Com a presença de Soraia Simoes. O encontro Se a memória não me falha... é organizado em parceria pelo CHAM, Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas NOVA Lisboa, Universidade dos Açores, e pela Associação Teia D'Impulsos. Encontra-se enquadrado na terceira edição do FOrA – Festival da Oralidade do Algarve, mostra de património cultural imaterial do Algarve que decorrerá em Portimão e Alvor, Lagos entre os dias 10 a 14 de Maio.
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Iniciativas MSonoro 1
Soraia Simões estará a convite do IGOT (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa) nodia 21 de Abril neste seminário a falar do mais recente trabalho em torno dos primeiros passos do RAP em Portugal (1986-1996).
Apareçam.
A sessão de gravação ao vivo do Ciclo "Conversa ao Correr das Músicas" teve como convidada Viviane Parra. A mediação da conversa musicada esteve, como habitualmente, a cargo da investigadora Soraia Simões.
6ª Sessão/Gravação
21 de Maio de 2015
convidada: Viviane
acompanha de Tó Viegas
coordenação, condução: Soraia Simões
Fotografias: Alexandre Nobre
Imagem vídeo: Marta Reis
Som: Soraia Simões
Parceria: Associação Mural Sonoro, Museu da Música
6ª Sessão/Gravação
convidada: Viviane
acompanha de Tó Viegas
coordenação, condução: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva
Imagem vídeo: Marta Reis
Som: Soraia Simões
Parceria: Associação Mural Sonoro, Museu da Música
LISBOA
FEIRA DO LIVRO
APRESENTAÇÃO E DEBATE
6 de Junho de 2015
19h00
Uma iniciativa que decorreu na Feira do Livro de Lisboa
Foi apresentado o nº67 da revista Ler História dedicado ao tema das transformações culturais no pós 25 de Abril.
A apresentação da revista esteve a cargo da Professora Fátima de Sá (uma das editoras da revista LER História) e do Investigador Frédéric Vidal (editor da revista LER História, Investigador CRIA/ISCTE) e foi seguida por um debate sobre o tema "Música e Revolução. A Música Popular em Portugal no contexto das Campanhas de Dinamização Cultural e no PREC" com os intervenientes Carlos Guerreiro (Gaiteiros de Lisboa) e Manuel Rocha (Brigada Victor Jara, Direcção do Conservatório de Música de Coimbra) e a coordenação e organização de Soraia Simões (Investigadora IHC FCSH, Autora Mural Sonoro), Manuel Rocha (Músico, Professor, Director Conservatório de Música de Coimbra), Carlos Guerreiro (Músico, Professor, Gaiteiros de Lisboa)
Som: Cláudia Henriques
Edição: Soraia Simões
Fotografias: Alexandre Nobre
© 2015 Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Revista «Ler História», Letra Livre, Feira do Livro de Lisboa'15, Associação Mural Sonoro, Projecto Memórias da Revolução/IHC - FCSH («Os Sons da Revolução»)
no-re-use, free access
Mais informações no site do IHC - FCSH, aqui
*A segunda sessão deste ciclo realizar-se-á depois do dia 15 de Setembro, em data específica a anunciar durante esse mês e contará com José Mário Branco no painel.
A partir do mês de Junho (retomando em Setembro). As sessões, com vários intervenientes e músicos convidados, ocorrerão na Feira do livro de Lisboa, livraria Ler Devagar, FCSH, etc.
Excerto 5ª Sessão «Conversa ao Correr das Músicas» com Eduardo Paniagua
(1) No ''Conversa ao Correr das Músicas'', noite de 12 de Março no Museu da Música, em que estive com o músico e investigador Eduardo Paniagua, demonstrou-se que as dicotomias patenteadas ao longo dos tempos entre «baixa cultura» e «alta cultura», ''música popular contemporânea'' e ''música clássica antiga'' são sobretudo criadas no âmbito cultural para sustentar teses e/ou definições sociológicas, tecnológicas, económicas, normativas e negativas.
Já Middleton afirmava que nenhuma das teses que as colocavam em contraste eram sustentáveis, mas apenas pontos de vista de quem as vinculava. O que é isto, afinal, de uma Música que «faz parte da cultura de elites» e outra que «faz parte da cultura do povo», sendo a música dotada de uma maior compreensão quando abordada num campo cultural mais alargado, onde toda ela faz parte de uma indústria de produção e recepção?
Por outro lado, a 'complexidade' que a historiografia musical descreveu durante anos a respeito da música de tradição clássica, antiga ou erudita, a sua lógica e uso frequente de modulações, poucas repetições, a sua divisão em pequenas unidades, como períodos, movimentos ou fraseados, também pode ser encontrada em repertório dito popular no seio de tipologias musicais como o 'jazz' ou até a 'bossa nova'.
E se olharmos para este instrumento musical de nome «saltério», que Paniagua tocou na noite de 12 de Março, ele não tem características semelhantes a outros instrumentos de corda beliscada ou pulsada tocados na cultura popular?
(1) Soraia Simões, Investigadora (IHC/FCSH), Associação Mural Sonoro (Presidente de Direcção)
(3) José Félix (Comunicação Museu da Música), prospecto relativo à sessão
(4) Fotografias de Helena Silva na sessão ocorrida no Museu da Música
Pesquisa, Som, Texto: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva
(4)
(2) «Eduardo Paniagua é um dos músicos mais consolidados no contexto da música antiga e medieval.
Oriundo de uma família de grande tradição musical, é irmão de Gregorio Paniagua e Luis Paniagua, este último construtor de instrumentos para a própria família, mas também um reputado luthier dos melhores músicos de repertório similar, como por exemplo Jordi Savall.
Organização: Associação de Amigos do Museu da Música e Associação Mural Sonoro.
€7,5
+ RESERVAS E INFO: 217710990
EDUARDO PANIAGUA nasceu em 1952 e vive em Madrid. Combina a carreira de arquitecto com a de especialista em música da Espanha medieval.
Prémio Intérprete de Música Clássica 2009 da Academia de Música de Espanha, foi também nomeado para os prémios UFI (União Fonográfica Independente), Música Clássica em 2010, 2011 e 2012.
Começou a gravar álbuns com apenas 16 anos. Dos 20 que gravou até 1982 com o Atrium Musicae, destacam-se "La Folia", "La Spagna", "Música da Grécia Antigua."
É membro fundador dos grupos Cálamus e Hoquetus e especializou-se em música árabe-andaluz.
Em 1994 criou os grupos Música Antigua e Ibn Baya, para o trabalho sobre as Cantigas de Afonso X e a Música Andaluza, respectivamente.
Em paralelo fundou e dirige a editora Pneuma, com um total de 140 CDs editados, dos quais mais de 90 são do seu grupo musical: cantigas, trovadores, cancioneiros e música renascentista e pré barroca.
Entre 1995 e 1999 trabalhou para a Sony Classical, coleção Hispânica.
Actualmente é o Presidente da Fundação de Música Antiga.
Pelo seu trabalho em favor da convivência de culturas recebeu, em outubro de 2004, a Medalha das quatro sinagogas sefarditas de Jerusalém. Pela divulgação destas músicas inéditas vem recebendo excelentes críticas e prémios internacionais, tendo sido nomeado em 1997, 2000 e 2004, como Melhor Artista de Música Clássica nos Prémios da Academia de Música.
Realizou 7 exposições sobre instrumentos musicais, como por exemplo "Bisabuelos de una Orquesta" e "Instrumentos de la Edad Media".
Publicou livros como "Música Europea del siglo XV para el Órgano de papel de Leonardo da Vinci", "Los Cuatro Elementos y la Sociedad Red, Música", "Rumi e Ibn Arabí, La ciencia del Amor", "Ibn Gabirol, caballero de la palabra", etc.
Actualmente, Eduardo Paniagua desenvolve, com o grupo Música Antigua, o projecto de gravação das Cantigas de Alfonso X.
O grupo Música Antigua, liderado pelo músico, é composto por especialistas na música medieval espanhola. Integra cantores e instrumentistas espanhóis e convidados estrangeiros que se debruçam sobre projetos musicais e discográficos de três culturas que coexistem em Espanha: judaica, muçulmana e cristã.
Os seus trabalhos sobre a música andaluza e hispano-judaica tiveram excelentes críticas internacionais e o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional, pela sua qualidade e pela recuperação do património musical hispano medieval.
O trabalho que desenvolve com instrumentos cópia dos da época é essencial para a realização dos projetos musicais de concertos e gravações».
(2) Museu da Música, mais detalhes aqui
(3) José Félix (Comunicação Museu da Música), prospecto relativo à sessão
(4) Fotografias de Helena Silva na sessão ocorrida no Museu da Música
Desde o ano de 2012 que o LARGO Residências é parceiro da Mural Sonoro, de autoria de Soraia Simões de Andrade.
Mais de duas dezenas de recolhas sonoras foram realizadas em vários espaços do LARGO Residências entre o Agosto de 2012 e Outubro de 2014 , seleccionámos algumas delas para esta exposição que inaugura no dia 27 de Fevereiro pelas 20h30 com a presença da autora e estará patente até ao dia 13 de Março (informação LARGO Residências).
Convidamo-vos a estarem presentes na exposição com o título ''Mural Sonoro dois anos no LARGO'' que resulta de uma parceria que mantive durante dois anos (2012 - 2014) com o LARGO Residências.
«Vária recolhas de entrevistas que realizei durante este tempo maioritariamente neste espaço a músicos, compositores, construtores de instrumentos, estarão disponíveis em vários pontos de escuta com pequenos textos que criei para este âmbito, assim como algumas projecções de vídeo. Agradeço ao LARGO do Intendente e em especial à Marta Silva pelo convite» [Soraia Simões de Andrade].
Fotografias de Augusto Fernandes (Retina Esquerda)
O evento, para mais detalhes, como horário e dia da inauguração, aqui.
INFO MUSEU DA MÚSICA
Quinta-feira, 22 de Janeiro, às 21:30
Estação do Metropolitano Alto dos Moinhos - Rua João de Freitas Branco, 1500-359 Lisboa
O Ciclo «Conversa ao Correr das Músicas» da Associação Mural Sonoro em parceria com o Museu da Música regressou ao Museu na noite de dia 22 de Janeiro com um novo convidado, o músico e compositor brasileiro Fred Martins.
Fred Martins nasceu no Rio de Janeiro, mas vive actualmente em Santiago de Compostela. O seu trabalho foi grandemente influenciado pela música popular brasileira, o samba e a bossa nova. Transcreveu, para os conhecidos Songbooks de Almir Chediak, partituras de compositores como Chico Buarque, Noel Rosa, Tom Jobim, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Compôs para nomes como Renato Braz, Ney Matogrosso, Maria Rita e Zélia Duncan.
Prepara-se para lançar o seu próximo álbum a solo, que reflecte os seus 20 anos de carreira e que apresentou de igual modo ao longo desta conversa.
Mais uma vez, além das canções interpretadas, falou-se, atravessando o percurso do convidado, dos temas, versões e noções musicais que se escondem por trás de alguma da obra musical.
A mediação da conversa musicada esteve como habitualmente a cargo da investigadora Soraia Simões.
O Ciclo "Conversas ao Correr das Músicas" originará uma colecção de vídeos documentais realizados pela Associação Mural Sonoro.
Poster da Sessão da Autoria de José Félix
Ciclo «Conversa ao Correr das Músicas» 4ª Sessão. Gravação: 22/01/2015
Parceria Associação Mural Sonoro/Museu da Música
Condução: Soraia Simões
Convidado: Fred Martins
Imagem: Carlos Gomes
Cameras: Carlos Gomes e Marta Reis
O Ciclo ''Conversa ao Correr das Músicas'’, da Associação Mural Sonoro em parceria com o Museu da Música, teve como convidada na Sessão da noite de 14 de Novembro a brasileira Luanda Cozetti, acompanhada do baixista Norton Daiello , que com ela forma o grupo Couple Coffee.
A mediação da conversa musicada esteve como habitualmente a cargo da investigadora Soraia Simões. Mais uma vez, além das canções interpretadas na voz e no baixo, falou-se, atravessando o percurso da convidada, além dos temas, versões e noções musicais que se escondem por trás de alguma da obra musical, em que medida a convivência com a situação de exílio dos pais foi determinante na escolha de algum do seu repertório musical e na sua perspectiva como indivíduo e como música.
O Ciclo "Conversas ao Correr das Músicas" originará uma colecção de vídeos documentais realizados pela Associação Mural Sonoro
Ouça aqui um excerto da primeira sessão, com o músico e compositor brasileiro Ivan Lins:
Assim como a recolha de entrevista realizada à intérprete para o Arquivo e Documentação Mural Sonoro.
Produção: Associação Mural Sonoro
Parceria: Museu da Música
Pesquisa, Apresentação, Condução: Soraia Simões
Fotografias: Helena Silva
Cameras: Marta Reis, Carlos Gomes
Partindo da ideia «A música Comprometida com uma realidade social», abordada por José Mário Branco no decorrer de uma conversa registada para este trabalho, juntou-se um ciclo de três debates com agentes distintos para discutir respectivamente os temas: «Músico Profissional que Futuro?» (Fernando Girão, Tozé Brito, Carlos Barretto, Fevereiro de 2013), «Música e Sociedade» (José Mário Branco, Sebastião Antunes, Maio de 2013), «Música e Política» ( Ruben de Carvalho, Manuel Rocha, 24 de Maio de 2014) e uma palestra sob o título (em jeito de pergunta retórica) «Estará a Música Popular sempre comprometida com uma realidade social?».
Destas sessões de entrada livre registadas para o Arquivo, que justificaremos no fim do ciclo confinado a esta directriz de base, salientam-se para já as seguintes questões e noções levantadas:
A tentativa de explicar os discursos contidos em domínios musicais no âmbito da cultura popular, a forma como estes se organizam à luz de determinados valores que enformam as suas práticas, se representam nas suas músicas e textos, abrem por si mesmo espaço para a discussão acerca da cultura em geral e da prática musical em concreto na sociedade portuguesa.
As relações quer de poder como de proximidade e distância impressas pelos grupos sociais no seio da Música Popular[0] revelam indícios sobre os valores a negociar e os elementos contrastantes com a ordem social. Como acontece, de um modo explícito, com as designadas «músicas de protesto» ou com o «rap» ou de um modo implícito com músicas onde o recurso à metáfora em períodos socialmente, economicamente e politicamente fracturantes é intenso.
«Uma canção de amor pode ser uma canção de protesto (…) a luta que faço é uma luta por amor ao meu povo, porque eu quero ver os meus amigos bem, os meus filhos a crescer num mundo melhor (…) na melhoria, na melhoria», diz o rapper Chullage[1].
Paulo de Carvalho celebrizou o tema que seria usado por João Paulo Diniz na rádio no momento em que a ‘’Revolução de Abril’’ acontecia «E depois do Adeus», com música de José Calvário e letra de José Niza, tema com o qual o intérprete ganharia no ano de 1974 o Festival RTP da Canção, apesar de para este músico, longe de imaginar «no uso que iria ser dado a esta cantiga», o «cantor da revolução ser José Afonso, eu se estou na história é por acaso», assevera numa das nossas longas conversas no decorrer do trabalho publicado a 18 de Outubro de 2012 [2], ainda que para si «Uma canção de amor pode ser de protesto». Tanto o seu trabalho de compositor como as interpretações a que ficou ligado acabam por clarificá-lo em, a título exemplificativo, «Com uma Arma e uma Flor», «Quando um Homem Quiser» que interpretou ou «Recado para o Chico» de 1977 que representa uma resposta sua à canção «Tanto Mar» de Chico Buarque de Hollanda escrita em homenagem à ‘’Revolução dos Cravos’’.
«A música nunca inventou a política, é a política que inventa a música» diz José Mário Branco[3]. Mas, estiveram as perspectivas «neoliberais», os discursos dominantes, os agentes de promoção e difusão da música que foi sendo feita em Portugal, especialmente na viragem da década de 1980 para a de 1990, receptivos para a apreensão de um discurso diferente, uma música que se distanciava de uma retórica monolítica, ou de uma música atenta e crítica ao panorama social? «Quando eu estive na Polygram e na BMG, na função de A&R, eu tinha de ter música que vendia senão fechava a companhia (…) mas naqueles anos 80 o facto de ter discos que vendiam davam-me obrigação moral de gravar outros que eu sabia que apesar de bons músicos não venderiam tanto comparativamente com outros que vendiam muitíssimo bem (…) eu sabendo que o António Pinho Vargas era o músico brilhante que era vendia muito pouco, mas tinha obrigação de o gravar», diz-me Tozé Brito[4]. O facto de ter alguns nomes nessa companhia discográfica que vendiam permitia que outros que não eram tão conhecidos pudessem ser lançados reflecte o seu comentário, mas será que esse papel agregador, assumido pela indústria fonográfica, das «minorias» que à partida não iam vender terá sido claro para outros autores? José Mário Branco, que teria os primeiros discos de autor apoiados em pré-venda pelos movimentos associativos de emigrantes em França refere-se ao facto de «quando mostrei o ‘Ser Solidário’[5] ao Tozé Brito ele disse-me que já lá tinha um Sérgio Godinho» o que deixa antever um outro aspecto: o de que com a velocidade que a música foi sendo gravada («porque tinhas de ter um produto sempre novo no dia seguinte» diz Paulo de Carvalho a respeito do papel da indústria fonográfica no seu percurso primeiro como intérprete e depois como intérprete e compositor) e difundida nos anos de 1980 muita coisa terá ficado pelo caminho.
As relações de contacto e afastamento, do contornar a indústria cultural num processo delimitador frequente que tem na sua essência a fixação primeira de interesses económicos e posteriormente culturais é também uma relação com os públicos e as sociedades[6]. Se o «modo pelo qual uma sociedade ensina a sua música é um factor de grande importância para o entendimento daquela música» (NETTL,1992: 3), o modo pelo qual a música explica a sua sociedade é de grande importância para o entendimento daquela sociedade.
As abordagens e estudos da música como cultura cingem-se a uma não separação da música e sociedade.
No universo académico e de investigação, se por um lado longe parecerá que está o tempo em que no contexto das músicas de cariz tradicional, entre países com ligações à Europa e ao resto do mundo o conceito de mudança representou uma ameaça para a Etnomusicologia, onde se imaginava que o papel da música não ocidental era estático e o papel do investigador era preservá-lo sem questionar as mudanças socais, atitude que negligenciou uma série de comportamentos e mudanças nas músicas de todo o mundo (na primeira metade do século XX, para vários investigadores antes dos anos de 1950, na sua maioria oriundos de uma cultura que colocava a música erudita num patamar distante e superior olhava-se com desconfiança tanto para as suas origens como para as músicas cujos contextos de transmissão e mudança eram recentes, devido não só à presença das rádios e editoras discográficas como das próprias mudanças culturais e extensão de metrópoles pluriculturais [7]), por outro lado a partir da segunda metade dos anos de 1980 que cresceu o número de teses e abordagens sobre práticas culturais em contexto urbano oriundas de outros pontos geográficos. As redefinições do papel da cidade e da sua ligação a novas culturas passou a fazer parte dos currículos académicos a uma crescente velocidade, tal qual a mutabilidade dessas culturas e do contexto novo que as recebe, com políticas para a promoção da interculturalidade que têm sido tão aplaudidas como severamente criticadas.
No universo de disciplinas ou áreas de estudo como a sociologia, antropologia social, estudos sobre música popular em contexto migratório aspectos como «gentrificação urbana», «políticas interculturais», «relações de paridade no universo da ‘lusofonia’» e o próprio conceito de «lusofonia» têm gerado o mais diverso tipo de argumentos e controvérsias assim como um leque variado de opiniões desiguais entre intervenientes da música, incluindo a actividade cultural relacionada com algumas práticas tradicionais de países diversos espalhados por cidades um pouco por todo o mundo, e o discurso veiculado pelos meios de comunicação convencionais de massas [8].
A abordagem dos acontecimentos políticos, culturais e de indústria considerados relevantes, das suas práticas e repertórios musicais num determinado período e espaço geográfico e dos seus agentes têm sido os assuntos abordados no decorrer destes encontros de entrada livre, que têm contado com a presença de investigadores, músicos e autores, produtores e agentes discográficos.
[0]«Música Popular» é um conceito alargado que congrega todos os domínios musicais num contexto urbano, de gravação, de espectáculo, com públicos. Grande parte da música que conhecemos é popular. A não ser que seja feita para não estar em cima de um palco, não passar no cinema, na rádio, nos fonogramas (EP, single, LP, CD), não ser veiculada em quaisquer plataformas a que os públicos, comunidades, sociedades diversos tenham acesso.
Os Popular Music Studies, para nós Estudos de Música Popular, têm maior força a partir da década de 1980, mas a Música Popular existe desde que existe gravação sonora. Embora ela também existisse e exista tanto escrita como ágrafa. Seja no «swing», «jazz», «rap», no «fado», no «pop-rock» ou qualquer outro domínio ou género. Assim, quando alguém no âmbito comunicacional exprime na ligação de uma ideia, que é comum aliás, «o 'jazz' e a música popular» ou «o fado e a música popular» não faz sentido, porque estes domínios são também populares. Todos estes domínios na verdade o são. As elites que os formam é que são tratadas pela recepção musical de modos diferentes. É o papel da recepção, não o do interveniente na música, que cria tal confusão. «A gravação sonora está para a Música Popular, em qualquer um dos domínios que conhecemos, como a partitura está para a erudita» é uma afirmação também discutível, porque a gravação sonora atravessou já os dois universos. Presentemente não faz, dita assim, sentido. Por outro lado, esta confusão que considero propositada levar-nos-á sempre à interminável discussão de uma «alta» e «baixa» cultura e dos códigos assimilados superficialmente dessa discussão por alguma da recepção. A Música Popular, o conceito em si, passa a ser mais significativo com a gravação porque simplesmente é ela que 'multiplica' as obras, as leva às pessoas, até porque a partitura limitava quem não sabia ler música. Hoje, no campo da «música improvisada e contemporânea» são usados nos processos de aprendizagem tanto um como outro método: quer o disco, o suporte sonoro, como a pauta. Na entrevista feita ao músico e compositor Filipe Raposo (disponível em arquivo) isso fica patente. Se (ou) virmos as composições de José Luís Tinoco no âmbito de uma Música Popular e o seu discursar sobre eles, (em arquivo Mural Sonoro) atentaremos outro aspecto: ela tinha características de «música clássica» muito embora ele não lesse música e se inspirasse incialmente nos discos de musicais americanos.
[1] Recolha de Entrevista, Julho de 2012, Arquivo Mural Sonoro, disponível online
[2] «Passado Presente. Uma Viagem ao Universo de Paulo de Carvalho», Simões, Soraia, Chiado Editora, 2012
[3] Recolha de Entrevista, Maio de 2013, Arquivo Mural Sonoro, disponível online
[4] Recolha de Entrevista, Outubro de 2012, Arquivo Mural Sonoro, disponível online
[5] Sessão de Debate «Música e Sociedade», Maio 2013, Museu da Música, disponível online, Secção ‘Iniciativas Mural Sonoro’, portal: muralsonoro.com
[6] Vargas, António Pinho, « A ausência da música portuguesa no contexto europeu: uma investigação em curso», Revista Crítica de Ciências Sociais, 2007
[7] Edgar Morin, p.26. 24, Cultura de Massas no Seculo XX
[8] Cidade: palco de cultura e comunicação, espaço de reflexão sobre turismo, Denise da Costa Oliveira Siqueira - UERJ, Euler David de Siqueira - UFRJ
Informação Museu da Música: A Sessão do mês de Março no Museu tem como tema: Cante alentejano: a adaptação na música popular, o discurso sobre as identidades e o território
Sessão de Março Mural Sonoro no Museu da Música
Intervenientes: Janita Salomé José Francisco Colaço
Moderação da Sessão : Soraia Simões de Andrade
Fotografias: Helena Silva
Com os Engenheiros de Som, Produtores, Formadores e músicos Fernando Abrantes e Tó Pinheiro da Silva
Esta sexta no Museu da Música pelas 16h Soraia Simões esteve à conversa com os António Pinheiro da Silva e Fernando Abrantes.
A primeira parte desta sessão de cerca de uma hora andou em torno do esclarecimento de questões como: o Midi, o seu surgimento, o que significa, para que serve esta ferramenta em conjunto com um computador com software Midi, como evoluiu da era dos gravadores multipista analógicos até à era digital com sequenciadores Audio/Midi, os problemas e as formas de funcionamento nas eras analógica e digital. 0s dois intervenientes fIzeram demonstrações da implementação de algumas das ferramentas no âmbito da música popular que por eles foi produzida em Portugal nos últimos anos. Em discos e temas específicos.
Na segunda parte da Sessão falou-se do Estúdio como outro Instrumento Musical. Houve exemplificações de António Pinheiro da Silva (utilização midi/masterização, apresentação de exemplos em pistas, apresentação de trabalho/gravação em que os processadores são/substituem os instrumentos de uma Orquestra Sinfónica) e Fernando Abrantes (implementação de novas ferramentas e instrumentos no tema ''O Cacilheiro'' de José Carlos Ary dos Santos e Paulo de Carvalho).
Demonstrações de midi, explicações do seu surgimento, de como se usa e para que serve esta ferramenta em conjunto com um computador com software midi, dos problemas de funcionamento assumidos nas eras analógica e digital, acerca do processo evolutivo da era dos gravadores multipista analógicos até à era digital com sequenciadores Audio/midi, estiveram assim na base desta sessão e registo para arquivo.
*As Sessões do Mural Sonoro que acontecem desde Janeiro de 2013 no Museu da Música estarão, a partir de Setembro, disponíveis na Fonoteca do Museu da Música. Excertos de algumas Sessões e pequenos textos serão publicados nesta área deste Portal.
Para estar a par dos temas e intervenientes de cada uma destas Sessões durante o presente ano pode-se consultar não só a área Iniciativas Mural Sonoro como o Portal do Museu da Música.
31 de Janeiro de 2014
Autoria, Pesquisa e Moderação de Soraia Simões
Imagem de Marta Gonçalves
Som, Montagem: de Paulo Lourenço
Fotografias da Sessão de Helena Silva
Dia 26 de Janeiro regressou o *Ciclo, que resulta da Parceria entre o Projecto Mural Sonoro e A Muralha: Conversas em Volta da Guitarra
Outras Literaturas para Fado com Manuela de Freitas (A Comuna) e José Luís Gordo (Senhor Vinho)
Estação do Metropolitano Alto dos Moinhos – Rua João de Freitas Branco, 1500-359 Lisboa
*Tema “Música Popular, Ensino e Experimentação”
Intervenientes:
Maria João Magno (Projecto Tigelafone, formada em Ciências Musicais);
Victor Palma (Coordenador dos Serviços Educativos do Museu da Música, músico).
Moderadora: Soraia Simões
*As Sessões do Mural Sonoro que acontecem desde Janeiro de 2013 no Museu da Música passam a estar disponíveis a partir de Setembro de 2014 na Fonoteca do Museu. Excertos de algumas Sessões e pequenos textos serão publicados nesta área deste Portal.
Mantenham-se a par dos temas e intervenientes de cada uma destas Sessões durante o presente ano não só na área Iniciativas Mural Sonoro como no Portal do Museu da Música e apareçam para assistir que a entrada é gratuita.
O espaço social que as músicas populares ocupam na sociedade portuguesa não é bem definido. Se nos disponibilizarmos a uma abordagem aprofundada reparamos que é ambivalente e contraditório o processo assumido ao longo dos tempos pelas práticas musicais.
Por via de trabalhos individuais e colectivos foi-se ressalvando a importância de uma Música Popular através de canções significativas, de acervos com enfoque nas tradições orais, no inter-relacionamento entre as abordagens científicas e as humanísticas, mas também na hierarquização das práticas musicais como um objecto social e ideologicamente construído, na enfatização e relevância do passado histórico e colonial e do presente ligado a uma ”perspectiva urbana” em si mesma e ”uma perspectiva urbana sobre a ruralidade”.
O papel da Música Popular nos diferentes aspectos da vida em sociedade, a sua ubiquidade, com as suas significâncias – políticas, económicas, ideológicas, éticas – contribuiu para a ideia de uma maior democratização das manifestações culturais e a expressividade das várias músicas populares na inscrição na vida social como um expoente máximo dessa ‘democratização’.
(José Mário Branco - fotos de Helena Silva)
(José Mário Branco, Soraia Simões de Andrade, Sebastião Antunes - foto de Helena Silva)
(fotos de Augusto Fernandes)
Sábado, 26 de Janeiro de 2013
«Culturas Documentadas»
15h Eduína Vaz com exposição de fotografia 'Culturas Cabo-Verdianas'
16h Mário Correia com 'Recolhas, Património Imaterial', Terras de Miranda e Sendim, Aurélio Malva (músico Brigada Victor Jara)
17h Nataniel Melo com 'Viagem pela Cultura de um Povo' (viagem ao Senegal) Apresentação de filme documental
Parceria: Museu da Música e Projecto Mural Sonoro
Tema: Culturas e práticas documentadas em contexto migratório na cidade de Lisboa
Apresentação trabalho de investigação: Soraia Simões
Narração e Texto: Soraia Simões
© 2013 Mural Sonoro no Museu da Música
Primeira Sessão Mural Sonoro no Museu da Música em 2013.
Sábado, 26 de Janeiro a partir das 15h
Culturas Documentadas
15h Eduína Vaz com exposição de fotografia 'Culturas Cabo-Verdianas'
16h Aurélio Malva, Uma Experiência na Música Tradicional de um Músico da Brigada Victor Jara
17h Nataniel Melo com 'Viagem pela Cultura de um Povo' (viagem ao Senegal) Apresentação de filme documental
Autoria: Mural Sonoro
Parceria: Museu da Música
Apresentação: Soraia Simões
Video 2:
1ª parte da 1ª sessão do Mural Sonoro no Museu da Música
Exposição de Eduina Vaz que retrata o 'Kola San Jon' e a prática do batuque no Bairro Cova da Moura