de adolescência, sobretudo no domínio do rock, e aborda lembranças que vão da aprendizagem da guitarra clássica numa paróquia próxima e da ligação primeira à guitarra eléctrica, do seu percurso com o grupo Dazkarieh, que ajudou a fundar e o faria no final dos anos 90 profissionalizar-se na música e dela viver até hoje, a outros trabalhos musicais que encetou ou presentemente abraça (Chocalhos, Seiva ou Omiri).
O papel do circuito de produção e venda de discos e espectáculos ao longo da última década, a procura pelas recolhas do património oral, sonoro e musical português e a sua introdução directa (especialmente com o grupo Omiri onde os instrumentos musicais dialogam com registos sonoros) ou indirecta (no caso das recolhas que serviram de inspiração para a criação de canções) e a introdução de vários instrumentos musicais, que foi tocando e aperfeiçoando, ao longo do seu percurso musical são algumas das tónicas presentes nesta conversa registada.
Foi com o grupo Dazkarieh que maior popularidade granjeou, inclusivé fora de Portugal, de 1999 a 2012 o grupo editaria 6 fonogramas e tocou em países diversos como Suíça, Canadá, Bélgica, México, Cabo Verde, República Checa, Espanha, Áustria, Estónia e na Alemanha, país onde teve um maior destaque. Instrumentos das mais diversas categorias musicais foram tocados, especialmente neste grupo, como gaita de foles galega, acordeão, flauta transversal, ''tin whistles Irlandeses'', vários géneros de instrumentos de percussão africanos e árabes, baixo, guitarra, cavaquinho, viola braguesa ou bouzouki.

© 2015 Perspectivas e Reflexões no Campo

Fotografias: Alexandre Nobre

Recolha em Lisboa

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Bilan (intérprete, compositor cabo-verdiano)

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Bilan (intérprete, compositor cabo-verdiano)

109ª Recolha de Entrevista

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Europeana Sounds

Elton Jorge Martins Lima, ou Bilan como é conhecido no meio musical, é um músico e compositor nascido na ilha de São Vicente (Mindelo) em Cabo Verde no ano de 1981, vinte anos de experiência como autor e intérprete.

Teve a sua primeira experiência como músico de modo profissionalizante no Festival Baía das Gatas, conhecido Festival de Música de São Vicente, no universo do «pop-rock», veio para Portugal, para a cidade do Porto, no ano de 1999 para tirar o curso superior de Desporto (Educação Física), mas foi nessa cidade que acabou por conciliar com actividade de estudante universitário a de músico, tocando numa série de bares com outros músicos do Porto, especialmente nos domínios do «jazz» e do «pop rock».

Conta, entre outros aspectos, nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma boa parte neste acervo online, como se reconciliaria com a música e os músicos do seu país, do que aprendeu, ao radicar-se na cidade de Lisboa, do ponto de vista musical, cultural e linguístico sobre o seu Cabo Verde e de que modo passou a viver o seu espaço de origem não estando lá fisicamente, salientando nesse processo alguns dos que formam os seus principais rochedos de inspiração do ponto de vista composicional e interpretativo, como Bau, Bana, Vasco Martins, Titina, Tubarões ou Cesária Évora. Vive exclusivamente da música e explica de que modo o 'ritmo' e o recurso a instrumentos sobretudo percussivos que não os cordofones (igualmente percussivos, tanto mais consoante o modo como são executados) é importante na procura de um 'som', 'musicalidade' e 'identidade' específicos na música que faz, tanto como os músicos com que em Lisboa se cruzaria e que acabaram por se mostrar decisivos, ao se juntarem aos primeiros agrupamentos que integrou, no seu caminho musical.

Tem crescido como autor e intérprete na cidade de Lisboa e é a partir dela que tem intensificado as suas parcerias e colaborações, na música como no teatro e cinema documental.

Tem, até à data em que esta recolha é realizada, três trabalhos gravados.

Recolha realizada em Lisboa

Fotografias de Alexandre Nobre

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Carlos Martins (músico, compositor)

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Carlos Martins (músico, compositor)

107ª Recolha de Entrevista

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Nasceu no Alentejo, numa aldeia chamada Etiópia, no ano de 1961. É  um dos mais activos e consolidados músicos em Portugal.


Saxofonista, compositor e formador conta nesta recolha maior, da qual se disponibiliza uma parte no acervo deste projecto online, que começou por tocar percussões na rua em criança e que o ensino da música de modo 'oficial' é encetado na Banda Filarmónica de Grândola, onde estudaria clarinete, música e teoria musical.

O ambiente em que aprendeu música (a importância, entre outros, da perseverança do maestro Jorge Picoito para a sua aprendizagem de música) no Alentejo foi, como recorda, de um valor inestimável, mas o quadro social, cultural e ideológico em que cresce revelaram-se de igual importância. É neste campo que Carlos Martins fala dos desejos, ânsias e angústias que se viviam nesse período:  a suposição, utopia e  desejo de liberdade, a vontade e curiosidade do 25 de Abril de 1974, o incentivo à leitura de Karl Marx e Friedrich Engels, o estudo e a reflexão de disciplinas como a filosofia, as relações de proximidade e ambiente colaborativo, o lado afectivo e um sentido de transformação e idealismos fora do que apelida de 'determinismo revolucionário',  mas que convivia com o lado mais impenetrável do poder local partidário de esquerda. Foi líder dos estudantes comunistas, integrou um grupo de baile tendo como ideia inicial tocar bateria, o Conjunto Inovação, mas rapidamente passaria para os saxofone alto, emprestado para o efeito, e clarinete, onde chegou a tocar repertório do caboverdiano Luís Morais. Neste contexto, intuitivamente,  arriscaria as primeiras improvisações, sem saber exactamente que o fazia. 


Lembra ainda que com 19 anos, já em Lisboa, tocava com um conjunto alargado de músicos oriundos de Cabo Verde, vendo aí uma possibilidade de ficar  a tocar até tarde, desenvolvendo as suas capacidades interpretativas.

Os papéis assumidos, no seu crescimento como músico e indivíduo participativo na sociedade, que a sua passagem, de cerca de ano e meio, pela Banda da GNR, destacando os músicos de vários instrumentos de sopro que dali saíram e integravam neste período orquestras clássicas reconhecidas, ou pela Orquestra de Jazz do Hot Clube, com a facilidade que já tinha ganho em ler música - elemento decisivo para a sua integração -, os livros de solfejo que se estudavam na banda, são fundamentais e também por isso aflorados nesta conversa. Viria a juntar à sua formação os estudos realizados na Escola de Música do Conservatório Nacional.


Diz que se apercebeu nestes anos que é o ritmo que «faz a diferença da música entre os mundos», o ritmo inclusivé da voz em vários domínios musicais, dando de igual forma na fundamentação desta sua ideia o Fado (cantar Fado) como exemplo.


O racismo durante a década de 1990 na cidade de Lisboa, a criação da  Orquestra Sons da Lusofonia, Lisboa Capital da Cultura no ano de 1994, que teve Ruben de Carvalho como programador da área musical, e as primeiras tentativas de incentivo à organização de encontros e sessões, tendo a prática musical como motor, de fomento à reunião das diversidades de credos, espaços de origem, línguas e etnias, a entrada na UE,  são outros aspectos que enformam temporo-espacialmente o seu percurso e também por isso abordados e reflectidos nesta conversa.


Fez parte da Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, da Academia de Música de Setúbal, da New Jersey Performing Arts Center e foi responsável pela fundação do Quinteto de Maria João, do Quarteto de Jazz de Lisboa e do Sexteto de Jazz de Lisboa.

Trabalhou e gravou com músicos  como Cindy Blackman, Ralph Peterson Jr., John Stubblefield, Don Pullen e Bill Goodwin,  com o Grupo Colectiva (Teatro e Música) colaboraria com a compositora Constança Capdeville, actuou em vários concertos da Oficina Musical do Porto, dirigida pelo maestro Álvaro Salazar, bem como com os músicos solistas do Teatro Nacional de São Carlos, dirigidos pelo maestro João Paulo Santos. Tais actividades marcam indelevelmente o seu caminho como músico.


Em 1992 fundou o Festival Lisboa em Jazz, que deu origem à Festa do Jazz  que dura, até à data em que é realizada esta recolha, há 13 anos, o primeiro festival dedicado à apresentação de músicos portugueses de jazz, organizado em Portugal.

É presidente há 20 anos da Associação Sons da Lusofonia e foi nesta condição que iniciou há 10 anos o Lisboa Mistura, dirigindo-o até ao presente.


Escreveu música para teatro, cinema e bailado, tendo colaborado com o coreógrafo Rui Horta, ou com a bailarina e coreógrafa Vera Mantero. No cinema fez a banda sonora do filme "Filha da Mãe" de João Canijo, a banda sonora e a música da exposição "A Queda de um Anjo" do escultor António Quina e bandas sonoras do filme ‘PAX’ de Eduardo Guedes (1994) e do vídeo "Sétima Colina", de Lisboa 94.

Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Helena Silva
Recolha efectuada em LARGO Residências, Lisboa

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Sérgio Godinho (músico e escritor)

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Sérgio Godinho (músico e escritor)

106ª Recolha de Entrevista
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Nesta recolha explica a importância das suas viagens, o que daí recolheu do ponto de vista cultural no geral e literário e musical em particular, da fase do exílio em França e dos espaços onde tocava nesse período, mas também reflecte sobre temáticas como o uso de conotações datadas no âmbito da recepção musical e/ou dos mass media , como sejam o desígnio «música de intervenção» bem como acerca de  algumas das características patentes no seu legado discográfico, nas opções que tomou e no seu repertório, explicando, entre outros aspectos, que parte sempre de uma estrutura musical quando compõe surgindo a letra ou o poema já depois nesse processo, passando pelo repertório pensado e produzido para as crianças mas que não se confina apenas a essa faixa etária (exemplificando porquê), foca ainda de que modo inscreve a sua performance em espaços distintos: o estúdio de gravação e o espectáculo ao vivo e a importância dos músicos que o acompanham nessa acção.

Ao longo do seu percurso Sérgio Godinho escreveu para outros intérpretes e compositores de destaque na sociedade portuguesa, e também alude às circunstâncias em que tal acontece no decorrer desta conversa, a sua música serviu outros domínios culturais e artísticos como o cinema, a televisão, o teatro, tendo também participado  em alguns deles quer como intérprete como realizador/dramaturgo.

A sua vivência do Maio de 68 em Paris, a participação na produção francesa do musical "Hair", onde se manteria por dois anos, bem como as suas primeiras composições, muitas ainda em francês, acabariam por ajudar aos primeiros contactos daquele que viria a ser o seu caminho  no seio da música e cultura populares.
O seu papel na escrita de canções começa a tomar forma no ano de 1971 quando participa no fonograma que marca a  estreia a solo de José Mário Branco, "Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades" como explica ao longo deste registo, sendo autor de quatro das letras d este disco (colaboraria também como letrista no disco de José Mário Branco "Margem de Certa Maneira" do ano seguinte, editado em França).


Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Alexandre Nobre
Recolha realizada em Lisboa na casa de Sérgio Godinho

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Alexandre Frazão (músico/baterista, autor, formador)

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Alexandre Frazão (músico/baterista, autor, formador)

105ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00088

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BI: Alexandre Frazão é um músico e compositor brasileiro que conta já com trinta e três anos de actividade na Música Popular.
Natural de Niteroi acompanharia a imigração dos, acabando por se radicar desde 1987, tinha dezanove anos de idade, na cidade de Lisboa.

Nesta recolha explica de que modo se liga à bateria, e a importância dos primeiros agrupamentos de garagem no domínio do 'pop-rock', ainda em Niterói, que integrou e onde acabaria por dar os primeiros passos como baterista, ou o primeiro Rock in Rio, ano de 1985, no Rio de Janeiro, Festival que pelo cartaz da altura reforçaria ainda mais o seu gosto por música. Reflecte ainda sobre a sua chegada a Portugal e os músicos com quem acabaria por intersectar os primeiros diálogos musicais, especialmente no domínio do 'jazz', através do Hot Clube de Portugal, como, entre outros, Mário Delgado ou Bernardo Sassetti e o naipe de músicos e compositores de outros domínios musicais com quem acaba, ao longo do seu caminho como músico, por colaborar quer na gravação de  fonogramas como em espectáculos ao vivo como: Luís Pedro Fonseca e Lena D'Água, Mafalda Veiga, Júlio Pereira, Pedro Abrunhosa, o projecto Resistência, Rui Veloso, Ala dos Namorados, Nuno Rebelo, Rão Kyao,  Tim Tim por Tim Tum (onde as baterias têm o lugar de protagonista), Jim Black, entre tantos outros.

Alexandre Frazão reflecte, entre outros assuntos, nesta conversa sobre o modo como vê as mudanças estruturais do ensino da música em Portugal e o papel do computador e do disco nessa aprendizagem, nas novas plataformas de armazenamento e reprodução do som e da música, na forma como compõe em cada contexto para o qual é chamado, ou que o tem como autor, e nas transformações que se patenteiam ao longo do seu percurso neste campo, muito por causa dos vários domínios que abraçou (tanto como intérprete como autor).

Juntou a Tuba e Guitarra à Bateria em 1994 e gravaria, já nos anos 2000, o disco com o mesmo nome com os músicos Mário Delgado (guitarra) e Sérgio Carolino (tuba), com quem fundou o Trio TGB, do qual também fala, expressando algumas características na produção do repertório para este grupo, entre outros aspectos, neste registo de conversa.

Com os vários agrupamentos que integrou ou integra tem actuado quer em Portugal como em países como  França, Alemanha, Espanha, Brasil, China, Bélgica, Dinamarca e participado em vários festivais, como por exemplo, Jazz em Agosto, Festival Europeu do Porto, Jazz em Serralves ou Festival Internacional de Macau.

Do seu percurso faz também parte o grupo Led On, grupo que reúne músicos de outros agrupamentos musicais para um tributo ao grupo Led Zeppelin.

No seu legado fonográfico, acerca do qual também acede a um conjunto de questões que o norteiam, contam-se discos de outros músicos, como já referenciado, como em exemplo: “Nocturno” de Bernardo Sassetti, “Filactera” de Mário Delgado, “Undercovers” de Maria João e Mário Laginha, “Tempo” de Pedro Abrunhosa, os DVDs de Rui Veloso, “O Concerto Acústico”, e Ala dos Namorados ou “Ao Vivo no S. Luiz”. 

Destacam-se na sua obra as seguintes edições:
Ascent - Bernardo Sassetti Trio2 - (Clean Feed, 2005)
Terranova - Afonso Pais – (Clean Feed, 2004)
A Luz - Laurent Filipe – (Clean Feed, 2004)
Tribology - Rodrigo Gonçalves – (Capella, 2004)
TubaGuitarra&Bateria - TGB – (Clean Feed, 2004)
Nocturno - Bernardo Sassetti – (Clean Feed, 2002)
Filactera - Mário Delgado – (Clean Feed, 2002)
Sempre - Carlos Martins – (EMI/VC, 1999)
Diálogos de Bateria - Tim Tim por Tim Tum – (BMG, 1997)

© 2015 Alexandre Frazão à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Alexandre Nobre
Recolha realizada em LARGO Residências

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Yami Aloelela (músico, autor, compositor)

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Yami Aloelela (músico, autor, compositor)

104ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00087

Europeana Sounds

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BI: Yami Aloelela é um músico e compositor angolano. Nascido no ano de 1969 conta já com cerca de 30 anos de experiência como músico, vinte e cinco como músico profissional.
Conta nesta recolha de entrevista a importância que no seu caminho assumiram o Hot Clube de Portugal, como escola/instituição, as colaborações ou participações nos Festivais RTP da Canção a acompanhar intérpretes como Anabela ou Adelaide Ferreira, que lhe permitiram desde os 20 anos de idade viver da actividade musical, do trabalho que nos anos de 1990 se foi intensificando com vários músicos de origem cabo-verdiana radicados em Lisboa e que o incentivaria a reencontrar, também, as suas raízes e a traçar, anos mais tarde, o seu percurso a solo, não esquecendo ainda os que acompanhou e acompanha, sobretudo através do baixo, seu instrumento de eleição, mas também da voz e que foram uma espécie de segunda escola, como Mariza, Carlos do Carmo, Sara Tavares, Paulo de Carvalho, Demis Roussos, Ivan Lins, Anna Maria Jopek, Rhani Krija, Paulino Vieira, Celina Pereira,Tito Paris, Bana, entre outros. 
Yami é filho de um minhoto e de uma africana, originária da região interior de Angola, nasceu em Luanda e reflecte que quando assume o seu percurso a solo assume também o seu espaço de origem e as várias facetas culturais no geral, musicais e linguísticas em particular, que ele encerra como, a título de exemplo: a fonética ou musicalidade do quimbundo. Neste registo sonoro expressa de igual modo a sua posição perante o crescimento e desenvolvimento das novas tecnologias de informação, mas também de produção do som e da música e a lei da cópia privada, entre outros tópicos.
Acrescenta ao seu legado fonográfico, nos vários discos em que colaborou de outros músicos, o seu trabalho em nome próprio, sendo o primeiro editado no ano de 2007. «Beijo de Luz» marca o seu segundo registo solo.

© 2015 Yami Aloelela à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Alexandre Nobre
Recolha efectuada em LARGO Residências

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Francisco Rebelo (músico, produtor, técnico. Cool Hipnoise, Space Boys, Orelha Negra)

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Francisco Rebelo (músico, produtor, técnico. Cool Hipnoise, Space Boys, Orelha Negra)

103ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00086 Europeana Sounds

 

Nota: mais em Dossier RAProduções de Memória, Cultura Popular e Sociedade
 

BI: Francisco Rebelo é um músico, produtor, técnico de som e formador português, nascido no ano de 1963, que conta já com cerca de duas décadas de actividade na Música Popular que tem sido produzida em Portugal.
Ajudou a fundar agrupamentos de forte impacto na cultura popular, nomeadamente da cidade de Lisboa, durante os anos de 1990 como Cool Hipnoise, colaborou com um conjunto de outros músicos que faziam parte da etiqueta pela qual se estreou na edição discográfica, a Norte Sul, integrou  grupos como Space Boys, Cacique 97, ajudou a criar o projecto Orelha Negra e faz parte do colectivo Cais do Sodré Funk Connection.

Nesta recolha de entrevista maior, da qual se disponibiliza uma parte no acervo online deste projecto, além de exprimir o modo como se dá  a sua ligação ao instrumento que ainda hoje diz sentir que toca com maior desenvoltura, o baixo, explica de que modo apreende o alcance que granjeou com o grupo Cool Hipnoise e o que a passagem pelo grupo lhe trouxe do ponto de vista musical como intérprete, como se começa a interessar pela utilização do som, a produção sonora e musical de forma autodidacta, atitude que aliás pontua o seu percurso nestes cerca de vinte anos quer como intérprete quer como técnico apesar de ter passado de igual modo pelo Hot Clube de Portugal, e como acaba a dar aulas partilhando as experiências que foi adquirindo do ponto de vista musical e sonoro. A introdução de mecânicas de aprendizagem da música e do som, especialmente num contexto performativo,  junto de adolescentes em bairros periféricos de Lisboa, trabalho que tem com a Associação Sons da Lusofonia, criada por Carlos Martins, as conclusões que daí advêm, como o facto das realidades (comparativamente com o tempo em que se iniciou) se terem, na sua perspectiva, alterado e hoje para muitos jovens ser mais fácil a utilização do computador para criarem as suas músicas do que aprender a tocar um instrumento musical, o advento de novos dispositivos de armazenamento, reprodução e divulgação da música que se faz, e o estúdio visto como outro instrumento musical são alguns dos aspectos aflorados por Francisco Rebelo neste registo.

© 2015 Francisco Rebelo à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva
Recolha efectuada no estúdio de Francisco Rebelo

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Pedro Ayres Magalhães (músico, compositor, produtor. Heróis do Mar, Madredeus, Resistência)

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Pedro Ayres Magalhães (músico, compositor, produtor. Heróis do Mar, Madredeus, Resistência)

102ª Recolha de Entrevista  

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Guitarrista, compositor e produtor português nascido no ano de 1950 com um longo percurso no seio da Música Popular que é feita em Portugal nas últimas quatro décadas.

Foi um dos fundadores dos agrupamentos  Heróis do Mar [1]  e Madredeus [2] mas antes passaria por grupos no domínio do «rock» como Faíscas ou Corpo Diplomático, produziu, entre outros,  "Dar e Receber" de António Variações, colaborou com o grupo Tantra e juntou-se a um conjunto de músicos de outros grupos para formar o projecto Resistência.

Nesta recolha de entrevista, da qual se disponibiliza como habitualmente apenas uma parte no acervo deste projecto online, entre um conjunto de outros aspectos, conta como onde e porquê começou por tocar baixo, da aprendizagem autodidacta que foi assumindo com a guitarra clássica, do papel do pai nesse processo, mas expressa também as condições que foi tendo, pelos vários grupos por onde passou para a prática musical dentro e fora (nomeadamente com o grupo Madredeus) de Portugal, do papel do estúdio de gravação na sua actividade como músico, especialmente com o grupo Heróis do Mar, da conjectura social e política, explícita pelo ambiente que se vivia, quando surge o grupo Heróis do Mar  e da não aceitação do grupo nesse quadrante, das infraestruturas existentes no Portugal dos anos de 1980 para as actuações ao vivo, da Fundação Atlântica, onde foi director musical,  etiqueta que produziria fonogramas de Anamar ou Sétima Legião, com quem chegou a tocar, e da expansão de Madredeus, sem esquecer as várias fases (em crescendo e até à saída de Teresa Salgueiro do grupo, as características da nova formação de Madredeus e a junção da Banda Cósmica, composta por um conjunto de experientes músicos)  pelas quais o grupo passou, até se destacar num contexto transfronteiriço no qual permaneceu durante cerca de duas décadas, com uma actividade frequente em palcos por todo o mundo (tocaram em cerca de quarenta países), bem como os espaços sonoros privilegiados onde tocaram e que ampliaram, um pouco por todo o mundo, a apresentação/actuação da formação acústica e repertório deste grupo. Reflecte também a sua perspectiva sobre os direitos autorais, as políticas de privacidade e utilização na internet e a «lei da cópia privada».

Além da música, e devido à sua actividade neste campo, também se salienta a sua passagem pelo cinema em A Janela (2001) – compositor, A Janela Não é a Paisagem (1997) – compositor, Lisbon Story (1994), de Wim Wenders – actor e compositor, Longe (1988) – actor e compositor, De uma Vez por Todas (1986) – actor.

Temas usados na Recolha (original de Heróis do Mar) «Fado» interpretação: Resistência, «Saudade», Heróis do Mar, Etiqueta: Polygram, 1981

2015 Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Helena Silva
Recolha no LARGO Residências

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Michales Loukovikas (músico, jornalista e compositor grego)

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Michales Loukovikas (músico, jornalista e compositor grego)

101ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00084 Europeana Sounds

 

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[esta recolha de entrevista foi realizada em inglês] 

Há cerca de quatro anos conheceu Amélia Muge  (escutar 55ª recolha de entrevista neste acervo) e juntos criaram, produziram e interpretaram, com um conjunto de outros músicos, o fonograma, editado no ano de 2012, Périplus.

Nesta recolha de entrevista, da qual se disponibiliza uma parte neste trabalho online, entre outros aspectos, o músico e autor grego, conhecedor da música que é feita na Grécia - ocidental e oriental, clássica e folclórica - explica de que modo as traduções são importantes no conhecimento da história da cultura e dos repertórios de cada país, do que representou para si trabalhar com músicos portugueses, das proximidades entre alguma da música popular que se faz na Grécia com a que é feita em Portugal, do papel oferecido pela internet na descoberta, criação e recriação conjunta, mas de igual forma de que modo o advento destas plataformas diminui a capacidade do músico, tanto na Grécia como em Portugal, em viver da música que faz. 

A relevância do som, das linguagens tanto sonoras como literárias, musicais e  político-sociais para «criar coisas novas» são características que aflora ao longo do seu depoimento.

O fonograma Périplus - Deambulações Luso-Gregas, resultado desta união, apela a uma viagem em torno sobretudo da costa do mediterrâneo, em que os gregos são a cabeça e os portugueses a extremidade cultural, onde  se reúnem mares e continentes distintos, música e poesia. Com este trabalho discográfico o músico actuou em palcos como o da Culturgest, o do Centro Cultural Vila Flor e o do Festival Músicas do Mundo em Sines, onde se fizeram, ele e Amélia Muge, acompanhar de Filipe Raposo ou Miguel Tapadas (piano), Harris Lambrakis ou Nikos Paraoulakis (ney, flauta de bisel), Kyriakos Gouventas ou Manuel Maio (violino e bandolim), Manos Achalinotópoulos (clarinete folk), António Quintino (contrabaixo), José Salgueiro (percussão), Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), Catarina Anacleto (violoncelo) e o coro Outra Voz. 


2015 Perspectivas e Reflexões no Campo


Recolha realizada no Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHC - FCSH/UNL)

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Guida de Palma (intérprete, compositora, professora de canto)

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Guida de Palma (intérprete, compositora, professora de canto)

100ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00083 Europeana Sounds

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BI: Guida de Palma nasceu em Setúbal no ano de 1962. É uma intérprete, autora, compositora e professora de canto que conta já com um vasto percurso em domínios diversos da Música Popular.

Nesta recolha de entrevista maior, da qual se disponibiliza uma parte neste acervo online, expressa as suas primeiras experiências musicais em coros ainda em Setúbal (Coral Luísa Todi, onde interpretava um repertório folclórico e erudito), o papel do seu pai na sua infância (com os discos que tinha em casa e reproduzia. Sobretudo vozes americanas no domínio da «soul music») a sua ida para França para estudar literatura e o modo como paulatinamente vai experienciando a sua actividade na música, na dança, na produção, emprestando a sua interpretação vocal em anúncios de publicidade ou em espectáculos que congregavam a interpretação e a dança, especialmente em Paris. Muda-se mais tarde para Inglaterra onde vive 17 anos exclusivamente da música e onde adquire um conjunto de outros contactos com diversos autores e músicos com os quais passa a colaborar dentro de formas musicais distintas da cultura popular. Estudou também Engenharia de Som e reflecte sobre as várias valências que foi, por necessidade de conhecimento mas também para enriquecimento da sua actividade (indo ao encontro daquilo que necessitava), acrescentando ao seu caminho profissional.

Os seus públicos foram durante um tempo vital sobretudo franceses e ingleses, quando regressa a Portugal a ligação com o circuito onde se fez como intérprete e compositora mantém-se e também por isso expressa neste registo algumas das principais diferenças que sente entre estes vários circuitos europeus e o modo como as possibilidades para a música e os músicos se apresentarem acontece, bem como a sua visão sobre assuntos actuais como os novos dispositivos de armazenamento e partilha de conteúdos sonoro-musicais online, a lei da cópia privada ou o Sindicato dos Músicos.

No seu legado fonográfico contam-se, entre outros: Guida De Palma & Jazzinho - Atlas, Veludo ‎(LP, Album, 180), diversos singles e eps como: Dançar Cantar ‎(12"), Eurobond Records 1990, Dodge City Productions Featuring Ghida De Palma* - As Long As We're Around 3 versions 4th & Broadway 1992, Nova Fronteira Featuring Guida De Palma - Supernova / Calma ‎(12") Z Records ZEDD, Boriqua Bandits Feat. Guida De Palma - Midnight Expresso 2 versions Recordings 2002, Nathan Haines Feat Guida De Palma - O Misterio ‎(12") Chillifunk Records 2004, Boriqua Bandits Feat. Guida De Palma - Midnite Expresso: The Remix ‎(12") 2004, Guida De Palma & Jazzinho - The Lagoon Monster ‎(12") Freestyle Records (2) 2006, Guida De Palma & Jazzinho - Abraco Da Bossa (Incognito Lounge Mix) / A Seed In You ‎(7") Expansion 2014, A Certain Pleasure Featuring Ghida De Palma* - Be There ‎(12"), Boriqua Bandits Feat. Guida De Palma - Midnight Expresso 2 versions Recordings 2002, Nathan Haines Feat Guida De Palma - O Misterio ‎(12"), Chillifunk Records 2004, Boriqua Bandits Feat. Guida De Palma - Midnite Expresso: The Remix ‎(12"), Recordings 2004, Guida De Palma & Jazzinho - The Lagoon Monster ‎(12") Freestyle Records (2) 2006, Guida De Palma & Jazzinho - Abraco Da Bossa (Incognito Lounge Mix) / A Seed In You ‎(7") Expansion 2014 ou A Certain Pleasure Featuring Ghida De Palma* - Be There ‎(12") 2 Groove Records.

© 2015 Guida de Palma à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo
Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva
Recolha efectuada em LARGO Residências

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Tomás Pimentel (Músico, Compositor, Professor: trompetista)

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Tomás Pimentel (Músico, Compositor, Professor: trompetista)

99ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00082 Europeana Sounds

 

                                                                                                                                        Only with permission

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É um músico e professor que conta já com cerca de quatro décadas de actividade.

Nasceu em Lisboa no ano de 1960 e profissionalizou-se na música tendo o trompete como instrumento, muito embora tenha, como conta nesta recolha de entrevista, começado por estudar piano.

Oriundo de uma família de músicos, depois da experiência ao piano decide-se pelo trompete e estuda Educação Musical e Composição, na Escola de Música do Conservatório Nacional em Lisboa.

No seu legado contam-se diversos fonogramas e espectáculos ao vivo em que participou, de José Afonso, Júlio Pereira, Fausto, José Mário Branco, Sérgio Godinho, bandas residentes de programas de televisão, entre um número grande de outras colaborações com músicos de vários domínios musicais. Apesar de viver exclusivamente da prática musical, quer como professor quer como músico, Tomás Pimentel tem o seu nome inscrito na história da música popular especialmente como músico integrante da formação de outros músicos de destaque, tendo até hoje gravado como solista apenas um fonograma, editado no ano de 1994.

Nesta recolha expressa a importância da linguagem musical que apreendeu, quer no Conservatório como no Hot Clube, e que lhe permitiu estar com o trompete com alguma destreza na Música Popular em vários domínios, explica a importância que as bandas filarmónicas ofereceram para vários trompetistas em Portugal, a evolução do ensino da música e como observa as dificuldades de que o ensino artístico especializado tem sido alvo especialmente nos últimos meses.

O tema usado nesta recolha de entrevista faz parte do agrupamento Septeto de Tomás Pimentel e tem o nome «Raiz». Neste tema tocam os músicos: Tomás Pmentel: Fliscorne, Jorge Reis: Saxofones Alto e Soprano, Edgar Caramelo: Saxofone Tenor,  António Pinto: Guitarras , João Paulo Esteves da Silva: Piano, Mário Franco: Contrabaixo e Alexandre Frazão: Bateria.

Perspectivas e Reflexões no Campo


Fotografias: Helena Silva
Recolha realizada em LARGO Residências

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Viviane Parra (intérprete, compositora)

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Viviane Parra (intérprete, compositora)

98ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00081 Europeana Sounds

 

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Viviane Parra nasceu no sul de França, em Nice.

Conta nesta recolha de entrevista de que modo  iniciou, num contexto amadorístico,  a sua ligação aos palcos como cantora, curiosamente no âmbito de um espectáculo de Carlos do Carmo para as comunidades portuguesas em França era ainda uma adolescente, a sua passagem (já no Algarve) por um grupo de música de cariz tradicional (Borda D'Água), recorda que o seu percurso musical de um modo profissionalizante iniciou no ano de  1993 com o grupo Entre Aspas, da representatividade que o grupo alcançou nos anos de 1990 no contexto da cultura e música populares de matriz urbana e da regularidade e sucesso granjeados especialmente nos espectáculos ao vivo. 

Viviane integrou vários agrupamentos musicais.  Destacam-se, como expressa na conversa, o grupo Linha da Frente no ano de 2002, formado por músicos de domínios musicais diferenciados que interpretavam poemas que se inscrevem no património literário português, o “Camaleão Azul” em 2003 e  “Rua da Saudade”, um projecto criado por Renato Júnior que reuniu quatro intérpretes femininas para dar voz a algum do repertório literário de José Carlos Ary dos Santos no ano 2009 (Luanda Cozetti, Mafalda Arnauth, Susana Félix integraram, com Viviane, este trabalho). Nesta conversa reflecte de que modo estas colaborações foram importantes no seu percurso e como influenciariam a sua vida musical a solo. 

As relações da Música Popular feita em Portugal com a indústria fonográfica, as novas formas de produção e recepção musical, as comunidades de ouvintes e espectadores, o avanço do papel do estúdio de gravação pessoal e das novas formas de criação e reprodução sonoro-musical e o retrocesso e a resistência oferecidos pela indústria fonográfica com o advento desses novos mecanismos, são alguns dos aspectos levantados neste registo.

Somando o seu percurso com o grupo Entre Aspas, que a deu a conhecer à maioria dos públicos em Portugal, às colaborações e ao seu trajecto a solo, a intérprete e compositora conta com mais de duas décadas de actividade. «Amores Imperfeitos» (2005), «As Pequenas Gavetas do Amor» (2011), «Dia Novo» (2014), são, até à data em que esta recolha foi realizada, alguns dos seus fonogramas a solo já editados.

No ano de 2005, após o fim do grupo Entre Aspas, segue  um percurso a solo e onde as suas influências culturais no geral e tipologias musicais em particular se fazem notar (chanson française, fado, tango, música popular brasileira).

 

2015 Viviane Parra à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no campo

Edição, Pesquisa, Som, Entrevista em 5 de Março de 2015, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva


Mais aqui.

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Thierry Riou (ex radialista, músico, produtor)

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Thierry Riou (ex radialista, músico, produtor)

97ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00080 Europeana Sounds

 

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BI: Thierry Riou nasceu em Paris no ano de 1959. Começou por ser radialista na capital francesa, cidade onde teve um programa de autor no domínio do jazz e no qual entrevistaria alguns dos nomes mais consolidados neste campo, quer no contexto europeu como americano, aprendeu piano, começou a interpretar e a compor e mais tarde, apaixonado pela cidade de Lisboa, tem a ideia de abrir um espaço nesta cidade onde pudesse, à semelhança das emissões de rádio que teve em França, divulgar músicos e compositores que formavam o tecido cultural lisboeta tanto no jazz como noutras formas musicais que com ele se cruzaram ao longo da história da cultura popular. Fez, como conta nesta recolha de entrevista, do Onda Jazz, em Alfama, um dos espaços de referência para muitos dos músicos desta cidade que aqui encontraram, durante o tempo que a casa durou, um espaço para apresentarem as suas obras.

Neste registo de conversa o músico/produtor e dinamizador cultural expressa, entre outros aspectos, algumas das dinâmicas intrínsecas à actividade musical, as relações volúveis de um meio complexo no que diz respeito à atribuição de apoios para a cultura no geral e a actividade musical em particular, bem como as motivações que estão na base de muitas das opções que tem tomado no seu caminho como profissional do meio artístico.

© 2015 Thierry Riou à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Pesquisa, Som, Edição, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva

Recolha de entrevista efectuada em LARGO Residências

Registo fotográfico efectuado em casa de Thierry Riou em Alfama




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Carlos Bica (músico e compositor)

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Carlos Bica (músico e compositor)

96ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00079

Europeana Sounds

 

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Carlos Bica nasceu em Lisboa no ano de 1958. É um dos músicos e compositores mais reconhecidos no contexto europeu.

Conta nesta recolha de entrevista maior, da qual se disponibiliza uma parte online,  que se estreou em estúdio com o fadista Carlos do Carmo, acompanhou durante cerca de nove anos a intérprete Maria João, e iniciou posteriormente um percurso a solo como músico e compositor. 

A relação com a música clássica, a Academia dos Amadores de Música em Lisboa, os palcos, a cidade de Berlim, o estúdio de gravação, outras áreas como a dança ou o teatro são alguns dos aspectos aflorados nesta conversa.

Carlos Bica alcançou uma projecção assinalável  na Europa. Tocou em vários países, da Ásia à Europa, nos mais importantes festivais de jazz na Europa e Ásia. Apesar de se ter radicado em Berlim no ano de 1994 apresenta-se com regularidade  em Portugal em diversos espectáculos.


Além da  Academia dos Amadores de Música em Lisboa, passou pelo  Conservatório Nacional de Lisboa e numa fase inicial, apenas durante dois meses, pelo Hot Clube. Durante os estudos foi membro da Orquestra de Câmara de Lisboa, representando Portugal em vários festivais internacionais. Em 1982 prosseguiu os estudos na Hochschule für Musik em Würzburg.


Dos anos em que trabalhou com a intérprete Maria João,  resultaram os fonogramas «Conversa» e «Sol». Além de Carlos do Carmo, trabalhou e trabalha com  Camané,  José Mário Branco, Pedro Caldeira Cabral ou Janita Salomé, entre outros, reforçando a ideia patente ao longo deste registo de que além de não se ver como um ''típico contrabaixista'' não se sente confinado a um só domínio musical, tendo sido «o contrabaixo que o escolheu» e não o contrário.

Com Frank Möbus (guitarrista) e Jim Black (baterista) fundou o trio Azul. Trio com o qual editou cinco fonogramas e realizou inúmeros concertos internacionais.

No ano de 1998, no âmbito da Expo 98 na cidade de  Lisboa, apresentaria o projecto «Diz», com a actriz e cantora Ana Brandão, juntando neste projecto diversas linguagens sonoro-musicais.

Carlos Bica também tocou no trio de João Paulo Esteves de Silva  e em Trio Essence com Gebhard Ullmann e Sylvie Courvoisier.

O seu espectáculo de contrabaixo a solo, de 2005, foi publicado no álbum «Single».

Integra o grupo «Tango Toy» de Paul Brody, colaborou com Sven Klammer e Kalle Kalima, e também com Kristiina Tuomi.

Músicos como Ray Anderson, Kenny Wheeler, Aki Takase, Paolo Fresu, Julian Argüelles, Steve Argüelles, Lee Konitz, Mário Laginha, Matthias Schubert, Markus Stockhausen, António Pinho Vargas, Alexander von Schlippenbach entre outros, fazem também parte do leque de músicos com os quais colaborou. 

O álbum Azul com Frank Möbus, foi eleito em 1996 "Album de Jazz do Ano", em Portugal pelo programa de rádio «Cinco Minutos de Jazz».

No seu legado fonográfico contam-se, entre outros, os seguintes trabalhos discográficos: 

Maria João Quintet - "Conversa" (1986)
Cal Viva - "Cal Viva" (1989)
Maria João & Cal Viva - "Sol" (1991)
Carlos Bica & AZUL - "AZUL" feat. Ray Anderson and Maria João (1996)
João Paulo/Carlos Bica/Peter Epstein - "O exílio" (1998)
Carlos Bica & AZUL - "Twist" (1999)
João Paulo/Carlos Bica/Peter Epstein - "Almas" (2000)
Paul Brody's Tango Toy - "Klezmer Stories" (2000)
Carlos Bica & Ana Brandão - "DIZ" (2001)
Gebhard Ullman/Jens Thomas feat. Carlos Bica - "Essencia" (2001)
Paul Brody's Tango Toy - "The South Klezmer Suite" (2003)
Carlos Bica & AZUL - "Look What They've Done To My Song" (2003)
Tuomi - "Tightrope Walker" (2005)
Sven Klammer - "Nevs" (2005)
Carlos Bica - "Single" (solo album) (2005)
Carlos Bica & AZUL - "Believer" (2006)
Bica-Klammer-Kalima - "A Chama do Sol" (2006)
Tuomi - "The Expense of Spirit" (2007)
Carlos Bica - "Matéria-Prima" (2010)
Carlos Bica & AZUL - "Things About" (2011)

 

2015 Carlos Bica à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo


Som, Pesquisa, Entrevista realizada em Janeiro de 2015, Texto, Edição: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva

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José Manuel Neto (Guitarrista/compositor, Guitarra portuguesa)

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José Manuel Neto (Guitarrista/compositor, Guitarra portuguesa)

 

95ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00078 Europeana Sounds

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BI: José Manuel Neto nasceu em Lisboa no ano de 1972. É um dos mais conceituados e solicitados guitarristas da sua geração no domínio do Fado.

Conta nesta conversa, da qual se disponibiliza como é hábito uma parte no nosso acervo online, que começou a tocar guitarra portuguesa com apenas 15 anos, a acompanhar o repertório da mãe, a fadista Deolinda Maria. Hoje é dos guitarristas que mais se destaca no acompanhamento de fadistas, em espectáculos e gravações de discos.

Neste registo José Manuel Neto explica em que medida as suas referências, primeiro José Inácio e  Carvalhinho, posteriormente José Nunes, Jaime Santos e José Fontes Rocha foram determinantes no seu processo de aprendizagem e no desenvolvimento do seu estilo próprio, de algumas particularidades que o seu percurso na década de 1990, ao profissionalizar-se, assume quando passa a lidar com o estúdio de gravação, com outros músicos, de outros domínios musicais com quem também colabora, da maturação que o seu caminho como intérprete foi sofrendo positivamente devido a esse ambiente, assim como da importância que atribui à construção das guitarras que usa, em espectáculos maiores ou em estúdio de gravação, mencionando alguns construtores, como o que agora é o seu construtor, Óscar Cardoso (também gravado em entrevista para este Arquivo e Documentação), etc. 

O intérprete fez parte dos elencos de Casas de Fado como a Viela, o Sr. Vinho, a Taverna do Embuçado ou o Faia, expressando também a relevância que esse caminhar próximo daquilo que são os espaços característicos do universo do fado seriam importantes no seu percurso.

Apesar de reclamar até si o seu crescimento de um modo totalmente autodidacta, e uma passagem por uma Banda Filarmónica nos primeiros tempos, José Manuel Neto integra hoje uma geração de instrumentistas no Fado com uma formação musical vasta e isso deve-se também ao facto de ter tocado com o mais variado leque de músicos, dentro e fora do Fado.

No ano de 1992, José Manuel Neto gravou o seu primeiro fonograma, «Tears of Lisbon» (Lágrimas de Lisboa), gravado por Huelgas Ensemble e o maestro Paul Van Nevel, com os fadistas Beatriz da Conceição e António Rocha, que lhe abriria caminho para gravar com um considerável número de fadistas, como: Argentina Santos (“Argentina Santos”, 2003), António Zambujo (“O Mesmo Fado”, 2002; “Outro Sentido”, 2007), Camané (“Esta coisa da Alma”, 2000; “Pelo Dia Dentro”, 2001; “Como sempre Como Dantes”, 2003, com edição em CD e DVD; “Sempre de Mim”, 2008); Carlos do Carmo (“Ao vivo no Coliseu dos Recreios: 40 anos de Carreira”, 2004; “Fado Maestro”, 2008, ''Fado é Amor'' 2014), Ana Moura (“Aconteceu”, 2004), Pedro Moutinho (“Encontro”, 2006 e “Um Copo de Sol”, 2009), entre outros.

Do número crescente de digressões tanto em território nacional como internacional, o guitarrista tem passado por diversos espectáculos ao lado de fadistas como Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco, Mariza ou Mísia. 

No ano de 2009 apresentou no Cinema São Jorge um espectáculo de título “O Som da Saudade”, onde interpretou melodias que compôs ao longo dos anos.

Em 2004 a Casa da Imprensa entregou-lhe o “Prémio Francisco Carvalhinho”, atribuído ao melhor instrumentista, durante o espectáculo da Grande Noite do Fado desse ano, e no ano de 2008 a Fundação Amália Rodrigues distinguiu-o com o “Prémio Melhor Instrumentista”, reconhecendo-o como um dos nomes de referência na interpretação da Guitarra Portuguesa na actualidade.

© 2014 José Manuel Neto à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Edição, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias com José Manuel Neto: Maria Joana Figueiredo

Fotografias guitarra de José Manuel Neto em oficina de Óscar Cardoso: Soraia Simões

Recolha realizada no Museu do Fado

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Marta Pereira da Costa (intérprete de guitarra portuguesa, compositora)

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Marta Pereira da Costa (intérprete de guitarra portuguesa, compositora)

94ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00077 Europeana Sounds

 

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 Marta Pereira da Costa nasceu em Lisboa no ano de 1982 é uma intérprete de guitarra portuguesa e compositora. Embora o número de mulheres que tocam guitarra quer de Coimbra como de Lisboa tenha crescido nos últimos anos (sobretudo na cidade de Coimbra, em Lisboa e no arquipélago dos Açores) Marta foi a primeira a profissionalizar-se com este instrumento no domínio do Fado, a seguir a Luísa Amaro que fixaria o seu nome ligado à guitarra especialmente como solista, a primeira que vive exclusivamente da música no universo do Fado, tendo como instrumento a guitarra.

Nesta recolha de entrevista maior, da qual se disponibiliza como habitualmente uma parte no nosso acervo online, a intérprete explica, entre outros assuntos, o papel influenciador do pai para a aprendizagem e desenvolvimento na exploração e execução deste instrumento, mas igualmente os papéis determinantes que tiveram primeiramente os guitarristas Carlos Gonçalves e Mário Pacheco e posteriormente vários guitarristas, com linhas distintas na execução da guitarra, com quem se foi cruzando e absorvendo ensinamentos como: Fontes Rocha, Ricardo Rocha, António Parreira, Pedro Caldeira Cabral ou, fortemente influenciada pela «sonoridade de Carlos Paredes» --- uma das suas grandes referências --, as idas a Coimbra onde aprendeu com Paulo Jorge (Jójó), conhecido professor de Guitarra de Coimbra sobretudo na Associação Académica desta cidade, a intérprete explica ainda a experiência profícua que tem tido como acompanhante no universo do fado, muito embora seja como solista que imagina fazer um percurso. 

Marta estudou inicialmente piano e estuda actualmente na Escola Superior de Música, a experiência da gravação sonora em estúdio, que inicia em 2008 na gravação de um fonograma  do fadista Rodrigo Costa Félix, intensificar-se-ia e a sua profissionalização efectiva, no ano de 2012, ano em que deixa a Engenharia para se dedicar exclusivamente à guitarra permitiram-na alargar um número crescente de interesses e de trabalhos no âmbito da Música Popular e no domínio do Fado em particular. Além de fazer parte do elenco da Casa de Fados «Adega dos Fadistas» em Alfama, tem participado em diversos espectáculos quer como acompanhante de Fado quer como solista.

 

2014 Marta Pereira da Costa à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Pesquisa, Texto, Som, Edição: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva

 

 

 

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António Parreira (Guitarrista, Compositor, Professor de Guitarra Museu do Fado)

António Parreira (Guitarrista, Compositor, Professor de Guitarra Museu do Fado)

93ª Recolha de Entrevista

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Quota MS_00076 Europeana Sounds

BI: António Parreira nasceu no ano de 1944 em Monte das Taipas, concelho de Grândola. É um dos guitarristas mais consolidados no Fado e professor no Museu do Fado. Pai de dois guitarristas, a quem passou, cumprindo os desígnios de transmissão oral a que estão associadas as práticas musicais no domínio da cultura tradicional, o gosto pelo instrumento e pelo Fado: Paulo Parreira e Ricardo Parreira. Ambos guitarristas profissionais.

Conta nesta recolha como desperta o interesse pela prática deste instrumento musical. Primeiramente influenciado pelo tio, tinha apenas 11 anos de idade, através do único tema que o mesmo tocava com regularidade,"Fado Corrido no 5º ponto", que António consegue identificar mais tarde como o do tom 'Sol Maior', a partir do qual aprende as outras tonalidades, explica ainda o modo como a rádio, sobretudo os programas da Emissora Nacional e a forma de tocar de José Nunes, o influenciaram igualmente e como se inicia muito jovem, ainda no Alentejo e de modo amadorístico, tocando nas chamadas “tascas” situadas nas várias aldeias vizinhas. Reflecte ainda sobre outras referências, como o guitarrista Alcino Frazão e o fadista Manuel de Almeida (falecido em 3 de Dezembro de 1995), que António Parreira acompanhou, em espectáculos e gravações, durante os seus últimos 19 anos de vida, sem esquecer nesta conversa o modo como se relaciona com os seus actuais alunos, uma vez que desde 2001 integra o corpo docente da Escola de Guitarra do Museu do Fado em Alfama, bem como o papel da mulher na execução da guitarra portuguesa e de outros domínios musicais, fora do universo do Fado, nos quais a guitarra está presente.

Cedo começa a receber convites para tocar. Primeiro acompanhado por violistas da região, dos quais destaca Luís Duarte, Joaquim do Moinho da Cruz e Carlos Carvalho, depois, aos 14/15 anos, na Tasca do Faúlha de que era  proprietário Jorge Chaínho, pai de António Chaínho, ambos guitarristas. Inicia-se na viola, acompanhando o guitarrista em pequenas actuações por mais de 3 anos, especialmente pelo facto de  António Chaínho não ter à altura, para António Parreira, um violista para o acompanhar e verem em António Parreira «uma pessoa com jeito para tocar a viola de fado». 

No ano de 1965, já recuperado de uma doença renal que o obrigou a distanciar-se da prática regular ao vivo deste instrumento entre os 17 e os 19 anos, António Parreira ingressa no serviço militar e posteriormente segue-se  uma permanência em Moçambique. É neste período que reacende o seu gosto, estudo e dedicação exclusivos à guitarra portuguesa. Actuou em diversos espectáculos, com destaque para os que tiveram lugar no Malawi, ex Rodésia, África do Sul, Angola e Moçambique, sempre acompanhado pelo violista Francisco Gonçalves, seu camarada da tropa e parceiro de música, desde essa fase, ao longo de cerca de 33 anos (1965-1998) como reforça na conversa.

A profissionalização efectiva como guitarrista dar-se-ia no momento em que Augusto Damásio, um amante da guitarra portuguesa, apresenta António Parreira ao proprietário da casa de fado Guitarra da Madragoa. Estreou-se como guitarrista profissional em 9 de Maio de 1969.

Nos anos de 1970 o guitarrista integraria o elenco do restaurante típico Guitarra de Alfama, ao que se seguem a Taverna d´ El Rei, Fragata Real, Abril em Portugal, Parreirinha de Alfama, Luso, Arreda e Forte Dom Rodrigo, estes últimos situados na zona de Cascais, e na época propriedade do fadista Rodrigo. É a acompanhar Rodrigo à guitarra que António Parreira se desloca  quer em espectáculos nacionais como  internacionais, com destaque para as apresentações na Rádio Televisão Espanhola, no programa "Festival" da TV Globo, “Festival das Nações” em Joanesburgo e em actuação durante três semanas no Casino de Monte Carlo.

Em 1973 edita o seu primeiro fonograma a solo, "Guitarras de Portugal", acompanhado à viola pelo companheiro de longa data Francisco Gonçalves. Deste registo destaca-se o arranjo musical de temas como “Milho Verde” e “Variações sobre o Fado Lopes”. 

Entre 1976-1980 António Parreira complementa a sua aprendizagem e frequenta aulas particulares com o Prof. alemão Zieg Fried Zugg, aprendendo a ler e a escrever música.

António Parreira acompanharia, além de Alfredo Marceneiro, o fadista António Mourão em espectáculos no Japão, Austrália, Macau, Nova Zelândia, toda a Europa ocidental, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Colômbia, Brasil, Argentina, Uruguai, países de África, nomeadamente a África do Sul entre outros países.

Em 1977 acompanha Amália Rodrigues que actuou durante duas semanas no Hotel Melia Castilla. Em 1978 surge um novo convite, desta vez para uma actuação com a fadista na cidade de Paris.


Actuou no espectáculo que teve lugar no “Festival da Cruz Vermelha”, em Nova Iorque, e que contou com a presença do então Presidente dos Estados Unidos da América Jimmy Carter. Ao lado de Rão Kyão no “Festival das Nações” na Coreia do Norte.


Entre os vários trabalhos fonográficos em que participou, António Parreira destaca recorrentemente em entrevistas "Saudade", com a intérprete japonesa Saki Kubota, e que contou com as presenças dos músicos António Chaínho, Martinho D`Assunção e Pedro Nóbrega.


No ano de 1989 gravaria com  Amália Rodrigues um espectáculo para a televisão espanhola, inserido num programa apresentado por Sara Montiel. Neste período colaborou frequentemente com a cantora Tonicha. Em 1992 actuaria a solo, durante cerca de três semanas, no Hotel Oton Palace (Rio de Janeiro). 



Em 1999 inicia uma recolha de 120 fados clássicos, com transcrição pelo Maestro Jorge Machado, "Notas de Música", para a edição da Ediclube “Um Século de Fado”. No ano de 2014 foi  publicado O Livro dos Fados – 180 Fados Tradicionais em Partituras, da sua autoria.

Resultado de anos de estudo e dedicação, esta obra, editada pelo Museu do Fado, reúne 180 fados tradicionais seleccionados e transcritos para partitura por si.  O musicólogo Rui Vieira Nery refere no prefácio: O Livro dos Fados, que agora nos oferece, leva ainda mais longe o contributo de António Parreira para o nosso conhecimento alargado do repertório fadista. (..) Fadistas e guitarristas, investigadores e estudiosos, profissionais e amadores poderão encontrar aqui um repositório cuidadosamente seleccionado daquilo a que poderíamos chamar “O Grande Cancioneiro do Fado”. (…) Era um trabalho essencial que estava por fazer e que não podia ter ficado confiado a melhores mãos.

Compôs variadíssimas músicas para Fados, entre as quais, "Recado'', "Fado Marina", "Ribeira Nova", "Versos do Povo", "RR Mexilhão", "Fado Inês", "Gotas de Tristeza", "Isto de ser Poeta", "Contos e Contas", "Senhor Marquês de Pombal", "Ser Português", "Zé Guitarrista", ''Violeta do Chiado"  ou Para Não ver a Realidade". 


No ano de 2007 no Teatro de S. Luiz, Mestre Parreira foi distinguido pela Casa da Imprensa com o “Prémio Carreira”. 


A 22 de Outubro de 2008 recebeu a Medalha de “Mérito Municipal” entregue pelo Concelho de Grândola.

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva

Recolha efectuada em Museu do Fado

Tema executado e captado em tempo real: «Balada ao Monte das Taipas» 

Jean Marc Pablo (construtor, autor, intérprete «contrabacia»)

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Jean Marc Pablo (construtor, autor, intérprete «contrabacia»)

92ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00075 Europeana Sounds

 

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BI: Jean Marc Pablo, nasceu em Champigny sur Marne, França, subúrbios de Paris, no ano de 1968. É um músico, construtor e cenógrafo actualmente a residir em Almada. Integra o grupo OqueStrada sobretudo como executante de contrabacia, embora por vezes também toque contrabaixo, o seu primeiro instrumento musical.

Nesta recolha de entrevista explica como começou a tocar contrabaixo, de ouvido especialmente através do que escutava nos discos de jazz que comprava quando ia a Londres, expressando de igual modo em que medida o teatro de rua em França, onde a institucionalização da actividade é prática comum há um longo período de tempo (e onde a dramaturgia para o espaço público é disciplina nos currículos escolares), difere da realidade que encontrou em Portugal, primeiramente na cidade do Porto, onde apresentou um espectáculo, em que música, cenografia e teatro de rua (os três universos onde Jean Marc Pablo tem gravitado quer como autor/produtor, quer como intérprete) no âmbito da «captital europeia da cultura». Nesta recolha de entrevista, da qual que se disponibiliza uma parte neste acervo online, Jean Marc refere, entre outros aspectos, algumas das especificidades do instrumento musical ao qual tem dedicado mais tempo e estudo desde a criação do projecto musical OqueStrada. Não deixando de fora da sua visão tanto o modo como a contrabacia se relaciona com os outros instrumentos musicais em OqueStrada (a voz, a viola, a guitarra de Coimbra e o acordeão) ou com um estúdio de gravação.

 

© 2014 Jean Marc Pablo à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografias: Helena Silva

Recolha efectuada no espaço Tasca Beat em Alfama

 

 

 

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Eugénia Melo e Castro (Intérprete, Compositora, Letrista)

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Eugénia Melo e Castro (Intérprete, Compositora, Letrista)

90ª Recolha de Entrevista

Quota MS_00073 Europeana Sounds

 

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BI: Eugénia Melo e Castro é uma intérprete e compositora portuguesa nascida na Covilhã no ano de 1958.


Filha dos escritores E. M. de Melo e Castro e de Maria Alberta Menéres, cedo conviveu com poesia e, através das frequentes idas do pai ao Brasil e os discos que trazia, com o trabalho de inúmeros músicos brasileiros, alguns dos quais com quem curiosamente mais tarde, quando se profissionaliza na música, acabaria por trabalhar.


Conta nesta recolha de entrevista maior realizada em Junho deste ano, da qual disponibilizamos um excerto de cerca de cinquenta minutos no acervo online, que não só o seu pai como José Nuno Martins, primeiramente através de um programa de rádio da sua autoria, foram determinantes para o conhecimento e desenvolvimento do seu gosto por determinados repertórios e compositores-intérpretes, relembra que frequentou a London Film School, estudando cinema, e que entre os anos de 1977 e 1978 foi acumulando experiências como actriz de teatro, com o grupo Ânima (que fundou e onde desenvolveu trabalhos de poesia experimental encenada) e com o grupo de Teatro A Barraca. No cinema participou em filmes de Joaquim Leitão e Djalma Limonge Batista. Na televisão, como autora e produtora musical, compositora e apresentadora Eugénia deixaria também a sua marca ao receber no programa o mais vasto naipe de protagonistas da Música Popular. 


Da sua tentativa como realizadora de cinema, fotógrafa (fotografaria profissionalmente o escritor Gabriel Garcia Marques quando estudava na A.R.C.O.) aos convites para fazer filmes como actriz, passando pelo grupo de Teatro de Poesia Experimental que ajudaria a fundar, Eugénia circulou nos mais diversos espaços do domínio artístico.

Curiosa e com uma forte vontade que chamaria a atenção de diversos autores.
A partir da década de 1980, período em que começa a intensificar as suas parcerias, do ponto de vista autoral e vocal, com alguns dos mais consolidados músicos e autores brasileiros, como Tom Jobim, Chico Buarque, Simone, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Eugénia rasga e aproxima as fronteiras, do ponto de vista cultural e musical, entre Portugal-Brasil e assume-se como uma das figuras que nos anos de 1980 mais intercâmbio entre estes dois países possibilitou, assim como se vai afirmando no panorama musical brasileiro, muito embora a sua ''residência base'' fosse até hoje Portugal, como o denota o seu legado fonográfico todo gravado no seu país de origem.


Entre um conjunto de outros aspectos desvendados nesta conversa, explica algumas das histórias que foram envolvendo as suas relações não só com a gravação de discos em Portugal, o estúdio, os técnicos e empresários, como as mudanças a que mais tarde assistiu nesse meio: dos músicos que desempenhavam esse papel aos empresários que passaram a liderar as trocas de experiências e difusão entre autores e músicos.


No ano de 2007 Eugénia Melo e Castro seria distinguida com o prémio Qualidade Brasil pelo conjunto da sua obra musical, integralmente lançada no Brasil. E no ano de 2008 o seu programa de televisão Atlântico foi considerado um dos 50 melhores programas de sempre de televisão em Portugal, ocupando o 23º lugar. No ano de 2009 seria premiada como Dama da Ordem do Infante D. Henrique.


O seu relacionamento com a composição musical e a escrita de canções foi ganhando força ao longo dos anos, nesta recolha explica a importância de alguns dos compositores que admirava e com quem, fruto de grande persistência sua, passou a trabalhar e trocar ideias, as relações nem sempre pacíficas com as etiquetas que suportavam as obras musicais, as ânsias e aspirações que foi travando ao longo da sua afirmação no seio da cultura popular não só em Portugal como no Brasil, etc.


Do seu legado fonográfico fazem parte os seguintes trabalhos: Terra de Mel (LP, Polygram, 1982), Águas de Todo O Ano (LP, Polygram, 1983), Eugénia Melo e Castro III (LP, Polygram, 1986), Coração Imprevisto (LP, EMI, 1988), Canções e Momentos (Compilação, Polygram, 1989), Amor é Cego e Vê (LP, Polygram, 1990), Lisboa Dentro de Mim (CD, BMG, 1993), O Melhor de Eugénia Melo e Castro (Compilação, Polygram, 1993), Canta Vinicíus de Moraes (CD, Megadiscos/Som Livre, 1994), Eugénia Melo e Castro Ao Vivo Em São Paulo (CD, Som Livre, 1996), Eugénia Melo e Castro  Canta Vinicíus de Moraes (CD, Sony, 2000), Ao Vivo Em São Paulo (CD, Som Livre, 2000), A Luz do Meu Caminho (CD, MVM, 2000), Eugénia Melo e Castro.com - Duetos (Compilação, Eldorado, 2001) - Brasil, Recomeço (CD, Som Livre, 2001), Dança da LUZ - EDP - 2004 (CD), Motor da Luz (CD, Som Livre, 2001), "PAZ" - CD- Som Livre - 2004 // Universal - 2007, "DESCONSTRUÇÃO" - (2004) Duplo CD - 2007 - Universal, "POPORTUGAL" - CD - Universal - 2007, "DUETOS x 16 - CD - Atração / Brazilmusica 2009, as colectâneas: A música em Pessoa (1985) - Emissário De Um Rei Desconhecido, Bocage - O Triunfo do Amor (1998) - Liberdade, Songbook Chico Buarque (1999) - Tanto Mar (c/ Wagner Tiso), O melhor de Eugénia Melo e Castro - Universal 2004 e participações nos fonogramas de Sérgio Godinho - Pano Cru, Jorge Palma - Até já, Júlio Pereira - "Lisboémia" e "Fernandinho vai ao vinho", Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso, Fausto - "A Preto e Branco" e "Histórias de Viajeiros", Carlos Lyra - Carioca de algema, Sérgio Basbaum - Tanto Mais ou Fábio Tagliaferri - Pela manhã.

À data em que esta recolha foi realizada Eugénia Melo e Castro encontrava-se no processo de finalização de um CD infantil, baseado no livro "Conversas Com Versos" da sua mãe.

© 2014 Eugénia Melo e Castro à conversa com Soraia Simões, Perspectivas e Reflexões no Campo

Som, Pesquisa, Texto: Soraia Simões

Fotografia: Rodrigo Souza

Recolha efectuada em LARGO Residências

 

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